Crítica: Aprofundamento de personagens se destaca no 1×04 de Sharp Objects

Review do quarto episódio de Sharp Objects, "Ripe".

Imagem: HBO/Divulgação
Imagem: HBO/Divulgação

Episódio foi um dos melhores da série até aqui.

Para quem estava achando Sharp Objects um tanto parada precisa dar o braço a torcer para este episódio, que avançou através de pequenos detalhes na trama da série.

Talvez este seja o principal problema apontado pelo público que não leu o livro e que está se sentindo um pouco perdido na trama. A condução da série pode estar pecando neste quesito, uma vez que o show é adaptado pensando no público que justamente não tenha lido a obra. De qualquer forma, a série vem sendo um presente para os fãs da trama de Gillian Flynn.

Neste quarto episódio, Camille descartou teorias, mas também permitiu que o público adentrasse mais em sua personalidade, fazendo com que as relações em sua volta explicassem um pouco mais da trama.

Garota não convencional!

Que Camille e Richard iriam ter algo, estava na cara! Se foi a “intuição” do detetive apitando, propositalmente, não sabemos. Mas que havia uma tensão sexual, de fato havia. A meu ver, Richard se aproximou de Camille para obter informações. Ele precisa conquistar a confiança dela e não será nenhum envolvimento romântico que irá sobressair de seu verdadeiro trabalho: descobrir quem matou Ann Nash e Natalie Keen.

Consentindo uma troca, em que Camille mostrava “pontos de assassinato” de Wind Gap por informações oficiais, a jornalista mostrou que não é uma garota convencional. Portanto, eles nunca formarão um casal convencional.

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É interessante que a direção da série bata na tecla que os dois possuem um propósito e que, mesmo na hora de um sexo no meio da floresta, eles se relacionam com os assassinatos em questão. Seja por transarem em frente a uma cabana suspeita, ou ao ver uma aranha que remete aos tempos jovens de Camille, mas também da paixão de Natalie por aracnídeos. É essa conexão que torna o texto e, principalmente, a direção de Sharp Objects interessante.

Outra conexão importante, relacionada com Camille, foi em relação a Adora. Reparem que, mesmo em segundos, a série quer falar com o espectador. Notaram como um flash de um vaso sanitário apareceu, no meio de uma conversa entre Camille e Adora? Esse flash ligou-se ao episódio passado, que mostra Camille arrancando um parafuso do vaso para se cortar. Logo, Adora é colocada como o grande motivo para a jornalista mutilar o seu corpo. Grande sacada da direção, que me encheu os olhos.

Esquisitos até demais…

O que achei interessante neste episódio é que eles entenderam que precisam explicitar algo. E há alguma coisa estranha em Wind Gap. Para mim, tanto Richard quanto o Xerife possuem informações avançadas do caso, mas eles estariam segurando para que nada fosse vazado. Isso se aplica ao público. O roteiro não quer entregar nada da investigação e por isso, em certo ponto, a trama parece não andar.

Mas é no aprofundamento dos personagens que a trama entregou detalhes interessantes neste quarto episódio. O próprio destaque no Xerife Bill, para mim, é algo a se pensar. Por que ele tanto quer parecer fazer que a investigação não está andando? E por que ele foi até Adora para falar que ela tem uma filha perigosa e outra em perigo? A meu ver, isso tudo é indícios de que ele esconde algo. Até mesmo no sentido de encobrir. Ele teria descoberto a identidade do assassino e estaria encobrindo por ser alguém local?

Isso nos leva a John Keene. O fato dele ser estranho e choroso já está sendo repetitivo. E sua função na trama estava, até agora, para ser o alvo de indícios que seria ele o assassino. Mas tivemos algumas intrigas em torno de seu personagem, uma em forma de pergunta e outra em forma de revelação.

Vimos uma mancha de sangue no carpete do quarto de John. Seria apenas sangue de porco, referente ao seu trabalho, ou DNA da sua irmã morta? A série jogou com aquilo para despertar a curiosidade do espectador, mas logo em seguida ela tenta desconstruir essa teoria e colocar de vez que John não é o assassino. Essa revelação vem em uma conversa com Camille, quando ele conta detalhes da vida da irmã antes de chegar em Wind Gap, e de como ela era brigona com Ann. Essa ingenuidade, sobre as informações, é o que entrega sua inocência – em minha opinião.

O detalhe vem quando ele também revela que apenas Amma conseguia separar ela, e Camille então se desperta: como ela não sabia, até agora, que sua irmã era próxima às garotas que estavam mortas?

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Inserindo elementos importantes como a cabana esquisita, o reflexo da relação de Adora com sua mãe para o relacionamento dela com Camille, com destaques para personagens apagados até então, o episódio termina com a jornalista achando que sua irmã poderá ser a próxima vítima do assassino.

Há um indício de que possa a ser a mesma pessoa que cometeu os crimes, assim como há dúvidas de que alguém possa ter replicado o assassinato de Ann. De qualquer forma, quando Richard e Camille chegaram a conclusão de que quem matou as garotas era uma conhecida das duas meninas. Isso leva a crer que a pessoa também pode ter uma relação com Amma.

Suspeitos? Eu, certamente, começo a pensar que possa ser Adora a assassina. Isso explicaria o fato de Amma ser a única garota viva, dentre as três. Teria Adora coragem para matar a própria filha?

O final do episódio foi um tanto eletrizante, com Camille procurando Amma e imaginando que aquela altura ela possa estar até mesmo morta. Sharp Objects pode ter se tornado uma série de nicho, mas pra mim está sendo muito bem conduzida e conseguiu alcançar um ápice bom da história neste quarto episódio. A história engrenou, e mal posso esperar para que mais revelações sejam feitas na trama!

Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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