Crítica: New Amsterdam está no limite no episódio 1×05

Review do episódio "Cavitation", da primeira temporada de New Amsterdam, do canal NBC.

Max e a equipe lidam com erros no episódio "Cavitation".
Max e a equipe lidam com erros no episódio “Cavitation”. Imagem: NBC/Divulgação

“Uma bala rasgou New Amsterdam…”

Mais uma vez, New Amsterdam entregou um episódio intenso e repleto de emoções. Além disso, pudemos ver nuances de personagens ainda pouco explorados, como Iggy e Kapur.

A trama principal girou em torno de duas crianças baleadas, Jalen e Malik. Em paralelo, vimos as histórias de Max, Helen, Kapur e Iggy ganharem profundidade. Em um ambiente de tensão e pressão sobre os profissionais do hospital, o elenco novamente entregou boas atuações e mostrou o potencial da série.

Max novamente dá o fio da meada

Assim como em outros episódios, Max assumiu o papel de conduzir a trama entre os diversos personagens. Apesar de sua história não estar no centro, a atuação dinâmica de Ryan Eggold faz com que o protagonista esteja sempre presente.

Em sua trama pessoal, vimos Max lidando com sinais do tumor, com a garganta obstruída, como se estivesse rouco. Foi interessante ver tanto sua tentativa de contornar a situação com seus companheiros, tanto chamando o tumor de “nutella” quanto sendo evasivo a cada pergunta sobre sua rouquidão.

Porém, mais interessante ainda foi ver ao fim do episódio sua aceitação do diagnóstico, pois a Nutella não se espalhou.

Da mesma forma, foi bastante positiva a participação de José Zuñiga como o jornalista Lou Alvarez. Além de dar o drama e tensão necessário ao transcorrer do episódio, parecendo uma ameaça, o personagem serviu de interlocutor para Max. Além disso, Lou fez o papel de nós, espectadores, caso estivéssemos vendo aquela bagunça ocorrendo no hospital.

Porém, ainda não entendi o porquê do roteiro explorar vários interlocutores para Max, menos Dora, que ainda possui somente participações pontuais. Quem conhece o trabalho de Zabryna Guevara sabe do desperdício que está sendo feito.

Conhecemos as famílias de Kapur e Iggy

A dupla Iggy e Kapur tem sido uma das boas surpresas desse começo de série. Primeiramente, por conta da ótima e divertida interação dos personagens, mas também pela forma como suas histórias pessoais puxam uma a outra.

Neste episódio, o neurologista e o psiquiatra não atuaram juntos, mas exploraram o mesmo tema: família. Por um lado, Kapur encontrou seu filho, anunciado há dois episódios.

Esse encontro foi marcado por um claro desconforto entre os personagens, e por revelações importantes: a esposa de Kapur faleceu; seu filho tem problemas com álcool; ambos se culpam por traumas do passado.

Por outro lado, Iggy mencionou pela primeira vez sua família, repetindo algumas vezes os planos de jantar com seu marido e falando sobre seus filhos. Além de acrescentar carisma ao personagem (quem adota  merece todo o carisma do mundo!), o aprofundamento do personagem permitiu criar uma ótima subtrama com a tia de Malik.

A cada episódio, Iggy e Kapur mostram mais potencial em suas próprias histórias, e como parte da equipe.

A (des)construção de Helen continua

Quem acompanha essas reviews já sabe de como tenho elogiado a subtrama de Helen Sharpe. Além de fornecer alguns momentos emocionantes, a desconstrução da personagem tem sido uma viagem ótima.

Neste episódio, vimos seu desejo por ser mãe, e a frustração ao saber das dificuldades para conseguir sua vontade. Paralelamente, vimos a personagem ainda mais envolvida no cotidiano do hospital, auxiliando seus colegas, apesar do resultado ruim ao final.

Vale chamar a atenção que, logo neste episódio, tivemos a primeira interação entre Helen e Reynolds. Logo ele, que defende a ideia de relacionamentos sérios somente com mulheres negras. Pode ser teoria infundada, mas acho que há uma sugestão de relacionamento por aí.

No mais…

Ao fim do episódio, tivemos a infelicidade da morte de Jalen, como parte de um pequeno twist, já que Malik parecia em piores condições. A história dos garotos foi caminho para discutir a violência urbana, principalmente contra pobres, latinos e negros.

É revigorante ver como a série toma posicionamento em temas importantes e polêmicos nos EUA, e que têm impacto em outros países, a exemplo do Brasil. A cena do irmão de Jalen cercado por policiais, considerado uma ameaça, transmitiu a angústia e o medo da suspeição que sofrem tantas pessoas enquadradas pelo preconceito em vários países.

Nesse sentido, a participação de Lou também foi fundamental para trazer à tona que, a despeito da tragédia, os interesses escusos trabalham por trás do incidente para promover agendas próprias.

Além de apresentar uma história bem amarrada e instigante, New Amsterdam cumpre seu papel ao trazer temas sociais polêmicos e que precisam ser discutidos. Em tempos de tanta violência e intolerância, a fala final de Helen ganha o tom de mantra:

“A única forma de derrotar a morte é a vida”

Sobre o autor
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Luiz Alves

Historiador, pesquisador em saúde, fã de histórias em quadrinhos e jogador de RPG de longa data. Adoro sitcoms de Seinfeld a Brooklyn Nine-Nine, cresci vendo dramas como House, e me apaixonei pelo suspense de Hannibal e a fantasia de Penny Dreadful. Escrevo no Mix desde 2017, fazendo reviews de séries baseadas em quadrinhos, dramas e outras por aí. Atualmente, faço as reviews de New Amsterdam.

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