Crítica: Sex Education, série da Netflix, é importante e necessária ao público

Crítica da primeira temporada de Sex Education, série da Netflix.

Imagem: Netflix/Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Série se mostra divertida ao falar sobre sexo na juventude

Sex Education chegou ao catálogo da Netflix sem muito alarde. De vez em quando surge alguma produção sem um marketing muito dedicado e acaba se tornando uma grata surpresa – o que é o caso desta série.

A trama segue a já conhecida receita para produções adolescentes da gigante do streaming. Quem conhece o catálogo da Netflix pode facilmente identificar semelhanças em sua estrutura, com personagens carismáticos e de fácil empatia (alou, Stranger Things). Além disso, soma-se uma trilha sonora nostálgica e tramas reais (alou, Everything Sucks, On My Block). Ou até mesmo as situações sexuais mais constrangedoras (Big Mouth).

Todas essas semelhanças não tornam a nova produção da Netflix um plágio, ou mais do mesmo. Pelo contrario, é uma série extremamente relevante para uma geração que segue em conflito sobre sua identidade sexual, autoconhecimento e crises de relacionamentos. Ao mesmo tempo, também é um ótimo exercício para os pais sobre como lidar com a criação de seus filhos, um território que não é só feito de acertos. São essas características que tornam a série necessária para o público.

Terapeuta High School

Como o nome já sugere, Sex Education faz alusão às aulas de educação sexual que muitos tiveram na escola. Aquele momento constrangedor de ver nos livros as fotos dos aparelhos reprodutores, masculino e feminino proporcionando risadas incontroláveis.

Dessa forma, seguimos a vida de Otis (Asa Butterfield, Enders Game e O Lar das Crianças Peculiares), um jovem desajeitado que é inexperiente sexual e sentimentalmente falando. Entretanto, ele meio que aprende por osmose as percepções sobre os problemas sexuais dos outros graças a sua mãe, Jean (a incrível Gillian Anderson, de Arquivo X e American Gods) uma terapeuta sexual divorciada.

Ele tem Maeve (Emma Mackey) por perto, uma garota durona que sofre tanto por ser pobre e sem família, como por fazer sexo sem compromisso. Após ajudar um dos alunos, Otis é incentivado a abrir sua “clinica” na escola para ajudar seus colegas. Os conselhos de Otis não impõe regra, pressão ou constrangimento, que em uma conversa com os pais certamente ocorreria. Ele procura direcionar seus “pacientes” a fim de entenderem seus próprios desejos e relacionamentos. No final das contas, ele é bem sucedido em sua função de terapeuta.

As tramas dos personagens se desenrolam de forma natural, apresentando situações que qualquer um pode ter vivido ou esteja vivendo. Tudo isso torna a identificação com os personagens mais simples. Cada um possui sua própria identidade, experiências e ansiedades. É claro que passar por essa fase seria difícil, por isso as relações são muito bem construídas.

Imagem: Netflix/Divulgação

Desmistificando o sexo de forma descontraída

A diversidade dos personagens é um dos grandes acertos da série. E uma das dinâmicas que chamam a atenção é a amizade de Otis e Eric. O primeiro, um jovem hétero, virgem e desajeitado e o segundo, um negro de família religiosa e abertamente gay. Isso é um tapa na cara de muita gente que olha uma amizade dessas com preconceito. Ainda há espaço para jovens com problema: há um bem dotado, um casal de lésbicas que buscam encontrar o prazer juntas, uma garota com problemas em descobrir seu próprio prazer, entre outros.

O roteiro, através desses variados tipos de pessoas, tenta desconstruir com muito humor o tabu do sexo e do descobrimento do próprio prazer. Otis, por exemplo, apesar de dar conselhos e faturar uma grana com sua clinica clandestina, é virgem. Além disso, tem dificuldades em se tocar e descobrir seu próprio prazer.

Sex Education seria negligente se não trouxesse o debate sobre grandes problemas e crises enfrentadas por qualquer um na fase da adolescência. Sem dúvidas, contribui positivamente a forma como ela faz isso quase que orgânica. Questões sobre compatibilidade sexual, DST’s, os mais variados tipos de bullying e até mesmo um assunto mais delicado, aborto.

Sobre os pais, seguimos os passos de Jean que mesmo tendo todo conhecimento como terapeuta também tem suas inseguranças. No decorrer da temporada, a personagem apresenta um desenvolvimento não só em seu relacionamento com o filho como em sua própria vida se permitindo uma nova relação muitos anos depois de seus divórcio.

Acertos

Um dos pontos que certamente vai agradar o publico é a ambientação misturando nostalgia com atualidade. O figurino, a fotografia, os cenários e, principalmente, a trilha sonora leva o público diretamente para os anos 80. Curiosamente, a trama se passa em 2019 com a febre dos celulares, redes sociais e as varias referências à cultura pop. Entretanto, não são características aleatórias. Elas, por exemplo, remetem às clássicas produções de John Hughes na década de 1980. E isso acontece porque, naquela época, o diretor sabia falar pro adolescente, abordando assuntos difíceis de serem discutidos. E é exatamente neste caminho que a produção da Netflix caminha.

Com apenas oito episódios Sex Education vale uma maratona. Seja com amigos, família ou ate mesmo sozinho, é uma produção que merece atenção. Espero sinceramente por uma segunda temporada. Seria ótimo continuar acompanhando a jornada desses jovens que apenas começaram a se descobrir. Os eventos ocorridos no final da temporada são ótimos ganchos para dar sequencia a trama. Netflix já pode renovar, nunca te pedi nada!

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Sobre o autor
Yuri Moraes

Yuri Moraes

Bacharel em Direito, estudante de Marketing Digital. É fascinado pelo universo dos heróis e apaixonado por séries e filmes. Livros de suspense policial são seus favoritos. Boa música e reality shows nao podem faltar. A série favorita, The OC. No Mix, colabora com algumas críticas de séries como, Blindspot, Ozark, La Casa de Papel entre outras.

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