Crítica: The Handmaid’s Tale brinca com avanço e retrocesso na 2ª temporada

Crítica, com spoiler, dos episódios 2x03 e 2x04 de The Handmaids Tale, disponíveis na plataforma de streaming Hulu.

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Imagem: Hulu/Divulgação
Imagem: Hulu/Divulgação

Críticas dos episódios 03 e 04 da segunda temporada de Tha Handmaid’s Tale

Se o começo da segunda temporada de The Handmaid’s Tale foi angustiante, os episódios 03 e 04 brincaram com a capacidade do espectador de torcer pela fuga de June.

E mesmo que ao final dos dois episódios, fique uma sensação de retrocesso, sem dúvidas a ação está caminhando para uma evolução dos personagens.

No episódio 2×03, “Baggage”, conhecemos a mãe de June.

Este foi um episódio completamente diferente do que já tínhamos visto em The Handmaid’s Tale. E digo isso tanto pela ação principal no presente, quanto pelos flashbacks que nos foram apresentados.

Holly Maddox, a mãe de June, foi introduzida, e pudemos conhecer um pouco mais da relação de mãe e filha. E podemos ver que há muito de Maddox refletida na nossa Aia principal. A cena em que vemos June pequena, com os olhinhos ali brilhando vendo a mãe sendo totalmente ativista e participando de manifestações foi incrível. Sua mãe tentou lhe alertar, ao longo do tempo, sobre o que estava por vir. Havia uma ameaça do governo, e esse “golpe” chegou em algum ponto. Aquela sensação de “deveria ter prestado mais atenção” ficou clara na consciência de June.

A princípio, achei meio arrogante a posição de Holly sobre tentar “frear” o casamento de June e Luke. Pareceu, inicialmente, que era uma questão racial. Mas, olhando o panorama como um todo, deu para ver que Holly se incomodou com o “comodismo” de June. Ela estava ali, em um emprego mediano, com uma vida mediana, condicionada a casar com um cara e viver com ele. Ela merecia mais. Ela merecia honrar o título de ser mulher, e buscar suas próprias conquistas. Acho que a mãe de June viu que lhe faltava garra, e realmente faltou.

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E o paralelo mais interessante é que June só foi entender as atitudes da mãe no presente, quando ela já havia se tornado uma Aia, e perdido a própria filha para o governo. E isso, foi extremamente gratificante.

Ao mesmo tempo que desbravávamos o passado de June, nós assistíamos a sua tentativa de fuga, que foi agoniante. Ela ficou escondida, conseguiu ir para casa de estranhos, que foram meio que “forçados” a ajudá-la, e ela quase escapou para o Canadá. Quase. Porque faltando poucos segundos para ela conseguir, a Gilda chegou metralhando todos que estavam em sua frente. Foi sufocante.

No episódio 2×04, “Other Woman”, June volta a casa dos Waterford, mas ela está diferente!

Eu posso até entender a frustração de alguns. Depois de todo esse tempo, de quase escapar, June volta à estaca zero. Sim, ela retornou para a casa dos Waterford. Mas a dualidade no olhar de June foi o que mais me chamou atenção neste episódio. E isso mostra como que The Handmaid’s Tale é uma série de detalhes, tornando-a uma das melhores coisas da TV atualmente.

Na cena em que a Tia Lydia a confronta, ela quer ser June. Mas as circunstâncias forca-a a voltar sua vida de Aia. Ela precisa, novamente, ser Offred. Isso fica muito bem expresso quando June olha para a roupa vermelha, bem parada ali na sua frente. A mesma roupa que ela queimou na premiere, e que ela achava ter se livrado.

Após ela ser “acolhida” pelos Waterford novamente, June experiencia o inferno novamente. Aquela cena dela acorrentada à cama me incomodou. Assim como quando Serena bate na empregada, puramente por ódio. Esses momentos, que mostram a mulher sendo explorada e mal tratada, é para justamente incomodar. E incomoda.

Em meio aos castigos perturbadores, é brilhante a forma como eles mostram o fanatismo religioso. A cena do chá de bebê é, pra mim, uma das mais doentias da série. As esposas, ali, sentadas celebrando o nascimento próximo de um bebê. E as Aias em pé, atrás, observando tudo. É literalmente uma escravidão.

E meu ódio por Serena cresce a cada momento… Ela é extremamente repugnante, e este quarto episódio teve cenas de sobra para provar isso. Mas ela é muito manipulável. A cena em que o Comandante mostra que tem ela na palma de suas mãos é interessante. Porém, todos são farinha do mesmo saco!

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Atos possuem consequências!

Os dois episódios caminham para passar uma lição para June – e para o público também. Qualquer ato que você fizer, terá consequência. Me deu um nó na gargante, quando June caminha e se depara com o padeiro que lhe ajudou, enforcado. O cara morreu, sua esposa virou Aia e o filho doado para o Governo. E a culpa foi dela. Ela terá de carregar esse fardo. Mas aí vem Tia Lydia, com todo seu “conhecimento”, e a conforta. “A culpa é da June, e não da Offred”. É incrível essa dualidade, que permite o texto de The Handmaid’s Tale brilhar, a cada fala.

Então June nadou, nadou e morreu na praia. Ela precisou voltar a sua realidade de Aia, acatar o que lhe pedem e fingir que está tudo bem. Só que agora há uma diferença. Essa frustração que destaquei mais a cima precisa ser suprimida por apenas uma coisa: o olhar de June. Durante todo o episódio, seu olhar foi diferente. Superior. Ela voltou a condição de Aia, mas ela sabe que está incomodando os Waterford. E isso, mesmo que seja singelo, lhe causa um pouco de prazer.

A última cena prova exatamente isso. E sabem o que dizem, não é mesmo? Um olhar pode mover montanhas…

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Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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