Debate: Assistir muitas séries de TV é mesmo sinal de depressão?

Constantemente em pauta, debatemos em matéria a associação do sinal de depressão com o ato de assistir diversos episódios de séries em seguida.

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Imagem: CBS/Divulgação

Associação de maratonas de séries com depressão tem sido pauta frequente.

Assunto muito delicado. Vira e mexe vemos algumas páginas compartilhando matérias, muitas delas tendenciosas, que associam maratonas de séries a sinais de solidão e depressão. Por relacionar dois pontos que se encontram em uma conversão importante, a série de TV e a doença, resolvi não só pesquisar, mas conversar um pouco com algumas pessoas sobre o assunto para tentar chegar a uma conclusão.

Assistir a muitas séries de TV é mesmo sinal de depressão? Afinal, ficar no quatro trancando vendo séries é um problema? Precisamos falar sobre…

A facilidade de se tornar um vício!

Hoje, existem muitas páginas que usam o termo “viciado” para a atividade de assistir séries de TV. Mas esse termo, em certas situações, precisa ser tratado com seriedade. Na era do streaming, é muito fácil você acabar se tornando um addicted em assistir séries e filmes. É através da atuação de plataformas, como a Netflix, que a prática em inglês acabou ganhando o nome de “binge-watching”, e é tema de diversos estudos. Portanto, o “Binge-Watching” é a prática de assistir diversos episódios de uma série, em seguida.

Os serviços de streaming e a legalidade em assistir séries de TV pela internet estão cada vez maiores.

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Recentemente, uma Universidade do Texas, nos Estados Unidos, liberou um estudo constatando que 316 jovens, de 18 a 29 anos, mostraram que o hábito de assistir séries sequencialmente se transforma em um vício. Tais pesquisados assistiram de 2 a 10 episódios de séries seguidos e apresentavam sentimentos de solidão, depressão e deficiência de autocontrole (via O Globo).

Com a internet, alimentar este vício ficou ainda mais fácil. Você pode acessar serviços de streaming (essas plataformas em que se transmitem séries, filmes e programas) em qualquer lugar. Alguns, ainda, oferecem o serviço de download para aqueles momentos sem internet. Isso, sem mencionarmos os meios ilícitos, como os arquivos piratas, proporcionando que estes produtos cheguem, rapidamente, até o público.

Espera, então sou adepto ao Binge-Watching?

Tal prática que vem sendo associada à depressão e solidão, o Binge-Watching se popularizou em 2013, compreendendo o conceito da imersão em um programa, ou seja, a pessoa assiste a vários episódios de uma série de TV seguidos. Muitas das vezes, a prática ultrapassa 10 horas de entretenimento.

Ultimamente, se você é daqueles que já passa algumas horinhas na frente do computador, da TV ou da Netflix, assistindo em maratonas suas séries de TV, é certo que você tem os dois pés dentro desta categoria.

 

“É, sou eu!”.

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Pare e pense: Você já deixou de sair com alguns amigos para ficar em casa vendo séries? Muitas vezes já ficou tão imerso no mundo da série que esqueceu, simplesmente, de falar com alguém, deixou de fazer algum compromisso importante ou não se comunicou com alguém ao seu redor? É… Você seria um ótimo candidato a pesquisas.

Assistir a muitas séries de TV: sinais de depressão ou hábito corriqueiro?

OK, o Binge Watching vem sendo discutido e, cada vez mais, estudos estão despertando atenção para esse comportamento. Mas, o modo como estes artigos estão sendo veiculados me incomodou, motivo pelo qual resolvi escrever este texto. A típica transformação da informação em uma notícia sensacionalista fez com que o hábito de assistir a séries de TV tornasse um sinônimo de depressão. E não é por aí. Vamos por partes…

Não é porque você gosta de ficar em casa, em uma sexta à noite ou em um final de semana, assistindo séries, que você possui sinais de depressão. Muitas vezes, a sociedade em geral, atribui o comportamento caseiro a sinais solitários e depressivos, e a coisa não deve ser interpretada dessa forma.

Há pessoas que simplesmente não gostam da socialização em bares, festas e outros locais públicos, que são considerados os locais “normais” para tais práticas. Ou, até gostam, mas não sentem necessidade de saírem todos os finais de semanais, ou todos os dias. Além disso, há um fator crucial que pode impedir algumas pessoas de saírem frequentemente: a falta de dinheiro. Logo, uma Netflix que sai por pouco mais de R$20,00 por mês se torna uma excelente opção ao invés de gastar R$50,00, no mínimo, todo o final de semana em bebidas e outros tipos de entretenimento.

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Assim como essas rotinas de bares e festas, ficar em casa assistindo a séries de TV e filmes é completamente normal. Você ser fã de algum título, em específico, e ter a vontade de devorar todos os episódios, de uma só vez, é até mesmo aceitável. É uma forma de se satisfazer e não há julgamentos para isso. Porém, tenha a consciência que, como tudo na vida, deve ser usufruído desde que não lhe faça mal.

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De acordo com a psicóloga Lívia Vieira, em entrevista ao Estadão, há uma necessidade de atenção quando essa prática passa a interferir no comportamento das pessoas, projetando consequências físicas, como perda de sono e de humor. E que, sim, em determinadas situações podem significar traços de depressão e solidão. Assistir a séries em sequência é uma forma que algumas pessoas encontram para fugir dos problemas e de seus conflitos, emergindo naquele mundo irreal, mesmo que por algumas horas.

Mas isso não deve tornar-se uma regra, nem pode.

Então os riscos para quem assiste séries em sequência é real?

Não há mal nenhum em ficar em casa assistindo a séries ao invés de sair e encher a cara ou ir para uma balada. Mas vamos ser honestos, há sim um risco se você ficar horas e horas grudado em uma cama assistindo filmes e séries.

É importante ficar atento ao excesso de horas na frente da TV!

Um grupo que vem estudando o Binge Watching, em uma Universidade do Japão, apontou alguns riscos, incluindo consequências como embolia pulmonar, uma vez que o corpo necessita de “esticar”, andar e relaxar seus músculos, revelou uma reportagem da Folha de São Paulo. Nessa mesma matéria, destaca-se um estudo do Journal of the American Heart Association que destaca que ficar mais de três horas por dia, diante do televisor, dobra o risco de morte prematura por doenças cardiovasculares.

Portanto, sim, há um risco real. Mas não levemos tudo ao pé da letra. Você não vai cair duro, amanhã, por ter passado o final de semana imerso nas séries de TV.

Nossa sugestão? Busque alternativas para você intercalar um episódio e outro. Fique em pé, vá até a cozinha, tome uma água, dê um tempinho, faça um “lanchinho” e volte com tudo para a sua maratona. Porque, afinal de contas, uma prática que tanto amamos, e tanto nos dá prazer, não deve ser associada a riscos de mortes, uma vez que usada com moderação e consciência.

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Esclarecidos os fatos? Então não ache que por você ficar em casa no final de semana assistindo a séries, você é depressivo e solitário. Mas se atente aos fatos e como você vem usando este “refúgio” chamado séries de TV. E, caso você se sinta triste, busque alguma ajuda, profissional ou amiga. Não é vergonha nenhuma reconhecer que você precise de uma mão estendida.

Imagens: The Odyssey Online, The Conversation.

Leia mais: 5 séries para você maratonar em um dia na Netflix

 

Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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