Os Inocentes: vendida como suspense, séria da Netflix escorrega no drama adolescente

Crítica da primeira temporada de Os Inocentes, disponível na Netflix com 8 episódios.

Imagem: Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Parece suspense, mas não é tanto…

A Netflix lançou há poucos dias em seu catálogo a série Os Inocentes (The Innocents). Vendida como um suspense sobrenatural, a trama entrega, na verdade, um drama adolescente com toques sobrenaturais. Mas ainda assim com história promissora.

A série acompanha a paixão juvenil e inconsequente de June (Sorcha Groundsell) e Harry (Percelle Ascott). O jovem casal britânico decide fugir rumo à Londres e deixar para trás os dramas familiares que os impedem de ficar juntos, destaque para o pai controlador de June.

A reviravolta sobrenatural acontece quando June descobre que é uma metamorfa, habilidade que lhe dá a capacidade de transformar-se em outra pessoa. O “poder”, ainda sem controle, se manifesta sempre que a jovem se sente ameaçada  e em perigo.

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A revelação traz a tona uma rede misteriosa de pessoas interessadas no paradeiro e na habilidade da garota que rendem momentos de tensão e um jogo de gato e rato dos dois e o incansável Steinar (Jóhannes Haukur Jóhannesson), um dos perseguidores, que acaba sendo a primeira pessoa na qual June se transmuta.

Longe dali, em uma ilha da Noruega, o médico Halvorson (Guy Pearce), aguarda que seu capanga brutamontes (Steinar) retorne com June, para que ela faça parte de uma espécie de seita formada por mulheres com a mesma habilidade. Uma dessas mulheres é Elena Elena (Laura Birn), mãe de June, que abandou a família anos antes e desapareceu.

Vivendo isoladas, elas tentam, em meio a testes clínicos e uma rotina estranhamente pacata, controlar a mutação, seus gatilhos e efeitos colaterais. Na série, quando uma metamorfa assume a forma de outra pessoa, esse segundo indivíduo fica inconsciente, em uma espécie de coma, até que a transformação é desfeita. Em alguns casos, os danos podem ser irreparáveis.

Imagem: Netflix/Divulgação

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Apesar de falhas, a trama da série pode render muito mais!

A trama é promissora e intrigante, mas, com apenas 8 episódios disponíveis, acaba tropeçando na dramatização adolescente e perde tempo demais para entregar respostas e estabelecer sua identidade. Por isso, não se assuste ao encontrar por aí comentários que comparam a nova produção a séries da CW ou do Freeform. Apesar disso, a Os Inocentes consegue ir além e nos apresenta personagens complexos e uma história densa.

No decorrer da temporada, somos apresentados a personagens secundários bem interessantes, mas que rapidamente são dispensados e não retornam à história ou são pouco explorados. Como o traficante que ofereceu abrigo e trabalho à June e Harry assim que eles chegaram à Londres, Shane, uma das mulheres da “seita”, Sigrid, e até mesmo o próprio irmão de June, Ryan.

A série também envereda por uma história paralela, que remete ao passado e conecta seus pais e os pais de Harry. Os danos causados pelas metamorfoses de June em Londres apresentam várias semelhanças com um caso policial de sua cidade natal conhecido como “Os Cinco de Pennines”. A mãe de Harry, a detetive Christine (Nadine Marshall), começa a investigar isso e encontra respostas perturbadoras. Respostas essas que podem explicar o estado de saúde atual do pai de Harry.

Netflix aposta mais uma vez no público jovem

Paralelo à descoberta de sua habilidade, que ora é tida como maldição, ora é chamada de dom, June vive também uma metamorfose emocional. A inocência, sugerida no título da série, vai ficando para trás à medida que o casal vive novas e intensas experiências, conhece novos lugares e novas pessoas. Essa jornada por autoconhecimento dos dois personagens é muito bem construída e rende belas cenas do jovem casal. Destaque para atuação emocional e extremamente crível do jovem ator Percelle Ascott.

Imagem: Netflix/Divulgação

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Decidida à conquistar o público jovem, assim como em 13 Reasons Why e Insatiable, Os Inocentes explora temáticas muito comuns em produções do gênero: primeiras paixões, festas, amizades, desejo de conhecer o mundo inteiro, sentir-se diferente e não ser compreendido pela família.

Outro ponto que merece destaque é a trilha sonora da série. Os episódios são recheados de músicas pop-melancólicas de artistas britânicos, franceses e noruegueses pouco ou nada conhecidos no Brasil, como Sohn, Tom Odell, Madjo e Sigrid. As escolhas são bem feitas e agregam emoção às cenas que embalam.

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Mas como dito anteriormente, a série perde muito tempo nessa construção dos protagonistas. Aqueles que escolheram a série em busca de suspense podem sentir dificuldades para manter atenção e interesse na história, mas tenham paciência. As coisas melhoram!

Reta final reserva grandes surpresas!

Talvez, a inexperiência de Hania Elkington e Simon Duric, criadores da série, justifique as patinadas e a falta de “time”. Essa é a primeira grande produção dos dois. A dupla deixou para os dois últimos episódios toda a ação e praticamente todas as respostas das perguntas levatadas durante a temporada.

Ao mesmo tempo que tapam buracos, os momentos finais da série vão lançando mais questionamentos ao finalmente abraçarem o suspense prometido desde o início e mergulharem fundo na narrativa fantástica que cerca a misteriosa linhagem de metamorfas.

Planejado ou não, Os Inocentes encerra sua estreia com um cliffhanger surpreendente deixando a vida de um importante personagem em risco. O gancho é suficiente para fazer com que todos os que assistiram até ali, desejem e torçam por uma segunda temporada.

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Sobre o autor
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Italo Marciel

Cearense, 28 anos. Jornalista especialista em Assessoria de Comunicação. Viciado em séries desde que se entende por gente e apaixonado por cinema. O cara que fica feliz em indicar uma boa série ou um bom filme para os amigos.

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