Lost in Space: aposta arriscada da Netflix acerta, mas talvez não se torne o sucesso esperado
Nova superprodução da Netflix se sai bem, mas é aposta arriscada de sucesso.
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Um projeto gigante, que poderá ter reações positivas e negativas do público…
Eu gostaria de entender o modo de produção e marketing da Netflix. Já comentei em outros textos sobre a insana metodologia da plataforma ao criar e, principalmente, vender seus produtos.
Sempre relembro The OA, que foi anunciada e disponibilizada em curtíssimo espaço de tempo. Em uma semana havia um trailer e na outra já tínhamos a série. Stranger Things, embora tenha recebido maior tempo para divulgação, também chegou à plataforma sem fazer alarde. O fato é que a Netflix lança filmes e séries e espera que estes façam sua própria fama. Se o público aprovar e o boca a boca estourar, a magia acontece.
É por isso que é impossível saber quanto uma novidade será um sucesso ou retumbantes fracasso!
La Casa de Papel é uma produção espanhola que chegou no site e fez sucesso absurdo. Everything Sucks é uma comédia norte-americana que apostou em algumas fórmulas consagradas e amargou o desinteresse do público. A comédia já foi cancelada em sua primeira temporada. Lost in Space, ou Perdidos no Espaço aqui no Brasil, nova e arriscada aposta da plataforma, é uma incógnita. Ao assistir o show, não sei se o sucesso está garantido. Tem ação, aventura, uma abordagem familiar e uma produção impecável do ponto de vista técnico. Mas ainda parece um projeto muito grande que pode fracassar por dois motivos: não dialoga tão bem com o público e é prejudicado pelo método de vendas e lançamento da Netflix.
The OA também era uma incógnita e tornou-se um sucesso surpreendente. Havia ali, contudo, uma fortíssima trama repleta de mistérios. O público comprou a ideia e mergulhou no universo do programa. Lost in Space é mais básica. Embora aposte em alguns mistérios que possam conquistar a audiência, a maior parte da história se resume a perigos rápidos que avançam a trama no velho formato das aventuras televisivas. Neste sentido, esta releitura de Lost in Space presta uma interessante homenagem às demais versões enquanto é atualizada aos dias de hoje.
Em um episódio alguém deve salvar outra pessoa; noutro, a família deve se unir para consertar a nave; e assim a série caminha, em seus pequenos desafios episódicos.
E no geral se sai bem…
Embora o roteiro não arrisque e perca a oportunidade de tecer comentários sociais (a ficção é um dos melhores meios para uma alegoria), a simplicidade não incomoda, já que trata-se de uma aventura descompromissada. O que vale aqui é a diversão e a dinâmica entre personagens, que, infelizmente, não é tão bem trabalhada. Os personagens parecem afastados uns dos outros, mesmo que façam parte da mesma família.
Visualmente, contudo, Lost in Space é irretocável. Com efeitos visuais dignos das grandes produções cinematográficas, a série enche os olhos do espectador mais exigente. Não podemos negar, entretanto, que a qualidade técnica parece ser muito mais evidente nos dois primeiros episódios (dirigidos por Neil Marshall) e mais modesta no restante. Ainda assim, o acabamento é de cair o queixo: da direção de arte que sabe trabalhar bem com cenários reais e artificiais até à trilha sonora épica, Lost in Space é daquelas que podem fazer bonito nas categorias técnicas do próximo Emmy.
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Lost in Space, enfim, vai precisar fazer muito sucesso para retornar a uma eventual segunda temporada. Apesar da qualidade inegável, é uma série cara e que pode não atingir o alvo. Resta arriscar mais, criar uma mitologia sólida e melhorar a dinâmica do elenco.
Arrumando um detalhe aqui e ali, polindo algumas arestas, Lost in Space tem tudo para conquistar e ser um sci-fi de primeira. Trata-se de um show moderno com alma clássica, ideal para a família e para preencher o tempo.