Crítica: Olhar Indiscreto é ruim e zomba da inteligência do espectador
Olhar Indiscreto patina em um roteiro raso e bobo, criando uma trama desconexa e digna do espectador esquecê-la totalmente.
Minha primeira maratona de 2023 na Netflix foi Olhar Indiscreto. E, caramba, como eu queria voltar no tempo e ter minhas horas devolvidas.
Eu fui com bastante sede ao pote, porque, convenhamos, é uma título nacional e precisamos enaltecer as produções de nosso território. Além disso, a Netflix acertou com 3% e Sintonia. Então, quais as chances de Olhar Indiscreto ser ruim? Basicamente todas!
Em 10 episódios, a atração nada no soft porn e se esquece de algo primordial: um bom roteiro. A sensação é de que Olhar Indiscreto zomba da capacidade daqueles que se dedicaram a passar um tempo com esses personagens, sem qualquer cerimônia. E isso é muito frustrante.
História rasa se perde em um roteiro fraco e bobo
Se eu pudesse definir a série com alguns adjetivos, eu colocaria “boba”, “perdida” e com uma trama “mal costurada”. Isso porque Olhar Indiscreto não se dá o trabalho de construir seus personagens ou mesmo usar boas justificativas para as escolhas do roteiro.
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A atração começa com um propósito, e acaba se perdendo em uma bagunça, dando a sensação de que nem os roteiristas sabiam o que estavam fazendo.
Olhar Indiscreto começa com, aparentemente, duas protagonistas: Cléo e Miranda. Mas ainda no primeiro episódio Cléo desaparece e some por quase toda a série. Cabe a Miranda, vivida por Débora Nascimento, segurar o rojão. Mas nem a boa capacidade da atriz, que já provou ser excelente em outros trabalhos, foi capaz de manter o espectador interessado em um roteiro que não sabe para onde vai.
A trama de Olhar Indiscreto é perdida
Inicialmente, parece que vamos acompanhar uma história sobre tabus. Miranda gosta da prática do voyeurismo, e isso daria um ótimo tema para explorar. Enquanto ela gosta de assistir, Cléo, vivida por Emanuelle Araújo, gosta de praticar como garota de programa. No entanto, quando ela some, Miranda acaba sendo jogada na vida de seus clientes, Fernando e Heitor.
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Acontece que as histórias de Fernando e Heitor estavam conectadas de uma forma absurda. Um é irmão da esposa do outro, que na verdade tinha atração pela irmã do amigo que supostamente matou. No entanto, esse amigo que morreu era um gay enrustido que, na verdade, era apaixonado pelo outro amigo.
E, nesse meio tempo, o irmão da esposa do amigo descobre que na verdade não era irmão, e isso lhe dá um alívio porque no fim eles eram apaixonados um pelo outro.
Confuso, né? Parece uma “salada de frutas” embaralhada que contém a adição de cenas bastante quentes. Na verdade, a história mal feita parece uma desculpa para as cenas de s*xo que acontecem quase de forma gratuita sem qualquer propósito. É como se a série pegasse o pior do filme 365 Dias e da série Sex/Life.
À medida que a protagonista de Olhar Indiscreto avança na sua investigação, ela vai se envolvendo com os protagonistas masculinos, até que um se volta contra o outro, tornando a história o velho triângulo amoroso.
E então, quando a protagonista vivida por Emanuelle Araújo retorna, cria-se uma rivalidade feminina que, honestamente, não é necessária. O que era para ser uma série sobre ativismo feminino, na verdade, tornou-se mais uma banalização machista.
O sentimento é de engano
Acho que, no fim, o sentimento é enganoso em relação a Olhar Indiscreto. Porque, honestamente, o início do primeiro episódio, assim como a premissa, vende uma série que vai tratar da força da mulher, sob o olhar da mulher. Mas, no fim das contas, nada disso acontece.
E é nítido como que a empolgação dos interpretes vão caindo ao longo dos episódios. Quando chegamos no nono e décimo capítulo, a impressão é que todos os envolvidos só torciam para que aquilo acabasse logo. Sinceramente, a sensação do espectador também é essa.
O produto é completamente esquecível, quando ele se perde em reviravoltas de enredo que são criados para tentar impactar o espectador, mas que no fim se tornam vergonhosos e preguiçosos. Em certo ponto, dá para se saber quais serão as falas dos personagens de tão clichê e previsível que a série é.
Infelizmente, Olhar Indiscreto não merece a atenção do espectador, e é uma pena que ela se torne uma série relevante apenas quando o quesito é cenas quentes. A ponto da própria Netflix a divulgar nas redes sociais, indicando ao público os minutos das cenas picantes. É quase como que um convite a conferir apenas essas cenas. Porque, no fim, foi o que importou de todo esse conteúdo.
Nota: 0/5