Todo Dia a Mesma Noite: alguém foi preso? Como está o caso agora
Todo Dia a Mesma Noite trouxe uma dramatização de uma das maiores tragédias do Brasil. Dez anos depois, como está o caso da Boate Kiss?
Todo Dia a Mesma Noite, série de ficção baseada na tragédia real da Boate Kiss, não tem fim. Isso porque a verdade e a realidade também não tiveram seu fim apropriado. O incêndio, que vitimou 242 pessoas em Santa Maria, completa 10 anos nesta sexta-feira. Recentemente, em dezembro de 2021, o caso parecia receber o seu ponto final com o julgamento e condenação dos acusados. A ferida, entretanto, foi reaberta depois que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul anulou o júri.
Defesa pediu anulação do júri
Com o novo capítulo desta triste história, os condenados Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann (ambos sócios da boate), Marcelo de Jesus (vocalista da banda que tocava na noite do incidente) e Luciano Bonilha (auxiliar da banda) tiveram seus julgamentos anulados e foram soltos.
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A anulação acontece devido a apontamentos da defesa que sugeriam decisões equivocadas e ações que possam ter prejudicado os réus. Entre as reclamações, a defesa aponta que o sorteio dos jurados foi realizado três vezes, quando o rito estipula apenas um. Além disso, uma conversa entre o juiz Orlando Faccini Neto e os jurados, sem a presença de representantes do Ministério Público ou dos advogados, também levantam questionamentos.
Outros pontos que levaram à anulação incluem uma maquete 3D da boate, objeto usado no julgamento e que, segundo a defesa, não pôde ser analisado com tempo apropriado. Além disso, disso, um assistente de acusação teria usado o silêncio dos réus como argumento em sua oratória. O problema, entretanto, é que o silêncio dos réus é uma garantia constitucional.
Familiares das vítimas reagem às decisões recentes
Muitos foram os que lamentaram a decisão que anulou o júri que condenou os quatro réus. Segundo o G1, Ligiane da Silva, mãe de uma das vítimas da tragédia, afirmou que “os quatro têm responsabilidade, houve um julgamento, tivemos toda essa função, a gente vêm de Santa Maria e o que a gente recebe? Não tem o que dizer, é inacreditável o que está acontecendo.”
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O próprio Ministério Público lamenta o resultado da anulação, dizendo confiar no processo que levou à condenação dos quatro réus. Além disso, o MP reforça que a anulação do júri não absolve os réus.
“Eu quero declarar que nós nos sentimos extremamente desumanizados pelo resultado, a nossa humanidade foi profundamente ferida pela decisão e aqui eu não falo pela decisão pelo mérito do julgamento, pelos critérios que foram tomados, eu falo de um sentimento nosso de desumanização porque enquanto os condenados gozam de vida nesses anos que se passaram, todos nós tivemos que lidar com a vida sem um fechamento de sentido pra isso.“, afirmou Gabriel Barros, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria.
Réus podem ser presos novamente?
Segundo especialistas, a possibilidade de novas prisões é remota. Atualmente, a Secretaria da 1ª Câmara Criminal para diligências avalia o processo. Concluída esta etapa, o caso para para o TJ, que analisará se admite os recursos movidos pela acusação e defesas.
Um dos recursos pede a retomada do julgamento na 1ª Câmara. Outro, entretanto, pede a prisão preventiva dos réus. Depois disso, o caso segue para instâncias superiores, como STJ e STF.