24×15 de Law & Order: SVU é um acerto em partes
O episódio desta semana (24x15) de Law & Order: SVU traz dois destaques: Bradley Whitford e Mariska Hargitay como diretora.
Um dos aspectos que mais sinto falta da “era de ouro” da TV aberta americana, e em Law & Order: SVU em particular, refere-se à fartura de participações especiais. Hoje restritas a TV a Cabo e streaming, a presença de grandes nomes era um diferencial até mesmo em títulos modestos como Betty White em Save Me.
Robin Williams em Law & Order: SVU, Carol Burnett em Desperate Housewives e Bernadette Peters em Grey’s Anatomy são alguns exemplos que consigo lembrar. Por isso, o episódio dessa semana é tão diferenciado.
Em “King of the Moon“, temos uma narrativa sobre o início e o fim da história de amor entre Pence Humphrey (Bradley Whitford) e Winifred (Nancy Travis). A questão é que ele, um autor respeitado, desenvolve demência e confessa ter estuprado e matado a própria companheira.
Mariska no comando
Além da participação especial de Whitford, o outro diferencial do episódio foi a direção da nossa capitã Mariska Hargitay. Mesmo com pouca experiência como diretora, o toque da atriz está lá. Suas escolhas de estética, o comando da câmera e o direcionamento dos atores.
Acredito que houve mais respeito e atenção em particular ao trabalho dos atores. A experiência e a bagagem de quase um quarto de século da Mariska à frente de Law & Order: SVU é exatamente o que a série precisava do seu diretor.
Então, não é só um acerto, como também uma amostra de que Ice-T e Peter Scanavino merecem uma chance.
Mais atenção
Outro diferencial do episódio é, obviamente, a participação do Bradley Whitford. Não tenho dúvidas que ele já se coloca muito bem na corrida por um Emmy em participação especial. Poker Face deve dominar essa categoria, por óbvio, mas ele não deve ser descartado.
Acredito, contudo, que ele poderia ter aparecido mais. O roteiro preferiu investir em flashbacks sem sentido, além de melodrama, do que na linha temporada atual. Nem preciso lembrar como o ator é versátil.
Lembro que este é o ator que esteve em The West Wing, Transparent, assim como The Handmaid’s Tale até chegar Perfect Harmony. Ele consegue ir mais longe, basta que o roteiro tenha um pouquinho de visão e inteligência.
Oportunidade perdida
Penso que foi uma oportunidade perdida em não explorar a questão da demência em crimes sexuais. Há uma clara alusão aos anos iniciais da série, quando tínhamos essas narrativas mais complexas, mas nada denso ou interessante.
Lembro que a doença está nas manchetes por causa do Bruce Willis. Por isso, acredito que é uma lástima quando se desperdiça a oportunidade de entender e explicar melhor essa enfermidade para a audiência.
Em suma, penso que tivemos um bom episódio com destaque aos trabalhos do Bradley e da Mariska por trás das câmeras. É preciso, contudo, que o roteiro esteja à altura desses grandes momentos e saiba como extrair o melhor das oportunidades que aparecem.