Crítica: 2ª temporada de Bel-Air encontrou seu próprio ritmo
Nova temporada de Bel-Air está mais segura e madura. Episódios estão disponíveis para o público no Brasil pelo Star Plus;
A estreia da primeira temporada de Bel-Air chamou atenção por sua ousadia. Ser um remake dramático de uma sitcom de sucesso gerou preocupação de uns e interesse de outros. No entanto, o saldo foi positivo. Agora, Bel-Air retorna para uma nova temporada, mais segura sobre sua identidade e sua linguagem, mais madura quanto às discussões dos temas apresentados.
Mas preciso dizer que, analisando alguns pontos da série agora, não há como deixar de pensar que The OC – Um Estranho no Paraíso foi uma versão branca e dramática da sitcom dos anos 90. E Bel-Air só reforça essa ideia com seu argumento inicial e sua estrutura narrativa.
Garoto que vive em uma realidade marginalizada é adotado por uma família rica. O choque cultural desperta muito drama, o sistema da família e da comunidade sentem que a chegada do forasteiro gera mudanças. Assim dá início a novas relações, processos de autodescoberta e senso de pertencimento. Além de muito drama, é claro.
2ª temporada de Bel-Air intensifica história
A segunda temporada faz a série atingir o status de série adolescente sendo até mesmo nostálgica por emular séries antigas em alguns momentos com certas decisões narrativas. O roteiro equilibra drama adolescente e familiar com representatividade, racialidade e alerta de saúde mental, sem a necessidade de ser tão didática.
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Mas, para tirar algum proveito da série, é necessário estabelecer uma distância emocional do material original. Não estamos falando de uma remake simples, com a mesma estrutura de gênero narrativo, mas sim de uma reimaginação de uma sitcom agora em formato de série de drama.
Tente estabelecer comparações e sua experiência em assistir a produção será arruinada. Antes o drama era sobreposto ao humor, aqui acontece o inverso.
A jornada de transformação de Will continua
Há romance, drama, novos conflitos e momentos divertidos que a série continua a proporcionar. Após o final dramático da primeira temporada, o novo ano da série dá continuidade aos eventos apresentando as consequências.
Will segue enfrentando questões emocionais e culturais quando sua antiga vida colide com seu novo estilo de vida. Nesse cenário surgem novos personagens que são promessa de conflitos futuros e mais drama para a vida de Will e da família Banks.
Tio Phill (Adrian Holmes) tem seus próprios problemas para lidar, no trabalho e em família, assim como Tia Vivian (Cassandra Freeman), cuja carreira está tentando retomar e precisa encarar desafios inesperados.
Carlton (Olly Sholotan) segue na busca por sua identidade negra, enquanto os outros definem um padrão e expectativas. A questão sobre saúde mental continua em discussão com o personagem tentando lidar com ansiedade, estresse e pressão.
Jeffrey (James Akingbola) sempre foi muito misterioso. Nos novos episódios aprendemos mais sobre sua história e seu passado, trazendo um novo olhar sobre o personagem.
Hilary (Coco Jones) está em um bom momento de sua carreira como influenciadora digital e precisa lidar com algumas certas complicações. Seu relacionamento com Jazz (Jordan L. Jones) atinge um novo nível, embora seja testado.
Tatyana Ali, a Ashley original, faz uma participação interpretando uma professora de literatura. Ela interage com a nova Ashley (Akira Akbar) que está ligada a um tema importante e atual. Movimento estudantil e a luta antirracista.
As tramas em Bel-Air estão sempre em movimento, testando os personagens e os colocando em situações que convidam à autorreflexão e ajudam no processo de amadurecimento. O discurso sobre o valor da família se mantém, explorando ainda mais a família Banks, uma família negra, rica e bem-sucedida da Califórnia.
Vale a pena assistir a segunda temporada de Bel-Air
O mais interessante de Bel-Air é que a série não tenta desesperadamente ser uma cópia da versão clássica, pelo contrário, se inspira no material original ao mesmo tempo que apresenta uma atualização, reconhecendo e desenvolvendo questões importantes, principalmente quando se trata sobre racialidade.
O elenco charmoso e cativante ajuda a impulsionar a série. Suas histórias entregam o suficiente para manter o espectador interessado em saber como tudo vai se desenvolver. A nova temporada segue eventos da dinâmica familiar habitual de uma série adolescente.
Adultos lidando com problemas de adultos, adolescentes lidando com dramas da idade. E, apesar do tom dramático, a fotografia e os cenários vibrantes fazem um bom contraponto.
A série continua abordando questões sociais que afetam a comunidade negra, igualmente, dá voz aos jovens na busca por mudanças e sua própria identidade. Embora o texto esbarre na tentativa de resumir alguns personagens a características genéricas, há potencial para seguir uma nova direção ainda mais interessante na terceira temporada já confirmada.
Nota: 4/5