Crítica – Homens da Lei: Bass Reeves traz ao mundo uma série necessária
Homens da Lei Bass Reeves conta a história do primeiro xerife negro da história dos EUA. Produção é assinada por Taylor Sheridan, de Yellowstone.
Taylor Sheridan é um nome que se tornou sinônimo de séries que abordam o Velho Oeste com uma intensidade e complexidade que poucos conseguem igualar. A série “Homens da Lei: Bass Reeves”, não é uma exceção.
Seguindo a trilha de sucessos como “Yellowstone” e a mais recente “Operação Lioness”, Sheridan apresenta uma narrativa densa e meticulosamente desenvolvida que torna o espectador atento a cada detalhe da trama. Embora Sheridan não seja o criador, mas sim Chad Feehan, a série carrega a assinatura e o estilo característico de Sheridan. Dessa forma, garantindo que cada cena pareça tão autêntica quanto possível.
“Homens da Lei: Bass Reeves” introduz o espectador a uma figura histórica imponente, que pode não ser muito conhecida fora dos Estados Unidos, e, certamente, quase desconhecida no Brasil.
Bass Reeves foi um homem nascido na escravidão. E que teve uma trajetória notável até se tornar o primeiro xerife negro dos EUA a oeste do Mississipi, com milhares de prisões em seu registro. A série começa com a dramática história de Reeves, desde os dias em que foi forçado a lutar na Confederação durante a Guerra Civil até se tornar um dos homens mais temidos do Oeste Selvagem.
O ator indicado ao Emmy, David Oyelowo encarna o protagonista com uma mistura carismática de força e vulnerabilidade, transportando os espectadores por uma jornada que é tanto uma exploração da época quanto um estudo do personagem. Ele é, certamente, um dos pontos mais altos da série, entregando uma atuação tão impactante quanto a história do personagem.
Saiba mais sobre Homens da Lei: Bass Reeves
A fotografia é, sem dúvida, uma das grandes estrelas da série. Os cenários do Oeste americano do século XIX ganham as telas com uma fidelidade que quase permite sentir o pó das estradas e o sol inclemente sobre a pele. Um verdadeiro deleite para os fãs do gênero western.
No entanto, apesar da grandeza visual e da potência da história de Reeves, a série parece hesitar em enfrentar alguns dos aspectos mais controversos e complexos da vida do seu herói.
A questão racial, tão central na existência de Reeves, por vezes parece ser relegada a um plano secundário. Assim, não explorando totalmente o impacto que a cor da sua pele teve em sua trajetória e profissão. Em uma sociedade marcada por uma discriminação enraizada, a série, ocasionalmente, desliza para uma representação onde ele é apenas mais um policial. Evitando se aprofundar nos desafios reais que sua identidade impunha.
A série poderia destacar mais as consequências que se desdobram do fato de Bass Reeves ter escolhido uma profissão que, historicamente, pode ser vista como opressora para pessoas não-brancas. Incluindo o próprio Reeves.
A série abre com ele sendo forçado a lutar por um lado de um conflito que desejava mantê-lo acorrentado. Mas não desenha um paralelo entre isso e sua escolha de carreira, uma oportunidade perdida para explorar as nuances de sua complexa posição na história.
Apesar destas ressalvas, “Homens da Lei: Bass Reeves” é uma série que merece atenção. Seu enredo é cativante e a execução é habilidosa, mesmo que às vezes se acomode em versões medianas de materiais familiares. Ainda assim, em um mercado saturado de séries que muitas vezes se contentam em reciclar fórmulas, esta série se destaca. Talvez, pela tentativa de trazer à luz a história de uma figura notável, que deveria ser mais conhecida.
A série oferece uma narrativa envolvente que vale a pena assistir, mesmo que não explore todas as camadas de seu complexo protagonista.