Por que Emily em Paris é ruim, em todos os sentidos
Vamos concordar: Emily em Paris é uma daquelas séries bem ruim. E em todos os sentidos. Mas entenda o motivo disso.
É difícil acreditar que alguém realmente considere Emily em Paris uma boa série. Não é como se estivesse sendo comparada a clássicos da televisão como The Wire, Os Sopranos ou até mesmo a grandes comédias como Veep e 30 Rock. Desde a estreia, a série tem acumulado críticas por ser superficial e irritante, com uma protagonista que parece ser projetada para testar a paciência do público.
Porém, o verdadeiro problema de Emily em Paris vai além do fato de ser uma representação idealizada e equivocada de Paris. A série falha no nível mais básico: a incapacidade de contar uma história coerente e envolvente.
Emily em Paris ignora completamente os elementos fundamentais de uma boa narrativa. Não há conflitos reais, apostas significativas, ou consequências para as ações dos personagens. É como se a série se recusasse a seguir as convenções básicas da dramaturgia, resultando em uma trama onde nada de importante acontece. Você pode assistir a qualquer episódio, em qualquer ordem, e ainda assim não faria diferença — porque, na verdade, não há história para acompanhar. Além disso, os personagens são caricaturas superficiais, sem profundidade ou evolução, tornando impossível para o público se conectar ou se importar com eles.
Emily Cooper: A Antagonista Que Nunca Enfrenta Consequências
Emily Cooper, a personagem principal, é a representação máxima de tudo o que há de errado na série. Ela é irritante, culturalmente insensível e completamente alheia ao mundo ao seu redor. Emily se recusa a aprender francês, nunca usa o transporte público e parece viver em uma Paris de fantasia onde tudo se resolve magicamente a seu favor.
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Suas ações egoístas e desastrosas nunca têm repercussões. Emily quebra relacionamentos, trata seus amigos de forma desrespeitosa e comete erros no trabalho, mas nunca sofre as consequências. Ela existe em um mundo onde nada realmente importa, o que mina qualquer tentativa da série de criar tensão ou drama.
A Falta de Conflito e Desenvolvimento de Personagens
À medida que a série avança, os piores traços de Emily se tornam ainda mais evidentes, mas, surpreendentemente, ela nunca paga por isso. Ao final da terceira temporada, Emily se envolve em uma confusão romântica que deveria alienar todos ao seu redor. No entanto, na quarta temporada, tudo parece continuar normalmente, como se nada tivesse acontecido.
Os personagens que deveriam se afastar dela continuam interagindo como se Emily não fosse uma fonte constante de caos em suas vidas. Isso apenas reforça a ausência de stakes na série, tornando-a previsível e monótona.
Uma boa série de TV depende de um equilíbrio entre conflitos e resoluções, algo que Emily em Paris ignora completamente. Darren Star, o criador da série, parece não entender que sem apostas, conflitos ou consequências, não há história para contar. Ao eliminar qualquer tipo de tensão ou desenvolvimento, a série se transforma em um conjunto vazio de cenas desconexas, onde nada de relevante acontece. Isso não é entretenimento escapista; é um desperdício de potencial narrativo.
Por Que Emily em Paris Existe?
A existência de Emily em Paris como uma série de TV levanta a pergunta: por quê? Por que alguém achou que essa série precisava ser feita? Darren Star afirmou que a série foi criada para ser uma forma de entretenimento escapista, especialmente em tempos difíceis. No entanto, Emily em Paris falha até mesmo como escapismo. Uma série onde os personagens não enfrentam desafios reais ou evoluem ao longo do tempo não oferece uma verdadeira fuga; oferece apenas imagens bonitas e superficiais, sem substância.
Com a série em sua quarta temporada, é difícil imaginar como ela poderia se redimir. A falta de desenvolvimento dos personagens, a ausência de apostas e a insistência em manter Emily como uma protagonista inabalável tornam qualquer tentativa de melhoria uma tarefa monumental. Para que Emily em Paris se torne uma série realmente envolvente, seria necessário uma reformulação completa de sua abordagem narrativa e de seus personagens.
Emily em Paris não é apenas uma série ruim; é uma série que falha em todos os aspectos que definem uma boa narrativa. Ela não oferece conflitos significativos, não apresenta stakes e não permite que seus personagens evoluam de forma alguma. No final, a série se resume a uma coleção de clichês superficiais, sem qualquer substância ou propósito. Em vez de ser uma obra de entretenimento escapista, Emily em Paris acaba sendo uma experiência frustrante e vazia para aqueles que esperavam mais.