O aberturas desta semana estĂĄ fĂșnebre. Isso porque uma das sĂ©ries mais elogiadas dos anos 2000 estampa o nosso foco de discussĂŁo. Estamos falando de Six Feet Under, a aclamada sĂ©rie de Alan Ball (que tambĂ©m fez True Blood, sĂ©rie que discutimos na semana passada e que vocĂȘ pode reler aqui) que esteve no ar pela HBO entre 2001 e 2005 e que ontem comemorou treze anos de seu episĂłdio piloto.
Mini-flashback (#sdds Os Normais): a histĂłria gira em torno da famĂlia Fisher, dona de uma empresa que presta serviços funerĂĄrios. Com um elenco liderado por Peter Krause que interpreta o filho rebelde que volta para casa apĂłs a morte do pai, e passa a administrar a empresa ao lado do irmĂŁo â papel de Michael C. Hall em atuaçÔes memorĂĄveis; a sĂ©rie Ă© um drama familiar que discute assuntos como papeis na organização familiar, confiança, intimidade, loucura, infidelidade, homossexualidade, religiĂŁo, entre outros, sempre com a perspectiva girando ao redor da morte. Cada episĂłdio começa com uma morte que dĂĄ o tom ao episĂłdio. Algumas sĂŁo tristes, outras bizarras e umas conseguem ser engraçadas, mas todas tendem a seguir uma linha pessoal e filosĂłfica na perspectiva destes personagens.
Uma das grandes protagonistas de Six Feet Under Ă© sua abertura. Desenvolvida pela Digital Kitchen, uma agĂȘncia criativa de Seattle (e responsĂĄvel pelas aberturas de True Blood, Dexter, Nip/Tuck), a sequĂȘncia de pouco mais de um minuto Ă© embalada pelo jĂĄ icĂŽnico tema criado por Thomas Newman â o homem por trĂĄs de mĂșsicas em Um Sonho de Liberdade (1994), Ă Espera de Um Milagre (1999), Beleza Americana (1999), o mais recente 007 â Operação Skyfall (2012) entre outros.
Os tons frios e pastĂ©is dominam a abertura do inĂcio ao fim, que mescla imagens relacionadas ao tema, enquanto o nome dos atores, produtores e diretores de cada episĂłdio sĂŁo apresentados ao pĂșblico. Das imagens, temos desde um corpo sendo levado para autĂłpsia, a preparação do cadĂĄver para o funeral, as flores pĂĄlidas representando as cerimĂŽnias retratadas nos episĂłdios, alĂ©m de elementos que se tornaram caracterĂsticas chave da sĂ©rie como o carro funerĂĄrio, lĂĄpides â que abriga um corvo nada simpĂĄtico atĂ© chegar a logo do programa. AliĂĄs, a formação da logo destaca uma interessante metĂĄfora ao ser completada literalmente âa sete palmosâ: o tĂtulo dentro de um caixĂŁo Ă© ligado a uma ĂĄrvore que estĂĄ acima da terra. A ĂĄrvore, sĂmbolo da vida, nos passa a mensagem que a vida tem de continuar, mesmo frente Ă morte. Este Ă© um dos maiores dilemas que os personagens enfrentam ao longo das cinco temporadas.
A famĂlia protagonista toca a sua vida a partir da morte do prĂłximo. Muitos ali acabam nĂŁo se orgulhando do trabalho, chegando por vezes a escondĂȘ-lo, como Ă© o caso de David, personagem interpretado por C. Hall. Entretanto, metĂĄforas aplicadas a fazer cada momento valer a pena, permeiam muitos episĂłdios trazendo ao telespectador a tarefa de repensar os feitos de sua vida. Nesta onda de metĂĄforas a abertura tambĂ©m se enquadra, principalmente dando destaque a muitas partes do corpo humano. Dentre elas, as mĂŁos que sĂŁo lavadas logo nos primeiros frames, fazendo analogia ao agente funerĂĄrio, em contrapartidas aos pĂ©s com uma ficha em seu dedo remetendo a um cadĂĄver. Ă nesse paralelo entre a vida e morte que a abertura se embala e se liga a uma das caracterĂsticas marcante dos episĂłdios â colocar os protagonistas conversando frequentemente com os mortos, em um momento de reflexĂŁo sobre questĂ”es pessoais que muitas vezes fazem conexĂ”es com a âhistĂłria da semanaâ.
Vale tambĂ©m ressaltar que mesmo sendo a primeira coisa da sĂ©rie, a abertura de fato sĂł se encerra apĂłs a morte inicial de cada episĂłdio, em que se finaliza com a data de nascimento e a morte do âcadĂĄver da semanaâ. Uma grande sacada dos produtores que, tambĂ©m virou uma das marcas registradas de Six Feet Under.
Tanto a abertura quanto o tema foram premiados com um Emmy em 2002, dentre os muitos prĂȘmios que a sĂ©rie venceu naquele ano, inclusive a de “Melhor Elenco Drama”. Ă atĂ© hoje uma das mais famosas aberturas da HBO, sendo rapidamente associada ao sucesso que a sĂ©rie fez nos anos em que esteve no ar.
Se vocĂȘ ainda nĂŁo assistiu a esta sĂ©rie fica a indicação de maratona, que vale a pena.
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