A Sete Palmos (Six Feet Under): melhor série de todos os tempos chega à Netflix

Uma das maiores séries da história acaba de chegar ao catálogo da Netflix. A Sete Palmos (Six Feet Under) é maratona obrigatória!

A Sete Palmos

Quando A Sete Palmos originalmente chegou à TV, exibida pela HBO em 2001, as séries ainda era produzidas naquele formato quadradinho. A imagem vinha perfeita para se encaixar nas antigas televisões de tubo. Quando A Sete Palmos estreou em junho daquele ano, o setembro ainda não havia acontecido. O mundo ainda não havia mudado. E a HBO dava os primeiros passos largos na construção de um selo de qualidade que transformaria a indústria para sempre.

O título deste artigo, aliás, não é tendencioso, tampouco exagerado. Para este redator que vos escreve, A Sete Palmos é a melhor coisa que o mundo das séries já produziu. Sim, Breaking Bad, The Sopranos estão no topo, mas Six Feet Under é diferente. Trata-se de uma série que estava à frente de seu tempo em inúmeros aspectos. Revolucionou técnica, narrativa e audiência em uma era em que plataformas de streaming sequer sonhavam em existir. Uma época em que a internet engatinhava. Em linhas gerais, A Sete Palmos falou da vida e da morte como nenhuma série até então – e depois – ousara falar.

Todos a espera da série que mudaria tudo

O primeiro contato que tive com A Sete Palmos foi durante o ensino médio. À época, a série havia acabado há pouco, mas já havia se estabelecido como uma das melhores produções da TV. Neste período, conheci uma porção de clássicos que moldaram meu gosto e meu futuro, de certa forma. Afinal, hoje escrevo sobre séries. Neste período, não existiam plataformas, e até os downloads eram diferentes. Uma geração inteira já não sabe o que significa o que é um rmvb.

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Pois A Sete Palmos se destacou entre tantas séries e descobertas. Por seu conteúdo denso, não foi consumida com a mesma rapidez de Dexter, por exemplo. Cada episódio era um soco, ou um afago. Cada diálogo era um mergulho na personalidade daqueles personagens. E na minha. Para alguém que nunca aceitou ou entendeu a morte, A Sete Palmos era a sessão de terapia mais certeira e deliciosa à disposição.

Estática: quando paramos de ouvir o ruído

Uma das histórias mais conhecidas sobre a criação de A Sete Palmos, é que Alan Ball, criador da série, havia acabado de ganhar um Oscar de Roteiro Original por Beleza Americana. O filme, aliás, viria a ser um dos mais importantes de 1999 e um dos mais emblemáticos da década. Além de Roteiro, levou as estatuetas de Filme, Direção (para Sam Mendes), Ator (Kevin Spacey) e Fotografia.

Na crista da onda, Alan Ball podia fazer o que quisesse. Foi então que escreveu um roteiro sobre uma família que era dona de uma casa funerária. A HBO amou. Reza a lenda, contudo, que os executivos do canal fizeram um pedido. Apesar de terem amado a história e os personagens, eles acharam tudo um tanto “seguro” demais. Assim, pediram para que Alan Ball deixasse a série mais “f*dida da cabeça”.

E assim ele o fez. E assim a HBO começou a criar o que viria ser conhecida como a Era de Ouro da TV moderna. Ao dar liberdade criativa aos seus criadores e permitir que todos pudessem extrapolar limites, o canal possibilitou a criação de clássicos absolutos. São títulos que ditaram as regras para tudo o que veio depois, dentro e fora do canal.

Círculos perfeitos: o início de uma nova era

Com isso, A Sete Palmos ajudou a pavimentar, ao lado de Sopranos e Deadwood, por exemplo, a estrada dos anti-heróis, dos personagens difíceis e problemáticos. É um caminho que viria a ser seguido por Dexter, Mad Men, The Knick, Breaking Bad, House of Cards e basicamente todas as grandes séries do início do século.

Pois todos os personagens do programa são absolutamente humanos. Nenhum é vilão e certamente nenhum é mocinho. Na verdade, com exceção de uma empresa que ameaça os negócios da família Fisher, quase não há vilões em A Sete Palmos. Só vemos pessoas normais tentando fazer o melhor com o que a vida lhes proporciona.

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E isso rende tanto momentos sublimes (“Você não pode tirar uma foto disso. Já se foi“) quanto devastadores (o enterro no deserto, o sequestro relâmpago). Tudo isso transcorre em cinco temporadas irretocáveis que culminam naquele que é notavelmente considerado como o melhor final de todos os tempos.

Afinal, Alan Ball fez o que Succession fez anos depois: resolveu terminar a série enquanto ela estava no topo. Apesar do público, da crítica e do elenco desejarem mais episódios, Ball decidiu que aquele era o momento ideal de se despedir. E ele estava certo. A Sete Palmos encerra sua brilhante trajetória com uma temporada impecável, e um final incrivelmente emocional e preciso. Até o último minuto, a série faz a sua mágica mais impressionante: através da morte, prova que a vida vale a pena.

Acredite: a melhor série de todos os tempos acaba de chegar na Netflix.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.