Beleza Fatal é boa? Nova da Max começa bem, mas sem novidades

Aposta da Max para competir com a TV Globo no mercado de telenovelas, Beleza Fatal, não acrescenta em nada. Porém, diverte e entretém.

Beleza Fatal
Imagem: Max / Divulgação

Análise da estreia de Beleza Fatal na max.

A ascensão dos serviços de streaming precipitou uma conversa incômoda num país pautado pela TV aberta. Qual futuro do entretenimento de massa? Não estaria antiquada a ideia de assistir algo num horário pré-definido e ainda recheado de comerciais?

Realmente parece arcaico. Afinal, não acordamos mais no mesmo horário, tampouco comungamos dos mesmos afazeres cotidianos. Contudo, algo resiste ao tempo: as novelas. Promovem debates, reflexões e uma produção infinita de memes.

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Sem surpresa, o gênero foi a primeira aposta dos streamings em busca de popularidade (e uma vacina contra uma eventual cota de produção nacional). Assistimos a extraordinária Pedaço de Mim, pela Netflix, e agora, Beleza Fatal, pela Max.

Beleza Fatal
Imagem: Max / Divulgação

Apostando no que funciona

O primeiro acerto de Beleza Fatal vem da aposta de Raphael Montes, o autor e criador, naquilo que funciona. Nos elementos clássicos do gênero. Reviravoltas estrambólicas, personagens cativantes, assim como bordões marcantes e sex appeal.

Além disso, temos três protagonistas femininas que até aqui mostram a que vieram em grandes cenas. Destaco, contudo, o trabalho extraordinário da Camila Pitanga em todos os cinco primeiros capítulos. É uma personagem complexa, com diversas nuances, mas que a atriz compõe com maestria.

Nos força, de uma forma muito fácil, a torcer pelo sucesso das suas atrocidades. Queremos vê-la dando certo, alcançando seus objetivos e nos fazendo rir. Não tem como desviar da Lola. É viciante e queremos cada vez mais.

Imagem: Max / Divulgação

Estruturas frágeis

Mesmo com protagonistas marcantes e elementos do gênero bem definidos, a novela ainda é frágil em alguns pontos. O primeiro deles é um elenco de coadjuvantes sem destaque ou irrelevante. Sabemos que um folhetim é bem sucedido quando tudo funciona e se conecta.

Destaco ainda a incompreensão de escalar atores em personagens até aqui minúsculos. Herson Capri, como Dr. Átila Argento tem uma dúzia de falas em cinco episódios, ao mesmo tempo que Cléo (Vanessa Giáocomo) mal chega ao final desta primeira leva.

Há problemas com diálogos rasos e pouco trabalhados. Aposta-se em frases de efeito, clichês e bobagens ao invés de profundidade, inteligência e intensidade.

Imagem: Max / Divulgação

Profissionais qualificados

Os problemas de Beleza Fatal são fáceis de corrigir e acredito que o desenvolvimento da trama trará esta resolução. Observo também uma maturidade no texto do Raphael Montes. As barbaridades de ‘Bom Dia, Verônica’ parecem superadas.

Lembro ainda do trabalho impressionante da Maria de Médicis à frente da direção. Uma profissional do mais alto prestígio de novelas como Sangue Bom, Babilônia e Cheias de Charme. É um prazer tê-la trabalhando.

Beleza Fatal
Imagem: Max / Divulgação

O futuro já começou

Em suma, acredito que os brasileiros já começaram, mesmo que de forma tímida, a consumir entretenimento em plataformas alternativas à televisão.

Contudo, ainda há um longo caminho para que os novos meios consigam mover a sociedade. Seja mudar comportamentos, promover reflexões ou até mesmo criar leis.

Viva a novela!

Sobre o autor

Bernardo Vieira

Redação

Bernardo Vieira é um jornalista que reside em São José, Santa Catarina. Bacharel em direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina, jornalista e empreendedor digital, é redator no Mix de Séries desde janeiro de 2016. Responsável por cobrir matérias de audiência e spoilers, ele também cuida da editoria de premiações e participa da pauta de notícias diariamente, onde atualiza os leitores do portal com as mais recentes informações sobre o mundo das séries. Ao longo dos anos, se especializou em cobertura de televisão, cinema, celebridades e influenciadores digitais. Destaques para o trabalho na cobertura da temporada de prêmios, apresentação de Upfronts, notícias do momento, assim como na produção de análises sobre bilheteria e audiência, seja dos Estados Unidos ou no Brasil. No Mix de Séries, além disso, é crítico dos mais recentes lançamentos de diversos streamings. Além de redator no Mix de Séries, é fundador de agência de comunicação digital, a Vieira Comunicação, cuido da carreira de diversos criadores de conteúdo e influenciadores digitais. Trabalha com assessoria de imprensa, geração de lead, gerenciamento de crise, gestão de carreira e gestão de redes sociais.