Bird Box Barcelona revela grande estratégia da Netflix

Há algo familiar em Bird Box Barcelona. O filme de terror pós-apocalíptico em espanhol, dirigido por Alex e David Pastor (Os Últimos Dias), que estreou na Netflix mundialmente na sexta-feira, 14, se passa no mesmo “universo ficcional” do Bird Box original. Aquele filme, dirigido por Susanne Bier e estrelado por Sandra Bullock, que foi um sucesso global surpresa para a Netflix em 2018.

A ação de Bird Box Barcelona se passa na capital catalã em vez da Califórnia. E, no lugar de Bullock, o novo filme tem um elenco misto de latinos e europeus, incluindo o astro espanhol Mario Casas, Diego Calva do Babylon bem como Georgina Campbell do Barbarian.

Só que os fãs do original (baseado no romance de Josh Malerman de 2014) reconhecerão a premissa: o mundo foi invadido por entidades misteriosas que, se olhadas diretamente, levam o espectador ao suicídio. Deixe um grupo de sobreviventes de olhos vendados e maltrapilhos tentando levar sua família para um lugar seguro.

Com isso, o novo filme recicla um universo já consolidado e apresenta a nova estratégia da Netflix. Ou seja, a expansão de franquias.

Estratégia da Netflix se consolida em Bird Box Barcelona

“Sabíamos que era fundamental manter os elementos icônicos do nosso universo: as vendas, a mitologia das criaturas, a ideia de um mundo em que ver é a coisa mais perigosa que você pode fazer”, diz Chris Morgan, um dos os principais produtores do Bird Box original e de seu spin-off espanhol.

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“Quanto às divergências, decidimos ignorar o familiar e explorar o que estava acontecendo do outro lado do mundo ao mesmo tempo em que os eventos se desenrolavam no filme original. Como as pessoas de um país diferente, de uma cultura diferente, reagiriam ao mesmo evento?”.

Bird Box Barcelona também é familiar por outro motivo. É o exemplo mais recente da estratégia da Netflix de tentar ampliar o apelo de seus programas populares, dando-lhes uma extensão internacional.

O festival de zumbis de Zack Snyder, Army of the Dead, gerou o filme alemão Army of Thieves. O sucesso espanhol La Casa de Papel ganhou um remake asiático, La Casa de Papel: Coreia, bem como um prequel em espanhol, Berlim. Além disso, Criminal: UK, um drama procedural do criador de Lupin, George Kay, foi refeito para os mercados de língua alemã, francesa e espanhola.

Dessa forma, a plataforma está até tentando levar franquias entre formatos, dando ao hit coreano Round 6 um spin-off brilhante com um game show semelhante a trama da série (mas felizmente não letal).

Repeteco?

“Acredito que nós, como Netflix, podemos oferecer uma maneira diferenciada de adaptar títulos em vários formatos e idiomas, pois temos ótimas equipes de conteúdo local e ótimas equipes trabalhando em vários gêneros – filmes, séries, não-ficção, etc”, diz Teresa Moneo, diretora do European Studio Film na Netflix.

O alcance global da Netflix pode ser algo inédito, mas não há nada de novo em refazer programas de sucesso para o mercado internacional. Desperate Housewives da ABC recebeu várias versões internacionais, incluindo Amas de Casa Desesperadas na Argentina e Umutsuz Ev Kadınları na Turquia. A série israelense BeTipul gerou mais de uma dúzia de spin-offs internacionais, sendo o mais famoso In Treatment da HBO. É um “repeteco”, mas não é algo que apenas a Netflix faz.

“As vantagens [de fazer um spin-off internacional] são inúmeras”, diz Morgan. “Do ponto de vista do público, as extensões internacionais permitem que os espectadores experimentem novos lugares e culturas que eles ainda não viram em filmes um milhão de vezes. E do ponto de vista do marketing, tendo um IP mundial forte e bem-sucedido para ancorar capítulos subsequentes em todo o mundo. Então, é definitivamente um impulsionador da confiança [para a plataforma].”

Alás, parece que a estratégia é certeira. Assim como o primeiro filme, Bird Box Barcelona virou sucesso e desde que estreou não sai do primeiro lugar. Isso indica que a Netflix deve continuar a investir neste caminho, que mesmo trazendo um repeteco, é um movimento confiável em tempos incertos de greves e paralizações.

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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