Boato assustador liga Round 6 a campo de concentração na Coreia do Sul

Vídeo está circulando nas redes sociais e atribuindo campo de concentração na Coreia do Sul como inspiração para Round 6. História é real?

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Imagem: Divulgação.

Nas últimas semanas, rumores de que a série sul-coreana Round 6 (Squid Game) seria baseada em eventos reais viralizaram nas redes sociais.

A especulação apontava para uma possível ligação entre a trama da série e um campo de concentração real na Coreia do Sul dos anos 1980, conhecido como Hyungje Bokjiwon (Brothers Home), apelidado de “Auschwitz da Coreia”. Mas será que há mesmo uma conexão direta? Aqui está o que sabemos.

O que é o Hyungje Bokjiwon?

O Hyungje Bokjiwon foi uma instituição criada com o suposto objetivo de “purificação social“. O local abrigava milhares de pessoas, teoricamente para reabilitação e reintegração social, mas as práticas dentro de suas instalações contavam uma história muito diferente e aterrorizante.

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A maioria dos prisioneiros não era formada por pessoas sem-teto ou marginalizadas, como alegavam as autoridades, mas sim por indivíduos arbitrariamente enviados ao local por policiais em troca de recompensas.

Lá, os internos eram submetidos a torturas físicas, psicológicas e sexuais, além de jornadas de trabalho forçado. Muitos morreram devido aos abusos, enquanto os gritos de dor eram uma constante descrita pelos sobreviventes. O local ficou conhecido como um verdadeiro “inferno na Terra”, mas, até hoje, ninguém foi responsabilizado pelos crimes cometidos.

A conexão com Round 6

Os rumores ganharam força quando fotos de pessoas usando uniformes azuis com máscaras, associadas ao Hyungje Bokjiwon, começaram a circular online, remetendo aos trajes dos participantes em Round 6.

Além disso, a narrativa da série, que explora a exploração dos mais vulneráveis em um jogo de sobrevivência mortal, evoca temáticas que refletem os horrores do campo.

Porém, o criador de Round 6, Hwang Dong-hyuk, nunca confirmou uma conexão direta entre sua obra e o Hyungje Bokjiwon.

Segundo Hwang, a ideia para a série nasceu de suas próprias dificuldades financeiras e de sua observação das crescentes desigualdades econômicas na Coreia do Sul. Embora elementos reais de desigualdade social e exploração estejam presentes, não há evidências concretas de que o campo tenha sido uma inspiração direta.

Fatos ou ficção?

O consenso entre especialistas e fontes confiáveis é que a história de Round 6 ter inspiração direta em eventos reais é um mito. Apesar das semelhanças temáticas entre a série e os horrores do Hyungje Bokjiwon, não há provas de que Hwang Dong-hyuk tenha se inspirado diretamente no campo de concentração.

O uso de elementos reais em obras de ficção, como desigualdade social e abuso de poder, é comum,. Mas isso não significa que a série esteja recriando um evento histórico específico.

Por que essa teoria de Round 6 viralizou?

A viralização dessa teoria pode se responsabilizar pelo impacto emocional de Round 6. E, além disso, à história chocante do Hyungje Bokjiwon, que permanece amplamente desconhecida fora da Coreia do Sul.

A ideia de que uma obra de ficção poderia estar enraizada em um evento tão aterrorizante ressoa com o público e destaca o papel da arte em trazer à tona questões sociais.

Embora Round 6 não seja diretamente baseada em eventos reais, a série ecoa temas que infelizmente refletem aspectos sombrios da sociedade. Entre eles a desigualdade, exploração bem como a desumanização. O Hyungje Bokjiwon é um exemplo doloroso de como essas questões podem se manifestar no mundo real, mas qualquer conexão com a série permanece especulativa.

Para os fãs, Round 6 continua sendo uma crítica contundente à sociedade moderna, mas é importante diferenciar entre ficção e fatos históricos ao discutir suas origens.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.