Cela 211 Crítica: série da Netflix é frustrante
Crítica da série da Netflix, Cela 211. Produção tem trama intrigante, mas a péssima execução dela a deixa bem ruim.
A premissa de Cela 211 parecia promissora: um advogado de direitos humanos, Juan Olvera (Diego Calva), preso por acidente no meio de um motim carcerário e forçado a fingir ser um detento para sobreviver.
Diante disso, a série da Netflix tinha todos os ingredientes para um thriller intenso e psicológico, mas, no final das contas, entrega uma narrativa previsível, com personagens rasos e uma direção que aposta mais em truques estilísticos do que em um roteiro bem construído.
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O dilema moral que nunca se concretiza
Desde o primeiro episódio, a série deixa claro que quer brincar com a ideia de que o sistema penitenciário corrompe até os mais virtuosos.
Juan, que entra na prisão como um homem honesto, vai gradualmente se tornando um criminoso – e, no contexto do enredo, ainda assim se mantém mais moralmente íntegro do que os oficiais e autoridades que deveriam garantir a justiça.
O problema? A série nunca mergulha de verdade nesse conflito. Em vez de explorar a transformação psicológica do protagonista de forma gradual e inquietante, Cela 211 atropela essa transição com eventos óbvios e sem peso emocional.
Quando Juan mata pela primeira vez, por exemplo, a narrativa não nos faz sentir o impacto real desse momento – é apenas mais um acontecimento no meio do caos.
A ausência de tensão em um thriller sem surpresas
Para um suspense que se baseia na premissa de um homem escondendo sua verdadeira identidade entre criminosos, Cela 211 falha em criar tensão genuína. O roteiro parece seguir um manual de clichês: há o líder carismático da rebelião, Calancho (Noé Hernández), que, apesar de violento, tem uma causa “justa”; há a divisão entre bons e maus policiais; e há a previsível revelação da identidade de Juan, que acontece sem grandes consequências.
Quando a série tenta ser chocante, acaba soando forçada. O uso de câmera lenta exagerada e cortes estilizados mais atrapalha do que ajuda, deixando algumas cenas com um ar de artificialidade desnecessária.
Veredito: Cela 211 traz uma grande ideia desperdiçada
Cela 211 tinha potencial para ser um thriller envolvente sobre moralidade, corrupção e sobrevivência em um ambiente hostil. No entanto, a execução não faz jus à ideia.
A série não só entrega um protagonista cuja jornada nunca parece crível, como também se perde em tentativas vazias de impacto visual. O resultado é uma história que quer dizer algo profundo, mas que, no final, não nos faz sentir nada.
Se você procura um drama carcerário intenso, talvez seja melhor revisitar Prison Break ou Oz, porque Cela 211 fica aquém do que poderia ter sido.