Chicago PD | 12×01 traz Voight amargurado e começa com tudo
Review: Estreia da 12ª Temporada de Chicago P.D. – "Ten Ninety-Nine". Texto com spoilers do episódio 12x01.
A estreia da 12ª temporada de Chicago P.D. surpreendeu os espectadores ao introduzir novos personagens, explorar antigas dinâmicas e, ao mesmo tempo, trazer à tona uma narrativa familiar para Hank Voight.
O episódio “Ten Ninety-Nine” foca principalmente no personagem central da série, Voight, enquanto lida com as repercussões de seu quase fatal desfecho na temporada anterior. No entanto, as escolhas narrativas feitas nesse episódio levantam questões sobre a direção criativa da série, especialmente no que diz respeito à maneira como certos personagens são introduzidos e descartados.
Voight: Um Homem Consumido Pelo Trabalho em Chicago P.D.
Hank Voight, interpretado por Jason Beghe, continua sendo o coração da série. Após sobreviver a uma experiência de quase morte no final da 11ª temporada, Voight está em um estado de constante movimento. Ele se joga no trabalho como se isso fosse a única coisa que lhe restasse, uma resposta esperada para um personagem que tem perdido tanto ao longo dos anos.
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Ao longo do episódio, Voight lida com a visão de seu ex-parceiro falecido, Alvin Olinsky, que o “informou” que ele ainda não pode morrer — o que sugere que ele tem algo importante a cumprir. No entanto, a repetição dessa narrativa de “Voight se enterrando no trabalho” começa a se desgastar, já que é algo que já vimos inúmeras vezes ao longo da série.
O que poderia ter sido uma oportunidade para explorar o impacto emocional e psicológico de Voight após sua experiência de quase morte se transforma em mais do mesmo: Voight assumindo cada caso, ignorando qualquer cuidado com sua própria saúde mental ou física, e negligenciando qualquer chance de mudança real em sua vida.
A Introdução de Emily Martel: E Sua Rápida Saída
Uma das maiores surpresas do episódio de Chicago P.D. é a introdução da nova detetive Emily Martel (interpretada por Victoria Cartagena). Apresentada como parte da equipe há um mês, Emily rapidamente estabelece uma relação com Adam Ruzek, com quem ela compartilha um passado desde os dias de academia. No entanto, essa conexão recém-introduzida entre Adam e Emily é rapidamente encerrada quando Emily é morta de forma abrupta após um tiroteio durante uma patrulha com Ruzek.
A morte de Emily foi chocante, mas também frustrante. O desenvolvimento de sua personagem pareceu ser uma jogada puramente para avançar a trama de Adam Ruzek, o que reforça uma crítica frequente a Chicago P.D.: o uso de personagens femininas como ferramentas descartáveis para o desenvolvimento emocional de personagens masculinos. O episódio dedica tempo para que o público simpatize com Emily apenas para eliminá-la de forma abrupta, repetindo um padrão que já vimos antes.
A Ausência de Kim Burgess e Upton
A ausência de Kim Burgess (Marina Squerciati) e Upton (Tracy Spiridakos) deixa uma lacuna perceptível na dinâmica da equipe. Enquanto Burgess está fora em uma conferência de trabalho, sua ausência é sentida, especialmente porque o relacionamento dela com Ruzek tem sido um ponto central na série. O fato de que a série opta por não usar essa ausência para explorar mais a fundo o impacto emocional em Ruzek ou na equipe parece uma oportunidade perdida.
Chapman: Uma Nova Força Desafiando Voight
Outro destaque do episódio de Chicago P.D. é a presença da Assistente do Procurador Estadual (ASA) Nina Chapman, que confronta Voight sobre seu comportamento destrutivo. Chapman, que anteriormente desempenhava um papel mais secundário, surge como uma força que desafia Voight, questionando sua recusa em enfrentar seus demônios pessoais. Ela aponta que Upton costumava ser essa voz para Voight, e agora ela parece estar assumindo essa função. A interação entre Voight e Chapman traz um novo dinamismo, e será interessante ver como esse relacionamento se desenvolverá ao longo da temporada.
Problemas Narrativos: Falta de Evolução e a Questão do Descarte de Personagens
Embora Chicago P.D. tenha estabelecido um estilo sólido de drama policial ao longo dos anos, a estreia da 12ª temporada deixa claro que a série precisa de mais inovação em suas narrativas. O ciclo repetitivo de Voight se jogando no trabalho e a introdução de personagens femininas apenas para serem descartadas em prol de tramas masculinas são problemas que precisam ser abordados. A introdução de Emily Martel e sua morte subsequente exemplificam a tendência da série de usar personagens secundários como dispositivos descartáveis para impulsionar o desenvolvimento de outros.
O que vem por aí em Chicago P.D.?
A estreia da 12ª temporada de Chicago P.D. traz de volta a intensidade emocional característica da série, mas também destaca a necessidade de evolução. Voight continua sendo o centro das atenções, mas sua narrativa repetitiva começa a perder o impacto. A morte de Emily Martel, enquanto chocante, reforça uma tendência problemática da série de sacrificar personagens femininas para o benefício de tramas masculinas.
Com novas dinâmicas sendo introduzidas, como a relação entre Voight e Nina Chapman, há potencial para um desenvolvimento interessante, mas a série precisa se afastar de seus velhos padrões para realmente evoluir nesta nova temporada.