Como Ayrton Senna salvou a vida de Erik Comas
Ayrton Senna e Erik Comas: O ato heroico que salvou uma vida e marcou a Fórmula 1. Saiba os detalhes do que aconteceu.
A história de Ayrton Senna é repleta de momentos de genialidade, paixão pelo automobilismo e gestos de humanidade. Um desses episódios, muitas vezes lembrado com admiração, é o dia em que Senna salvou a vida do piloto francês Erik Comas. Esse momento de bravura ganha ainda mais destaque com a estreia da série Senna, da Netflix, que reconta a trajetória do piloto brasileiro.
O acidente de Erik Comas e a ação de Senna
Em 28 de agosto de 1992, durante o Grande Prêmio da Bélgica, Erik Comas sofreu um acidente devastador na perigosa curva Blanchimont do circuito de Spa-Francorchamps. Dirigindo a cerca de 300 km/h, o carro de Comas colidiu violentamente, destruindo o veículo. A roda esquerda quebrou e atingiu o capacete do piloto, que ficou inconsciente dentro do carro.
Senna, que estava na pista durante a sessão de treinos, percebeu algo errado ao ouvir o som do motor do carro de Comas ainda acelerando, indicando que o motor estava ligado enquanto o piloto estava imóvel. Sem hesitar, ele parou seu próprio carro e correu em direção ao veículo acidentado, ignorando o risco de ser atingido pelos outros carros que continuavam a rodar no circuito.
Senna desligou o motor do carro de Comas, prevenindo o risco de uma explosão, já que havia um vazamento de combustível no veículo. Ele também manteve a cabeça de Comas estabilizada até a chegada da equipe médica, evitando o agravamento de possíveis lesões.
Erik Comas, que não se recorda do acidente, mais tarde reconheceu que a intervenção de Senna salvou sua vida. “Se ele não tivesse desligado o motor, o carro poderia ter explodido. Ele foi meu anjo da guarda naquele dia”, disse o piloto francês, que sempre expressou sua gratidão pelo gesto heroico de Senna.
O reencontro trágico em 1994
Dois anos depois, os papéis se inverteram. No fatídico fim de semana do Grande Prêmio de San Marino, em 1994, Comas estava nos boxes quando ocorreu o acidente que tiraria a vida de Senna. Por um erro da organização, Comas foi liberado para voltar à pista e acabou chegando ao local do acidente enquanto as equipes médicas ainda tentavam salvar Senna.
Comas, que havia conversado com Ayrton naquela manhã sobre questões de segurança na Fórmula 1, testemunhou de perto a gravidade da situação. Ele descreveu a experiência como um momento de “destino cruel”, pois, apesar de Senna ter salvado sua vida dois anos antes, ele se sentiu impotente para ajudar o amigo naquele instante.
O impacto da morte de Senna foi tão grande que Comas imediatamente decidiu se retirar da corrida e, posteriormente, da Fórmula 1. Ele completou a temporada de 1994, mas já havia decidido que seria sua última. O trauma do acidente de Senna acompanhou Comas por anos, até que ele conseguiu revisitar o Brasil e prestar suas homenagens no túmulo do tricampeão mundial.
O legado de humanidade de Senna
A história de Ayrton e Erik Comas é um reflexo do caráter humano de Senna, que ia além de sua habilidade nas pistas. Ele era movido por um senso de responsabilidade, não apenas com seus próprios resultados, mas também com o bem-estar dos outros pilotos.
A tragédia de Ayrton trouxe mudanças significativas para a segurança na Fórmula 1, algo pelo qual ele já lutava em vida. Seu ato heroico com Comas é apenas um dos muitos exemplos que mostram como ele era mais do que um piloto excepcional: era um verdadeiro símbolo de empatia e coragem, tanto dentro quanto fora das pistas.