Como Manifest enganou fãs para guardar maior segredo da série
Fãs de Manifest foram enganados desde a primeira temporada sobre um grande segredo que acabou se confirmando verdade no final.
A série Manifest revelou seus maiores enigmas durante sua última temporada. E, curiosamente, foi uma mentira na 1ª temporada que possibilitou à série enganar os fãs desde o início e, assim, manter o segredo sobre o Voo 828 por tantos anos.
O cerne da trama de Manifest se desenrola em torno do misterioso desaparecimento do Voo 828. Na trama, surpreendentemente, seus passageiros reaparecem após um hiato de cinco anos. Contudo, esse retorno é emaranhado de complexidades, já que todos começam a experimentar visões, denominadas por eles como “chamados”. Além disso, ainda, percebem uma conexão com uma data exata cinco anos após seu retorno. Esta data, segundo acreditam, é a sua “Data da Morte”, um dia fatídico em que toda a humanidade poderia ser aniquilada caso não descobrissem uma forma de evitar tal destino.
Ao longo das quatro instigantes temporadas de Manifest, surgem diversas perguntas intrigantes, e a mais proeminente é: por que, afinal, o avião desapareceu? No desfecho da série, uma resposta impactante é dada: foi Deus quem fez o Voo 828 sumir, escolhendo, de forma aparentemente aleatória, o avião e seus passageiros.
A temida “Data da Morte” é, na realidade, o dia em que os personagens voltam a embarcar no Voo 828, momento em que são avaliados por suas ações e decisões dos últimos cinco anos. O final é carregado de subtextos religiosos, uma escolha que contrapõe diretamente com a alegação da 1ª temporada de Manifest de que a trama não teria conexões com intervenções divinas.
Na 1ª Temporada, Manifest refutou a teoria da Intervenção Divina
A hipótese de Deus ser responsável pelo desaparecimento do avião em Manifest pode até soar previsível para alguns. No entanto, a 1ª temporada foi astuta ao refutar a teoria da Intervenção Divina, direcionando assim os espectadores para longe dessa conjectura.
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No arco “Igreja dos Retornados” dessa mesma temporada, a narrativa faz um esforço para tornar uma justificativa religiosa para o desaparecimento do Voo 828 algo quase risível. De maneira incisiva, Ben Stone (Josh Dallas) rejeita essa possibilidade após Adrian (Jared Grimes) fundar uma igreja em homenagem aos passageiros.
A série, por meio de Ben, retrata Adrian como um fervoroso fanático, conduzindo, assim, o público a desacreditar da ideia de que o desaparecimento do Voo 828 esteja ligado a uma força superior.
Essa subversão na 1ª temporada de Manifest parece ter sido meticulosamente planejada pelos roteiristas para desviar a atenção da audiência da grande reviravolta da trama. As duas primeiras temporadas sugerem que há outros motivos, talvez mais plausíveis, para o desaparecimento do Voo 828. De forma intrigante, a 2ª temporada joga com a ideia da viagem no tempo, desviando ainda mais a atenção da audiência da teoria da Intervenção Divina, teoria essa que personagens como Adrian e Angelina (Holly Taylor) aceitam sem hesitar.
O Enigma de Al-Zuras na 2ª Temporada enganou fãs sobre a revelação divina em Manifest
Manifest é habilidosa ao lançar pistas enigmáticas acerca do destino dos passageiros. No entanto, as alusões ao explorador egípcio Al-Zuras na 2ª temporada servem como uma “cortina de fumaça” para o verdadeiro desenlace da série. Assim como os passageiros do Voo 828, Al-Zuras e sua equipe embarcam em uma aventura e desaparecem, retornando uma década depois sem qualquer memória do ocorrido. Tendo esse evento ocorrido no século XVI, a família Stone está à mercê das conjecturas, sem qualquer possibilidade de questionar Al-Zuras. Contudo, é plausível acreditar que ele tenha antecipado o grande clímax da 4ª temporada de Manifest, tendo possivelmente vivenciado um julgamento divino semelhante.
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Sem maiores informações sobre o explorador e sua tripulação, os protagonistas e a audiência são induzidos a pensar que Manifest culminará em uma revelação relacionada à viagem no tempo. Afinal, a série explora exaustivamente o conceito temporal, seja com os passageiros, com outros desaparecimentos misteriosos, ou com eventos como os de Al-Zuras e Zeke.
Além disso, a inesperada mudança de idade de Cal (Ty Doran) no epílogo da 3ª temporada reforça essa ideia. Todos esses elementos são eficazes em desviar a atenção do público da verdadeira explicação dos eventos em Manifest.
Apesar das distrações, Manifest estrutura bem suas grandes revelações
Mesmo com os desvios narrativos, a grande revelação de Manifest não surge abruptamente. A teoria da Intervenção Divina não surgiu por acaso. A série é repleta de alusões bíblicas durante sua trajetória, e os “chamados” são frequentemente ligados à questões morais. A série recorrentemente se refere a um pavão, enquanto os personagens tentam decifrar o enigma do Voo 828. No imaginário cristão, o pavão é símbolo da ressurreição de Jesus. A expressão de Michaela, “Todas as coisas boas“, também encontra ecos na Bíblia.
Sem sombra de dúvidas, Manifest constrói com maestria o terreno para sua revelação teológica, ao mesmo tempo em que propõe outras possibilidades para o mistério. Mesmo com um final que divide opiniões, a série cumpre seu papel. E assim, conduziu a audiência através do seu principal enigma, oferecendo pistas suficientes para responder à questão central. Além disso, proporcionando surpresas ao longo do caminho para garantir um desfecho memorável e surpreendentemente satisfatório.