Criador de Sandman defende O Senhor dos Anéis de ataques racistas

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder sofre ataques racistas e boicotes na internet. Criador de Sandman reage e defende a série.

O Senhor dos Anéis

Vivemos tempos tristes, sombrios. Tempos em que não entendemos as coisas que amamos e assistimos. É inacreditável que um fã de O Senhor dos Anéis ou Star Wars, por exemplo, tenha olhares, posicionamentos e comentários preconceituosos. Histórias que sempre propagaram amor e compreensão hoje rendem alguns dos momentos mais lamentáveis da internet. Quando achávamos que a indústria era racista, machista e/ou homofóbica, mal sabíamos que o público também era. 

A indústria até tenta mudar. E são elogiáveis as tentativas de grandes franquias em incluir minorias em suas equipes e elencos. O problema é que o progresso tem batido em uma parede de estupidez formada por fãs e espectadores desumanos, vazios. Gente que não entendeu nenhuma das mensagens deixadas por Tolkien, Lucas, Martin, King, Gaiman e tantos outros.

O Senhor dos Anéis
Imagem: Divulgação.

Neil Gaiman comprou a briga e defendeu a série – e o bom senso

Neil Gaiman, aliás, o criador de Sandman, respondeu a argumentos racistas sobre os Harfoots em O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, do Prime Video.

Gaiman respondeu aos argumentos dos fãs no Twitter de que escalar atores negros para interpretar Harfoots, os ancestrais dos Hobbits, vai contra a visão original de JRR Tolkien, já que não havia personagens negros em seus romances. Em um tweet, Gaiman declarou: “Tolkien descreveu os Harfoots como ‘mais pardos’ do que os outros hobbits. Então eu acho que qualquer um que reclame é racista ou não leu seu Tolkien.

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Quando outro fã respondeu a Gaiman dizendo que “pele morena significa branco bronzeado“, o autor respondeu: “Tolkien não disse ‘Os Harfoot passavam mais tempo no sol do que qualquer outro hobbit e eram muito mais bronzeados.’ Ele disse que eles eram ‘amarronzados’.” Essa discussão foi desencadeada por uma entrevista da GQ com o astro de Os Anéis de Poder, Sir Lenny Henry, que interpreta um Harfoot chamado Sadoc Burrows. Na entrevista, o ator afirmou: “Eles não têm dificuldade em acreditar em um dragão, mas têm dificuldade em acreditar que uma pessoa negra pode ser um membro da corte. Ou que uma pessoa negra pode ser um hobbit ou um elfo“.

Grupo de hobbits é variado – e a cara de O Senhor dos Anéis

Harfoots eram uma das três raças de Hobbits, sendo as outras duas Stoors e Fallohides. Como todas as pessoas nos livros originais de Tolkien, os Hobbits têm uma história complexa que não foi totalmente abordada na trilogia de filmes original de Peter Jackson. Os Anéis do Poder, que ocorre durante a Segunda Era da Terra-média, milhares de anos antes dos eventos de O Hobbit e O Senhor dos Anéis, retratará a era inicial dos Pés-peludos. Nos livros, Tolkien descreveu os Harfoots como “mais pardos” do que outros Hobbits. Eles também foram os primeiros a migrar para o oeste e estavam em termos particularmente amigáveis ​​com os anões.

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Em uma entrevista de outubro de 2021, Henry descreveu como era interpretar um “Hobbit negro” em uma tribo “multicultural” como os Harfoots. “Somos hobbits, mas somos chamados Harfoots, somos multiculturais, somos uma tribo, não uma raça, então somos negros, asiáticos e pardos, até mesmo tipos maoris dentro dela“, disse ele. Os showrunners J.D. Payne e Patrick McKay explicaram como a série se diferenciará das adaptações anteriores, mas também observaram que ela tem “raízes profundas” no trabalho original de Tolkien.

Parte do público não entende as mensagens das obras que diz gostar

Logo após a estreia de dois episódios de Os Anéis de Poder, a Amazon suspendeu as classificações da série em um esforço para combater o bombardeio de críticas. O feedback no site agregador de resenhas Rotten Tomatoes mostra uma classificação dos críticos de 84%, enquanto a pontuação do público é de 37%. 

Nota-se portanto, que os críticos, especialistas em TV, aprovaram o programa. Quem desaprova é uma parte do público que julga um produto pela quantidade de pessoas negras no elenco. 

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Os tempos mudaram. Tolkien pode não ter descrito personagens negros de forma explícita, mas ele escreveu sobre união, harmonia e esperança. Além disso, estamos vivendo outra época, enquanto Tolkien criou suas histórias em um ambiente totalmente diferente do atual. Ainda assim, ele criou povos, raças distintas, e mostrou a importância do entendimento e respeito entre elas. Uma das mais belas amizades da cultura pop, por exemplo, é a de Legolas e Gimli. 

Caso você não aceite a mudança, novos rostos, novas cores e identidades, talvez O Senhor dos Anéis, Star Wars, Sandman, Game of Thrones e tentas outras obras não sejam pra você.

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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