Crítica: Com mais um clássico, 21×18 de Law & Order: SVU é um grande acerto

Em mais um bom episódio, Law & Order: SVU ainda precisa aprender que jogar na sua zona de conforto não deve ser sinônimo de falta de ousadia.

Garland's Baptism by Fire, Law & Order: SVU
Imagem: NBC/Divulgação

Manter o fôlego, talvez, seja o principal desafio de Law & Order: SVU, não só nesse restinho de temporada, como também pelos próximos anos.

Seu trunfo, evidenciado neste episódio, é se manter na zona de conforto. Isso não é algo ruim, principalmente para quem está no ar há tanto tempo. É um demérito, sim, vermos o roteiro de The Handmaid’s Tale ou The Last O.G. mirar numa narrativa confortável.

Tal ferramenta, acredito, deve ser usada na estruturação da narrativa e não no desenvolvimento dos personagens e mensagem final da história do episódio. Podendo, infelizmente, limitar suas possibilidades.

Garland's Baptism by Fire, Law & Order: SVU
Imagem: NBC/Divulgação

Em Garland’s Baptism by Fire vemos, enfim, Garland (Demore Barnes) ganha um pouquinho de protagonismo na sua condição de figurante de luxo. Numa bela noite em que convida Olivia para jantar na sua casa, ele também recebe seus amigos mais próximos. Dentre eles o reverendo Delman Chase (Roger Cross), figura que acompanha o subchefe da polícia de Nova York há anos e também serve como seu ‘guia espiritual’. Sua amizade é tão antiga que, além de jantares, eles também compartilham muita confiança. O problema é que, no meio de uma investigação de desvio de recursos numa igreja, Delman é deletado como um predador sexual cujas vítimas eram meninas menores de idade.

Para os fiéis fãs de Special Victims Unit, a síntese acima não é nenhuma novidade ou proposta ousada do roteiro. É possível, inclusive, que já tenhamos visto algo bastante parecido anos atrás. Contudo, como argumentei na minha introdução, tal proposta serve para consolidar sua base de telespectadores e deixar os roteiristas mais confortáveis em trabalhar algo interessante. Afinal, Law & Order: SVU não tem que provar nada para mais ninguém. Principalmente num momento que desafia o tempo e se consolida como a (roteirizada) mais longeva da história.

Sem desculpinha

Garland's Baptism by Fire, Law & Order: SVU
Imagem: NBC/Divulgação

Mesmo com margem para jogar na sua zona de conforto, pensar pequeno não deveria fazer parte do leque de opções dos roteiristas. Acredito que, no que se refere ao desenvolvimento da narrativa principal, faltou ousadia. Para quem é fã, como este que vos escreve, lembra dos tempos de outro notável reverendo: Curtis Scott, interpretado pelo sempre ótimo Leslie Odom. Nos episódios na qual apareceu, ele defendia a população negra de brutalidade policial e reivindicava, junto ao departamento de polícia de Nova York, um melhor preparo para lidar com as comunidades de cor. E qual objetivo da minha lembrança? Ressaltar que a série já soube como melhor desenvolver personagens cheios de potencial.

Não acredito que seria interessante o roteiro nos convidar a imaginar uma cidade à beira de um conflito por causa de um caso de um homem negro preso pela polícia. Contudo, há uma cena, talvez a melhor do episódio, que Delman discursa em frente ao fórum após pagar fiança e ser liberado que vai, justamente, nessa direção. Por alguma razão, não investiu-se na ideia. Poderíamos ainda ter a oportunidade de discutir a necessidade de respeitar o instituto da presunção de inocência, mas nada. É bem verdade que seria uma espécie de assistirmos os ‘Grandes Hits’, mas os problemas sociais, infelizmente, continuam praticamente os mesmos em comparação a 2006, 2012 ou 2019.

Considerações finais

Em suma, acredito que mesmo tendo gostado (muito) de Garland’s Baptism by Fire, é importante lembrar que jogar na zona de conforto não deve sinônimo de preguiça ou falta de grandes ideias. Lembro que anos atrás, a FOX lançou uma minissérie que poucos viram, Shots Fired, que mesmo com uma história tradicional inovou na proposta e no desenvolvimento. O mesmo pode ser dito da britânica Liar ou de Seven Seconds. Histórias tradicionais são super bem vindas e este que vos escreve vai adorar assistir, mas é preciso ter visão.

E vocês, o que acharam? Deixem nos comentários. Além disso, confiram um vídeo promocional do próximo episódio.

Sobre o autor
Avatar

Bernardo Vieira

Meu nome é Bernardo Vieira, sou catarinense e tenho 25 anos. Sou bacharel em direito, jornalista e empreendedor digital. Escrevo no Mix de Séries desde janeiro de 2016.Sou responsável pelas colunas de audiência e Spoiler Alert, além de cuidar da editoria de premiações e participar da pauta de notícias. Quer saber mais? Me pague um café e vamos conversar.

Baixe nosso App Oficial

Logo Mix de Séries

Aproveite todo conteúdo do Mix diretamente celular. Baixe já, é de graça!