Crítica: 2ª temporada de Good Girls mantém o nível e encontra o seu tom

Crítica da segunda temporada de Good Girls, disponível na Netflix.

Good Girls definiu seu caminho

Good Girls é, definitivamente, uma série para se prestar atenção. Após uma primeira temporada envolvente, ela retornou para seu segundo ano de forma revigorada. E agora, traçou os caminhos pelos quais quer seguir. Nos novos episódios, que estrearam na Netflix na última sexta (31), a trama alcança uma maturidade precoce, se tornando um grande beneficiador que manterá o espectador fiel à atração.

Se voltarmos para quando Good Girls estreou, em 2018, a proposta parecia ousada. A sinopse não parecia dar margem para muitas temporadas. Talvez, nem uma. Três mães, que sem saber como resolver seus problemas financeiros, resolvem assaltar um supermercado. Porém, o assalto chama atenção de uma gangue local e as coloca em problemas ainda maiores do que elas tinham.

Chamada de “versão feminina de Breaking Bad“, a premissa de Good Girls até poderia não dar muito pano pra manga. Mas de forma satisfatória, ela conseguiu manter as engrenagem girando, alcançado o final do segundo ano com um saldo extremamente positivo. E mesmo não tendo dado tanta audiência para a NBC nos EUA, a série conseguiu uma renovação para sua terceira temporada, graças às classificações da Netflix. Distribuída mundialmente como “série original”, Good Girls teve um grande número de espectadores na plataforma de streaming. Mas afinal, como ela conseguiu evoluir e delimitar seus caminhos na segunda temporada? A resposta é única: ousando.

Sede de dinheiro

Good Girls simplesmente não existiria caso as personagens de Christina Hendricks, Mae Whitman e Retta tivessem resolvido seus problemas com o dinheiro do primeiro assalto. Claro, elas precisaram se envolver com alguns mafiosos, quando descobriram que a grana que roubaram era “lavada” no mercado.

Posteriormente, elas tiveram oportunidade de sair. Mas quando o poder sobe à cabeça, é algo difícil de controlar. Assim, Beth (Hendricks) se tornou, sim, uma espécie de Walter White do rolê. Além disso, ela esteve apta a matar. E quase fizeram isso. Mas, compensando – ou não -, ela, junto de Annie (Whitman) e Ruby (Retta), chegou a desovar um corpo de um inocente, e isso não está lá muito longe de assassinato.

As vidas delas tornaram-se ainda uma montanha-russa, quando o FBI passou investigá-las ainda mais afundo. Durante a segunda temporada, portanto, foram muitas as situações nas quais elas precisaram escapar. Desde se livrarem de Boomer, o gerente do mercado que queria delatá-las, até o agente Turner, que está em uma busca incansável para derrubar as mulheres, bem como Rio (Manny Montana).

Dessa forma, a cada episódio, um looping dessa montanha russa era atravessado. E o roteiro de Good Girls acertou em cada detalhe, ao conectar as tramas para manter o espectador preso. A série não fica cansativa em momento algum, mesmo tendo nessa temporada três episódios a mais que a anterior. Aliás, ela conseguiu um feito incrível: ficar mais atraente. A série parou de “brincar” com o perigo e assumiu a faceta de uma série mais adulta. Agora, o risco é real.

Tramas interessantes

Good Girls se tornou um espetáculo à parte, se tornando mais fascinante ao investigar e levantar questões sobre a moralidade. Mas há algo que ela aprofundou nesta temporada que também chamou atenção: os custos da ambição feminina.

Nessa temporada, todas as personagens tiveram tramas que se destacaram. Beth, por exemplo, deixou-se envolver com Rio. E aí, misturou sentimentos com trabalho. Com Dean ainda na sua cola, ela precisou equilibrar a vida de traficante com a de mãe. Porém, ela falhou. Resultado? Dean pediu separação e a guarda das crianças. Ela chegou a ficar no fundo do poço, mas misteriosamente ela sabe se reerguer. Ela descobriu seu talento para o crime, desenvolvendo um apetite por uma vida mais emocionante.

Relação de Rio e Beth é uma das tramas que chama atenção de Good Girls na segunda temporada. Imagem: NBC/Divulgação.

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Annie também teve bastantes problemas. Não só acabou se afastando do pai de Sadie, como também acabou se envolvendo com um novo rapaz, Noah. Acontece que Noah era nada menos que o parceiro de Turner, se aproximando da moça para conseguir mais provas contra elas. Só que o rapaz não esperava apaixonar-se pela criminosa, que resolveu apelidar seus crimes de “atividades extracurriculares”, como uma forma de amenizar sua consciência.

Já Ruby roubou a cena. Ao envolver Stan na história, acabou por fazer o marido ser preso e investigado pela corregedoria. Ele manipulou provas para proteger a esposa e acabou se dando mal. A cena em que é algemado na frente das filhas é de partir o coração. Assim, mesmo querendo sair da vida bandida, Ruby precisou continuar. Mas a personagem de Retta é carismática a ponto de você comprar briga por ela. Em certo ponto, você nem liga mais por ela estar cometendo crimes. O público só quer que no final tudo dê certo para ela, mesmo que isso pareça bastante improvável.

Humor permanece intacto

Mesmo com histórias mais profundas e pesadas, Good Girls soube-se manter na linha da comédia. Não que agora ela seja ainda uma série regada ao humor. Mas ela tem momentos hilários, que apenas um bom texto conseguiria mesclá-los com cenas de tensão.

Em um dos momentos na série, Ruby e Annie tentam se virar sozinhas, ao tentar traficar durante uma excursão escolar. A câmera permanece nelas enquanto elas estão sentadas na frente do ônibus. E em meio às pequenas escoteiras, a cena é capaz de capturar uma tensão e um nervosismo sem igual. Tudo, regado a um humor bem incorreto – mas ao mesmo tempo tão “normal” para a série.

Outro momento notável é quando Rio começa a ameaçar Beth, mandando partes de corpos cortados todas as manhãs para a casa dela. A personagem reage de forma brilhante, colocando-a para destruir tais partes no compactador de lixo da cozinha.

Isso sem falar em rápidos momento como quando elas praticam um novo roubo e pedem para o refém contar até um milhão. Com a resposta do rapaz de “isso é impossível“, Anne de forma impulsionante diz, “Então comece a dizer os nomes de todas as músicas do Phill Collins“.

Good Girls transita muito bem entre o drama e humor. Imagem: NBC/Divulgação.

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Podemos fizer que Good Girls criou um gênero próprio. Ela transita no drama e passa pelo humor, sem pestanejar. E, de forma bem modesta, acaba se tornando um estudo de caráter sobre o que é certo e o que é errado. Até onde podemos ir para alcançarmos nossos objetivos ou arrumarmos nossos problemas.

Final eletrizante

A reta final foi um show à parte. Quando achávamos que tudo estava perdido, as reviravoltas acontecem sem percebermos. E, talvez, a maior punição dessas mulheres seja o fato de que agora elas precisem conviver com todos esses erros. Pior ainda é saber que elas gostam de estarem envolvidas nesse mundo.

Além disso, nos instantes finais, elas encontram o caminho da saída mais uma vez. Só que agora, na cabeça de Beth, elas estão definitivamente no controle da situação. Mas algo que me diz que as coisas voltarão a ficar complicadas. E é isso que nos deixará ansiosos até os episódios da terceira temporada no ano que vem.

Sem dúvidas, Good Girls é um tesouro escondido na TV, e sem dúvidas uma série que merece – e muito – a nossa atenção.

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Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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