Mudanças importantes chegam ao hospital
“Como posso Ajudar?”. Nunca é demais iniciar as críticas de New Amsterdam com o bordão do protagonista Max Goodwin (Ryan Eggold). Certamente, a essência do show está nos desdobramentos da filosofia e dos posicionamentos do diretor do hospital. Porém, a primeira metade da segunda temporada demonstrou que existe um limite para Max, e viradas precisam ser dadas.
Continua após as recomendações
Além disso, com a inclusão de novas personagens e tramas, New Amsterdam conseguiu manter o ritmo acelerado de cada episódio, apesar de aderir outra linha narrativa. De saída, o aprofundamento das subtramas de personagens secundários foi um ótimo acréscimo ao roteiro, mas tirou um pouco do peso político da série.
Alguns “adeus” e muitos “olá”
A estreia da segunda temporada trouxe, de forma emocionante, o adeus a Georgia. Se o esforço dos roteiristas no começo da temporada consistia em confundir o espectador sobre os resultados do acidente, o desafio dos episódios seguintes foi mostrar como o elenco lidaria com as mudanças.
Continua após a publicidade
Entretanto, além de Georgia, também nos despedimos de Dora, que aceitou outro emprego e deixou New Amsterdam (já falamos bastante na temporada passada como Zabryna Guevara era subutilizada na série). Mas também tivemos importantes adições ao elenco.
Entre elas, destacaria a participação de Todd Benson (Darren Pettie), um contraponto necessário à visão idealista de Max. Embora pessoalmente discorde na abordagem mais conservadora do personagem, é importante a série incorporar outros pontos de vista que aprofundem e complexifiquem as discussões propostas, papel cumprido por Ron Rifkin na temporada passada.
Outra incorporação importante foi a de Duke (Ian Duff), que vem sendo supervisionado por Reynolds, numa clássica trama de mestre e aprendiz que diz muito sobre o próprio mestre. Sem dúvida, é interessante ver Floyd nessa posição de mentor, e como isso traz questões de sua própria trajetória, tornando o personagem mais interessante.
Os arcos dos coadjuvantes
De modo similar à temporada passada, o roteiro caminha com muitas tramas paralelas, e tenta desenvolver seus coadjuvantes no processo.
Entre todos os arcos, porém, é importante destacar o de Helen Sharpe. Desde a primeira temporada, vimos seu caminho de desconstrução e reconstrução, e nesta segunda temporada temos o aprofundamento disso; com consequências.
Foi sintomático (sim, usamos termos médicos rs) o conflito entre Sharpe e Goodwin no terceiro episódio, colocando ambos em posições quase opostas à temporada anterior. Helen, cada vez mais, toma um posicionamento crítico à medicina liberal e favorável aos pacientes, correndo riscos sérios, o que leva Max a adotar um tom mais cuidadoso, pelo temor de ver sua amiga prejudicada. Essa dinâmica é muito boa para a série, pois mostra a fluidez das personagens.
Entretanto, o preço da reconstrução veio para Helen na midseason finale, quando Karen Brentley (Debra Monk) a tirou de suas funções de comando no hospital, deixando esse arco aberto para o retorno da série em janeiro.
Afora o papel de mentor, o arco de Reynolds também envolve seu não tão empolgante relacionamento com Evie. Desta vez, o ponto de tensão gira em torno do interesse de Evie seguir trabalhando em Los Angeles, o que representa um problema para o relacionamento dos dois. O arco de Iggy, por sua vez, tem permitido aprofundar as questões familiares, com a tentativa de nova adoção, mas isso é algo cuja conclusão veremos mais a frente.
Mudanças para Max
Desde o começo da série, o adoecimento de Max tem sido um dos pontos centrais da narrativa. Já vimos sua negação à doença e seu sofrimento com o tratamento. Esta temporada, porém, tem dado ênfase à recuperação do protagonista e à expectativa quanto às terapias personalizadas.
Em suma, a melhora de Max com o tratamento administrado pela dra. Valentina Castro (Ana Villafañe) trouxe ao roteiro uma trama sobre um possível marco na terapia do câncer, uma esperança para pacientes e familiares, que acaba sendo encabeçada pela equipe do hospital.
Também, a narrativa sobre Max lida com sua dificuldade em se despedir de Georgia e sua adaptação à nova vida ao lado de Luna. Seu arco na primeira metade da temporada ilustra bem essa dificuldade em lidar com o luto e com a dor, e trouxe uma profundida à personagem muito boa à série.
Ademais, o episódio da midseason trouxe uma virada fundamental à narrativa. Max, enfim, está em remissão do seu câncer, o que coloca um novo cenário para o personagem nos próximos episódios. Além disso, ainda há abertura para o desenvolvimento de sua relação confusa com Helen Sharpe.
E dá-lhe cliffhanger
Como um bom final de midseason, o nono episódio da segunda temporada deixou uma ótima ponta para a retomada em janeiro. Novamente, New Amsterdam utilizou sua veia de crítica social para lidar com um tema de grande importância: as condições de mulheres detentas.
O episódio, que teve uma boa parte passada na Ilha Rikers, a famosa prisão em Nova York, abordou as péssimas condições na ala feminina, em meio a um caso de overdose/envenenamento de uma mulher detenta. Além das excelentes cenas com Max, Helen e Iggy na prisão, explorando aquele ambiente inóspito, o final do episódio trouxe uma grande abertura.
Ao final, é revelado que a overdose da detenta, na verdade, era uma conspiração para encurralá-la no próprio hospital, havendo um indicativo de uma rebelião de outras prisioneiras em pleno New Amsterdam, pondo em risco todos que lá estão.
Certamente, o episódio de retorno lidará com essa complicada situação, além das viradas pessoais de cada personagem.
Sequência promissora
Mantendo o ritmo acelerado da primeira temporada, mas trazendo novos elementos narrativos, New Amsterdam continua sendo uma ótima série médica, que emociona a cada episódio e prende a audiência para sua sequência. Resta saber como as viradas da primeira metade afetarão Max e sua equipe.
Vale lembrar que a primeira temporada New Amsterdam está disponível no Globoplay.