“Max, eu quero ver quanto dano você pode causar”
(2×15 de New Amsterdam)
Entre os principais alvos da visão crítica de New Amsterdam, certamente, a indústria farmacêutica recebe grande destaque. Em “Duplo Cego”, o seriado centrou crítica no uso de opiáceos, um grave problema de saúde pública nos Estados Unidos.
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Em paralelo, tramas envolvendo dilemas familiares, conflitos éticos e profissionais, e um misterioso problema clínico, desenharam um episódio dinâmico e atrativo. Além disso, seguimos vendo Max tentando levar a vida fora das paredes do hospital.
Duplo cego e a “vilã” da temporada de New Amsterdam
Particularmente, não me agrada a forma como o roteiro tem apresentado Valentina Castro e sua condução de um ensaio clínico randomizado para tratamento de câncer. O esforço em caracterizá-la como uma vilã tem criado, já há algum tempo, situações rasas de roteiro e, principalmente, de atuação. Entretanto, se é para trilhar esse caminho, pelo menos neste episódio tivemos algo concreto para que Castro assuma esse papel.
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Ponto de explicação: “duplo cego” se refere a processos (não só médicos) em que nenhuma das partes envolvidas tem conhecimento de como o processo é gerenciado. Em ensaios clínicos, duplo cego é quando nem o médico responsável, nem os participantes sabem quem está usando a droga testada e quem recebe o placebo.
Comumente, dilemas sobre ensaios clínicos envolvem o enviesamento do processo com a quebra do duplo cego. No episódio, Helen Sharpe descobre que Castro está manipulando os dados do ensaio para que a droga pareça mais eficiente do que realmente é. Isso é grave, e realmente coloca Castro como uma antagonista para Sharpe. Espero que o roteiro encaminhe a trama mais para a gravidade ética da situação do que para uma rivalidade entre as duas; Helen merece bem mais do que isso em sua história.
“As pessoas estão morrendo pela epidemia de opiáceos” (2×15 de New Amsterdam)
De saída, era possível perceber que havia algo pessoal no pedido de Karen a Max para que ele mobilizasse uma ação contra o uso excessivo de opiáceos. O problema realmente é grave, e está relacionado ao modelo liberal americano que aposta mais em medicamentos do que em estratégias de cuidado. No episódio, acabamos descobrindo, ao final, que a paciente de Bloom era parente da reitora.
É sempre interessante ver os esforços de Max para procurar alternativas ao sistema, mesmo que em muitas situações as soluções não tenham tanta continuidade nos episódios. Neste, vale destacar a emocionante cena das pessoas colocando fotografias de outras que morreram por conta dos opiáceos na parede dedicada à Nyler Wing.
Porém, a melhor conexão, na minha opinião, foi a com a história de vida de Bloom, principalmente na cena do encontro com sua mãe. Embora o caso da mãe tenha sido alcoolismo, explorar a relação do impacto da adicção no passado da personagem com o problema vivido na primeira temporada traz mais empatia e dá maior profundidade à chefe da emergência. Além disso, coloca claramente o problema social das drogas lícitas.
Vijay “House” Kapour
É curioso que, num episódio dedicado ao vício em opiáceos, Kapour tenha incorporado o famoso Dr. House em sua subtrama. Lidando com um caso difícil de diagnosticar, e com o dilema do paciente que esconde informações dos entes queridos, Vijay me trouxe uma nostalgia do médico viciado em Vicodin.
Porém, se a estrutura parecia com o seriado House, a abordagem foi completamente Vijay. A desconfiança nas informações passadas pela esposa não estava na máxima de que “todo mundo mente”, mas no olhar cuidadoso para os sintomas manifestados pelo paciente. Para coroar a subversão da desconfiança, no fim das contas, o marido escondeu sim uma verdade: um presente surpresa que preparava para a esposa.
Como seguir a vida após isso?
Tanto na história de Iggy quanto em uma parte da trama de Max em “Duplo Cego”, o ponto da narrativa era a continuidade da vida após um evento dramático. Para nosso protagonista, Alice segue sendo aquela interrogação sobre a possibilidade de viver após a perda de Georgia. E, a julgar pelo final do episódio, um romance está nascendo aí.
Claramente, não podemos esquecer das insinuações que o roteiro sempre coloca entre Max e Helen. Portanto, não me assustarei se rapidamente a história virar um pseudo triângulo amoroso. De toda forma, tem sido interessante o trato cuidadoso do roteiro com a vida pessoal de Max.
Iggy, por sua vez, atendeu um casal que descobrira, através de um teste genético, o parentesco (eram meios-irmãos). Eu, que sempre adoro as histórias envolvendo Iggy, achei esta bem ruim, especialmente por pesar a mão no discurso sobre relações intrafamiliares (isso é bem mais comum do que se imagina), e pela idealização do amor romântico como solução. Mas, enfim, em termos do personagem, a experiência colocou novamente a questão do autocuidado e da autoestima. Porém, ainda não está muito claro o caminho que a trama seguirá.
Reynolds em cima do muro em New Amsterdam
Eu tenho bastante dificuldade em me importar com essa trama do Reynolds quanto à saída do hospital. Vale o registro do diálogo breve com Max, em que o diretor diz que não pode perder mais ninguém. Ainda assim, me parece faltar mais substância nessa história. Sinto que, no final, Floyd ficará no hospital e terminará com Eve, retomando a história com Bloom. Vejamos…
Com uma crítica comovente e alguns avanços em tramas específicas, principalmente a de Sharpe e Castro, “Duplo Cego” não é dos melhores episódios da temporada, mas mantém o interesse no desenvolvimento da história. Resta esperar o afunilamento da trama e o desenrolar da “vilania” de Castro.
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Abaixo, o vídeo promocional do próximo episódio. Até lá!
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