Crítica: 2×17 de Designated Survivor dá de ombros para George Bush e segue firme
Review do décimo sétimo episódio da segunda temporada de Designated Survivor, da ABC, intitulado "Overkill".
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Guerrá é guerra. Ou será que não?
Quando foi confirmado que a disputa para presidente dos Estados Unidos seria entre Donald Trump e Hillary Clinton, imediatamente formou-se um consenso que o primeiro era “um pombo” e a segunda era “um falcão” em termos de guerra. Em outras palavras, Trump comungava de uma linha menos intervencionista, enquanto Clinton “adorava guerra”. Infelizmente não sou eu falando, mas sim a jornalista Maureen Dowd do The New York Times. Tal posição soa um tanto ridícula no momento que estamos. Porém é importante colocar esse fato histórico em perspectiva porque desde a invasão do Iraque em 2003, o eleitor dos Estados Unidos, seja ele republicano ou democrata, rejeita qualquer candidato com uma visão mais bélica. Se não acredita no que eu digo, só perguntar para Susan Sarandon.
Por isso manifesto grande surpresa ao descobrir que guerra tornou-se um dos fundamentos da segunda temporada de Designated Survivor. Isso porque há uma enorme margem para erros. Seja no tom, seja na mensagem final ou no desenvolvimento da proposta. Acredito que Overkill nos mostrou o porquê o Presidente Kirkman declarou guerra de uma forma tão errática. Faz parte de uma ideia maior e de uma discussão mais urgente do que o poder que o executivo tem em jogar mísseis onde bem entender. Mesmo assim é importante salientar que alguns erros básicos foram repetidos, alguns que já apontados na resenha do episódios anterior e outros novos.
Continuo preocupado com a ausência dos principais membros do gabinete. Ainda não tive a oportunidade de conhecer o Secretário de Defesa ou de Estado ou o embaixador nas Nações Unidas. E o legislativo? Nem considero os líderes dos comitês de inteligência e de forças armadas, pois esses sequer serão lembrados. Mas onde estão os líderes da Câmara e do Senado para receberem instruções classificadas sobre a guerra? O telespectador é inteligente o suficiente para saber que o que ele assiste não é realmente o que acontece na realidade. Então porque seguir esse caminho?
Enfim, um acerto.
Finalmente me vi apreciando a narrativa envolvendo Hannah. Como agente secreta, ela funciona muito bem como militar ou responsável por uma grande operação. Pode parecer uma afirmação ridícula uma vez que a personagem carrega a responsabilidade de injetar ação na história desde o episódio piloto. O problema é que pela primeira vez ela aparece uma proposta interessante, coerente e principalmente inteligência. Explosões, tiros e dublês mal coordenados são tão comuns que até mesmo Sylvester Stallone conseguiu conceber Os Mercenários. Por isso é importante ressaltar um acerto quando vemos um.
Ao final do episódio, vimos o roteiro mostrar qual será a proposta daqui para frente: a 25ª emenda. Tema já abordado em Madam Secretary, que volta para mostrar aos telespectadores o que acontece quando o chefe do executivo está mentalmente incapaz de servir. Confesso que não me sinto confortável com toda essa discussão. Até porque hoje pode ser um republicano acusado de estar doido porque a oposição não gosta da maneira que ele comanda. Amanhã pode ser um grupo de republicanos cuja principal arma para atacar a primeira mulher presidente é questionando seu estado mental. “São os hormônios”, dirão alguns deputados do Sul.
Ninguém quer isso, não é mesmo? Mas Designated Survivor merece o benefício da dúvida. Por enquanto.