Crítica: 3ª temporada de 3% envolve, surpreende e prepara terreno para nova guerra

Crítica da terceira temporada de 3%, série original brasileira da Netflix.

3% apresenta temporada extremamente envolvente

É Brasil! É qualidade! É 3% (três por cento)! E que alegria poder dizer que essa temporada continuou a contribuir para o crescimento de qualidade conseguido na segunda. Temos, acima de tudo, uma série madura, com personagens fortes e que consolida agora seu espaço em milhões de telinhas e telonas em todo mundo. Vamos do riso ao choro muito fácil, com atuações que nem de longe lembram a precariedade dos episódios iniciais. E vamos resgatar aqui, juntos, tudo de bom que vemos nesta treta agora com um novo ponto – “A Concha”.

Primeiramente, precisamos destacar que a Michele surpreendeu com seu espírito de liderança e coletividade. Vemos um mundo de arco-íris na Concha que em nada condiz com a realidade do Continente. E com “todos bem-vindos”, se consolidou como um refúgio e ameaça ao Maralto. Tanto ameaçou que de cara, e meio inesperadamente, vemos as coisas saírem dos eixos e a plenitude do lugar ser abalada. E para nossa nenhuma surpresa, vemos um novo processo pela frente. O terceiro da série que acompanhamos do início ao fim.

Em seguida vale destacar que a dinâmica foi muito boa. As provas mostraram, em resumo, a perspicácia dela e o quanto Ezequiel mexeu mesmo com ela. Joana mesmo a batiza de Ezequiele e digamos que a homenagem foi incrível e super condizente, assim como necessário citar ele neste momento! E é justamente Joana, verdadeira salvadora da segunda temporada, que vai abalar as estruturas da Concha logo de cara. É tão lindo ver sua atuação pela Causa, sempre em um conflito que mal podemos acompanhar a lógica de ser pelos seus próprios dramas passados. Ela tem uma bagagem incrível!

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Se você quer diálogos profundos, essa não é a sua série

Sim, passados três anos, ainda existe uma grande dificuldade em ver diálogos interessantes. Por isso mesmo a construção é feita mais pelo calor da emoção. Perceba, isso ocorre com todos eles. Marcos, Rafael, Joana, Michele, Elisa e Glória mal podem conversar sem soltar coisas extremamente desnecessárias. Porém, isso não estraga em nada a experiência. Estamos falando de personagens que viveram uma vida de miséria no Continente. Se até aqueles do Maralto podem ter momentos de descontrole como a Marcela, quem dirá os demais!

Marcela, aliás, brilhou muito. Laila Garin que atriz maravilhosa! Deu para sentir todo sentimento de rancor, amor, desgosto, trairagem, entre outros que sua personagem precisava externar. Ela após a morte do Ezequiel virou a chefe do processo, porém falha em sua missão por amor ao seu netinho. Que cenas mais lindas. Momentos também de reflexão sobre as maldades por trás de todo maravilhoso Maralto. Famílias arrancadas e dilaceradas.

O passado conversou com o presente em perfeita harmonia

Uma coisa que os autores fizeram, até bem demais, foi dosarem os flashbacks. Tudo casa com os acontecimentos da atualidade e traz luz para muitas coisas. Vimos até o nascimento da Causa e, quem diria, pela própria filha do Casal Fundador! Amei essa ousadia! Bem como, ao vermos o interesse já causando brigas desde 100 anos atrás também mostrou o quão justificável é acontecer tudo isso novamente no presente.

E abram alas para Elisa aparecer e brilhar! Como ela cresceu, ganhou seu espaço e nos encantou. Essa menina foi puro carisma. Não sei vocês, mas chorei com ela em seu processo. O universo distópico de 3% é maravilhoso para quem está no Maralto e sofrido para o Continente. Portanto, foi papel dela mostrar que não existe meio termo! Cumpriu a missão com louvor.

Imagem: Divulgação Netflix

Fernando, no final das contas, nem fez falta

E sua figura mártir funcionou bem para desencadear o enredo da Glória, que pulou de mocinha para vilã duas vezes nesta temporada. Lindo de ver. Em seu desespero por uma vida melhor ela lidera a invasão do Maralto à Concha.

Protagonistas na dose certa

Todos tiveram a presença na medida certa, fazendo com que nada fosse cansativo. Isso foi muito bom. Os plot-twists foram muitos e tudo orquestrado para cada um se sobressair e mostrar seus méritos (Saudades, Ezequiel). Foram 8 episódios produzidos brilhantemente pela Netflix que ampliou o universo da série sem perder sua essência inicial criada por Pedro Aguilera, o autor. Tudo isso, claro, antes da gigante de streaming se quer sonhar em fazer sua produção.

As brigas políticas foram menores do que na segunda temporada, talvez provavelmente pelo grande apelo da Concha, o que me frustrou um pouco, confesso. Porém tenho reais esperanças de que isso seja abordado de forma bem mais madura e enérgica na temporada a vir em 2020 (SIM eu creio) e não apenas superficialmente.

Vem guerra por aí…

A temporada termina em seu ápice com a tomada de poder do Maralto pelos militares. Êxtase é pouco para o final. É claro que este embate tinha de acontecer. Creio também que tudo se encaminha para ser a última temporada. A mensagem pode ser muito boa dependendo do como isso será construído. Mas vendo o que temos hoje aqui estou muito otimista.

Vamos nos animar para o que está por vir. Quero muito ver o André quebrar a cara e vocês? Acham que tudo é fingimento dele ou ele enlouqueceu de vez? Seja como for, estou roendo as unhas de ansiedade e deixem seus comentários. Vamos debater juntos as novidades de 3%, envolventes em 100% (trocadilho sem graça e que por isso mesmo deixei para o final <3)!

Vale falar: Joana de novo amor… que “cuti cuti”!
Vale lembrar: Os Álvares sempre nos surpreendendo. E o Marcos, dessa vez, positivamente!
Vale rever: Reveja a série desde o início e repense sobre o certo e o errado. Sobre o poder de escolha de cada um de nós
Vale tudo: Portanto, mesmo sem grandes surpresas, 3% tem tudo para arrasar na quarta temporada! #VamoPraGuerra

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