Crítica: 3ª temporada de Outer Banks é “chocha, capenga e anêmica”
Outer Banks patina na repetição entregando terceira temporada fraca, sem apelo e cansativa. Crítica sem spoilers.
É até difícil começar essa resenha de Outer Banks, depois de me sentir em uma maratona maçante com a terceira temporada. Aliás, é com tristeza que escrevo essa crítica, pois ela era uma série que guardava em meu coração como uma das minhas favoritas na Netflix.
Acontece que Outer Banks, infelizmente, patinou no seu próprio sucesso, ao mirar em uma história ambiciosa que acabou nadando no repetitivo, no básico e sem qualquer apelo significativo. Em um roteiro bobo e pobre, Outer Banks deixou de mirar no clássico Goonies de Richard Donner e passou a acertar nos piores episódios que séries da CW como Riverdale já chegaram a produzir.
Se eu pudesse descrever a terceira temporada da série, eu iria usar o meme “chocha, capenga e anêmica“.
Outer Banks não trouxe nada de novo
A terceira temporada de Outer Banks pareceu uma promessa de campanha de política. Alardeou muito, mas nada trouxe. A Poguelândia, que se tornou parte gigantesca do material de divulgação da série não durou mais do que 15 minutos no primeiro episódio.
A série, inclusive, perdeu uma ótima oportunidade de utilizar o cenário para aprofundar os personagens, seus dramas, medos e perspectivas, antes de jogá-los novamente em uma caça ao tesouros intensa, que nada de novo acrescentou.
Se antes Outer Banks tinha um apelo com o novo, agora, ela o sacrifica apenas para estender esse tema da busca do ouro por mais alguns episódios.
Acontece que o roteiro de Outer Banks não se desenvolve na terceira temporada. Enquanto os episódios são envoltos de cenas de flashbacks para explicar um ou outro detalhe, a história sempre é interrompida por brigas, cenas de alguém ameaçando outro com armas e perseguições sem sentido, que tornam a hora, ao invés de passar mais rápida, completamente maçante.
Basicamente, os protagonistas de Outer Banks estão ali para: ou serem sequestrados, ou levarem um tiro. E então alguém vai e o liberta… apenas para que alguém o sequestre de novo. Entediante ao extremo, para não dizer sem criatividade.
3ª temporada não encontra uma motivação e torna-se desnecessária
Na história, os pogues John B. Rutledge (Chase Stokes) e seus amigos, Kiara (Madison Bailey), Pope (Jonathan Daviss) e JJ (Rudy Pankow), estão juntos de Sarah Cameron (Madelyn Cline) e recém-chegada jamaicana Cleo (Carlacia Grant) em uma nova aventura.
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Ao saírem da Poguelândia, acabam indo para o Caribe atrás de um novo tesouro. Mas as reviravoltas parecem não terminar quando John B descobre que seu pai está vivo. E então, ele precisa decidir: ser fiel ao seu pai, que também está na busca do ouro, ou ser fiel aos seus amigos?
A premissa parece interessante, mas a execução é péssima. O charme inegável dos personagens estão lá, mas em certa altura é como se Chase Stokes e Madelyn Cline estivessem em modo automático, porque é exatamente isso que o roteiro exige deles.
Não há muito o que explorar, em termos de aprofundamento, e os personagens são jogados a novos obstáculos, apenas para tentarem fazer o espectador ficar animado ou extasiado.
E com um casal que era a grande promessa, JJ e Kiara, a série faz exatamente a mesma coisa: cria situações incompreendidas, apenas para levar o espectador ao final da temporada, e não entregar aquilo que prometeu.
Ao invés de desenvolver o casal, eles simplesmente enrolara, e entregaram o final previsível sem qualquer evolução, que poderia muito bem ter acontecido no primeiro episódio da temporada, para aí sim ter algo que ao menos valesse a pena.
Alguns podem comprar essa provocação barata, mas é algo que não dá.
Episódios finais são interessantes, mas não salvam a experiência
Então, após oito episódios bobos, Outer Banks dá uma guinada do nono para o décimo capítulo. Eles passam grande parte da temporada tentando decifrar enigmas, enquanto brigas fúteis e sem justificativas acontecem.
Aliás, um drama é criado, com a cada novo episódio uma dupla dos Pogues brigando entre si. E então, no episódio seguinte, o amor reina novamente. Mas nem a capacidade deles contornarem tudo isso é capaz de salvar a experiência fracassada de se sentir entediado.
Somando um vilão fraco, com a instabilidade do pai de John B movida por achar o tesouro, nem mesmo os finais emocionantes – que contém baixas significativas no elenco – me interessaram. No fim, quando os créditos finais rolaram, a sensação foi de “graças a Deus”, ao invés de “poxa, já acabou?”.
Em meio a esta terceira temporada, Outer Banks coloca em dúvida se ela precisa mesmo se estender mais além da já confirmada quarta temporada. Mas não se engane: quem gostou do charme ou da intensidade das duas primeiras temporadas, poderá gostar desta parcela.
Só que é aquilo: em meio a tantas produções que estreiam semanalmente, inclusive na Netflix, se contentar com pouco é um luxo que os espectadores não deveriam estar dispostos a pagar.
Quem sabe Outer Banks reverte isso na próxima temporada, mas no momento as expectativas são zero.
Nota: 1/5