Crítica: 4ª de Manifest é boa, mas ainda tem grande problema
Crítica sem spoilers da quarta temporada de Manifest ressalta qualidades, mas também problemas dos novos episódios na Netflix.
Manifest retornou, e agora tivemos acesso a primeira parte da quarta e última temporada da série. Com 20 episódios, a temporada será a maior até aqui, na promessa de dar o final apropriado para os fãs, após a NBC cancelá-la sem um desfecho. Agora na Netflix, Manifest tem alguns pontos novos e interessantes. Só que ainda mantem um velho problema de sempre.
Na história, com Ben distraído por sua busca exaustiva por Eden e Angelina, Michaela (Melissa Roxburgh) assumiu o controle do bote salva-vidas, tentando salvar todos de um destino terrível. Mas muita coisa mudou nos últimos dois anos de vida dos passageiros, tornando essa tarefa ainda mais difícil.
Tudo diferente
A maior mudança de todas é a introdução do registro 828, o qual os passageiros são obrigados a fazer check-in uma vez por mês (ou mais, se você for convocado), ou serão imediatamente levados para a cadeia. Essa é uma das formas do governo de supostamente acompanhar os passageiros para sua própria segurança, já que existem indivíduos perigosos que desejam prejudicá-los.
Mas, em última análise, parece uma punição por causa dos atos terríveis cometidos por alguns dos passageiros assustados e terríveis que acompanharam os Stones no voo que mudou completamente a trajetória de suas vidas.
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Apesar dessa interferência governamental, Vance (Daryl Edwards) e Saanvi (Parveen Kaur) continuam seu trabalho da Eureka da melhor maneira possível. Desde que ela foi desligada após o avião desaparecer nos momentos finais do final da terceira temporada. Mas, eles estão severamente com falta de pessoal e sem nenhum financiamento real, pois essa operação não deveria mais existir.
Enquanto isso, Olive (Luna Blaise) e Cal (Ty Doran) estão aprendendo a sair por conta própria. Estão abraçando a vida adulta o máximo possível após o trauma que sofreram, mas ainda lutando com a perda de sua mãe, irmã e essencialmente seu pai tudo no mesmo dia.
Isso é especialmente pesado para Cal, pois ele é culpado pela morte de Grace, tanto por sua irmã quanto por seu pai, por causa da simpatia que demonstrou por Angelina. Como Cal aponta no início da temporada, Ben mal olhou para ele durante os dois anos que perdemos. Eles também estão morando com Michaela e Zeke (Matt Long).
Episódios na Netflix têm vantagem
Se uma coisa pôde ser aproveitada por Manifest, é que agora na Netflix a série pode explorar um pouco mais alguns personagens. Ou mostrá-lo de uma forma que antes não poderia ser mostrada. Com uma extensão de 5 a 8 minutos, alguns episódios são um pouco maiores e, assim, podemos ver um outro lado pessoal dos personagens que talvez não tivéssemos tempo de ver antes.
Como é o caso de Zeke. Ele segurou toda a família Stone, durante esses dois anos, e virou uma figura paternal para todos ao passo de que Ben se tornou ausente. Isso foi muito interessante de se ver, principalmente se olharmos os dez episódios como um todo e o desfecho triste que ele encontra mais tarde.
Só que tudo, por muito tempo, acaba girando em torno de uma história – o rapto de Éden por Angelina. E, assim, Manifest perde um precioso tempo.
Manifest ainda enrola, e esse é um grande problema
Embora as resoluções aconteçam com mais rapidez do que esperado, Manifest ainda perde tempo com histórias desnecessárias, ou como se não estivesse com os dias contados.
A Netflix concedeu apenas 20 episódios para que a série finalizasse uma história que seria diluída em mais três temporadas. Portanto, esperava-se que o criador Jeff Rake fosse direto. Mas não é exatamente o caso.
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O rapto de Éden, por exemplo, leva metade da temporada para ser desfeito, enquanto ele demora para inserir os assassinatos do 828 – mistério que acaba sendo resolvido rápido demais. Teria sido mais interessante, por exemplo, se o sequestro de Éden tivesse acabado rápido, e os assassinatos demorado um pouco mais pela temporada para serem resolvidos.
Acredito que faltou um desequilíbrio em como contar essas histórias, o que se tornou, como dito, um grande problema. Porém, a experiência da viagem ainda vale a pena, tornando Manifest algo válido para se ver.
No fim, ainda vale acompanhar Manifest
Ao todo, a primeira metade da temporada final é uma continuação fantástica da série. A mudança para a Netflix também coincide com uma grande mudança de tom. Algo que me pergunto se a série poderia ter funcionado se tivesse permanecido na NBC.
Depois de perder Grace e ser rastreado pelo registro 828, o custo dos Chamados e a vida que agora estão sendo forçados a viver – se quiserem sobreviver – pesa sobre os personagens mais do que nunca.
Há uma escuridão em torno deles e de toda a série, que é necessária à medida que construímos em direção ao dia do julgamento final.
A série parece totalmente revitalizada. Cada segmento da história complexa é emocionante à sua maneira. Aqueles que sentiram que a história abrangente com os Chamados estava se movendo muito devagar certamente terão uma surpresa, pois, como dito, certas coisas começam a se mover muito mais rápido com os personagens (e os espectadores).
Talvez o grande acerto da 4ª temporada foi mostrar que os escritores sempre souberam o que estavam fazendo. E que certas coisas que podem ter parecido insignificantes na época são realmente muito importantes.
Uma coisa é certa: está tudo conectado. E os passageiros são levados de volta a muitos pontos das três temporadas anteriores, deixando o público confiante de que veremos um final adequado e satisfatório. Tudo isso, quando a parte 2 da 4ª temporada de Manifest estrear em 2023.
Nota: 3.5/5