Crítica: Ahsoka é retorno à boa forma de Star Wars
Ahsoka é o retorno de Star Wars ao padrão que gostamos de ver. Unindo o velho ao novo, série diverte e enriquece a mitologia.
Apesar de alguns altos e baixos, a franquia Star Wars é sólida e regular. Não há filme, série ou animação da saga que não gostemos. Alguns títulos decepcionam, mas ainda assim cumpre seu papel ao nos divertir.
Depois do sucesso de público e crítica da The Mandalorian, Star Wars achou que seria uma boa ideia investir em todos os projetos possíveis. Pipocaram novas séries e filmes ambientados no universo. A perda de filtro rendeu alguns equívocos como Obi-Wan Kenobi, mas também nos proporcionou Ahsoka.
Criada por Dave Filoni, um dos maiores especialistas em Star Wars da indústria, Ahsoka é o retorno à boa forma da franquia. Afinal, além das decepções de Kenobi, o próprio Mandaloriano teve uma 3ª temporada fria, enquanto Andor, apesar de boa, sofria com problemas de ritmo e pouco se inseriu no cânone clássico da saga.
Boba Fett foi outro que ficou devendo, chegando ao fim como uma oportunidade perdida. Ahsoka, por sua vez, é um aceno a vários bons momentos da mitologia criada por George Lucas.
Ahsoka entrega o que fãs querem ver
Muito disso se deve ao respeito e devoção absoluta de Filoni. O produtor, roteirista e diretor sabe do que o público gosta, e não mede esforços para atingir resultados visuais e narrativos que suprem os desejos dos fãs e do público casual.
Assim, é com imensa satisfação que vemos um flashback das Guerras Clônicas no quinto episódio da temporada. Filoni, que já trabalhou com este momento da saga em outras ocasiões, sabe que é um trecho da mitologia que agrada ao público. E ele acha um jeito de resgatar estes momentos.
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A diferença de Ahsoka para Kenobi, portanto, é que Filoni entende que participações especiais e easter eggs devem servir à trama. No programa com Ewan McGregor, por exemplo, tudo parecia muito conveniente e forçado para cumprir tabelas. Não é à toa, portanto, que as participações de Darth Vader naquela série são totalmente descartáveis e decepcionantes.
Ahsoka, por outro lado, entende o peso destes personagens e ações. É por isso que Anakin – e Vader – são mais trágicos desta vez. Suas cenas na nova série, por exemplo, são mais emotivas e densas do que as da própria trilogia prequel. O roteiro sabe, portanto, que Skywalker é um homem trágico, capaz de bondade de humanidade, e não um vilão raso.
O equilíbrio entre o velho e o novo
Ahsoka, aliás, capricha no cuidado com seus coadjuvantes. Mary Elizabeth Winsted, por exemplo, se diverte como Hera, enquanto Ray Stevenson cria um interessante vilão na pele de Baylan. O personagem, aliás, chama atenção justamente por não cair na armadilha do inimigo unidimensional. Há muito mais no passado e personalidade de Baylan do que percebemos à primeira vista. E Stevenson, que faleceu este ano, parece ter encontrado a persona ideal para dar vida, o que torna sua partida ainda mais triste.
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Rosario Dawson, por sua vez, é uma protagonista forte, mas se encaixa na mesma categoria de Luke e até mesmo Mando. Apesar de ser o rosto da série, a narrativa não gira totalmente em torno dela. Desta forma, Ahsoka é o típico herói de Star Wars: o “protagonista-coadjuvante”. Desta forma, é interessante perceber como Filoni usa a personagem como um avatar, um condutor do que está acontecendo na mitologia da galáxia naquele período.
Resgatando a excelente qualidade técnica (que havia vacilado em Kenobi, por exemplo), Ahsoka traz momento legitimamente empolgantes para qualquer fã. Embalada por um senso de urgência e sequências de ação vibrantes, a série une o antigo e o novo testamento de Star Wars. Aqui, há o que fez de Uma Nova Esperança tão especial, assim como Rebels e Mandalorian tão refrescantes. Escutemos a palavra de Filoni. Vale a pena ser ouvida!
Nota: 4/5