Crítica: Com polêmica, Assédio mostra histórias baseadas em fatos reais e cruéis
Review do primeiro episódio de Assédio, série da Globo.
Série trata de assunto que está em pauta…
O sonho de ser mãe transformado em um pesadelo. É isso que relata a série Assédio, nova empreitada da Globo, inspirada no livro “A Clínica: A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih“.
A nova série, lançada com exclusividade no Globoplay, plataforma on demand do canal, teve sua estreia nessa segunda-feira (15), logo após a novela Segundo Sol – os outros episódio estão disponíveis apenas no Globoplay. E podemos dizer que o primeiro episódio é um soco no estômago.
A história
Na trama, o médico protagonista é Roger Sadala, interpretado por Antonio Calloni. O personagem é baseado em Roger Abdelmassih, condenado por estuprar pacientes em seu consultório em São Paulo entre 1994 e 2007. O ex-médico especialista em reprodução humana, um dos pioneiros da fertilização in vitro no Brasil, foi condenado a 181 anos de prisão por 48 estupros de 37 pacientes. Ele cumpre prisão domiciliar.
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A série começa contando a história de Stela (Adriana Esteves, sempre maravilhosa), a primeira paciente estuprada pelo médico. É doído demais ver a personagem sonhando com a criança durante todo o processo, sendo que nós, público, sabemos o que vai rolar logo logo. Aliás, a cena do estupro é relativamente longa, é real, é sem música. Não ouvimos, mas sentimos que ali acabaram todos os sonhos da personagem, toda a inocência.
Em casa, Roger se mostra um homem religioso, dedicado à família – mas que não aceita críticas muito bem, vide a cena do jantar com kibe cru. Ele também se faz parecer apaixonado pela esposa, mas os pulos da trama, que mostra dois anos marcantes na carreira do monstro original, 1994 (o primeiro estupro), 2007 (o início da ruína da vida do doutor), revelam um homem louco, frio, calculista e extremamente manipulador.
Histórias que precisam ser contadas
Em entrevista ao GShow, a atriz Adriana Esteves ressalta a questão da importância em contar tais histórias, em uma época que as mulheres mostram que elas ainda precisam ser ouvidas em muitos aspectos.
“A minha opinião é que esse assunto tem que ser falado, muito, muitas vezes, e bem alto, ele tem que ser gritado. Acho que eu estou, com esse trabalho, conseguindo apoiar e lutar junto com tantas outras mulheres.”, destacou Esteves.
Mas ela lembra que representa uma personagem que, assim como tantas mulheres, fica calada diante dessa situação. “A minha personagem foi uma mulher que não tinha tanta estrutura para brigar, para lutar, para falar o que aconteceu, pra gritar. Ela se calou. Acho que ela simboliza a que não consegue falar.“. E é justamente isso que torna a série tão real. Muitas mulheres não possuem a coragem para expor esses abusos. Seja por medo, vergonha, ou o julgamento do próximo. É nesse sentido que Assédio é importante. Mostrar tais casos pode inspirar muitas mulheres que passam por isso, incentivando-as e dando-lhes coragem para expor suas histórias.
Com uma estreia forte e rápida, a série deixou no final aquele gosto de sofrimento que Stela sentiu, e tivemos que digerir isso por um tempo.
Pela qualidade em si, Assédio já merece nossa audiência e nossa atenção. E, sem dúvidas, merecia uma exibição por completa na televisão.
Para você assistir a série Assédio, precisará ser assinante da Globoplay, que promete trazer mais conteúdos exclusivos para seus assinantes. Definitivamente, se depender dessa série, já vale a pena…