Crítica: Baby, nova série da Netflix mostra a juventude e suas escolhas erradas
Critica da primeira temporada de Baby, série original Netflix.
Juventude em busca de identidade e independência
A Netflix adora uma polêmica. Depois de ser acusada de romancear o suicídio e induzir a gordofobia, agora está sendo acusada de promover e glamorizar o tráfico sexual de menores. Baby é livremente inspirada em um escândalo italiano ocorrido em 2014 em Roma. O caso ficou conhecido como Baby Squillo, o qual estudantes de famílias ricas ofereciam serviços sexuais em troca de dinheiro. Advogados, políticos e empresários estavam envolvidos no esquema de prostituição infantil e teve grande repercussão.
Para se ter uma ideia, a mãe de uma das meninas foi presa. A série mostra a história de duas estudantes de classe média alta. Após alguns problemas e cansadas das regras impostas pela sociedade, elas resolvem dar um grito de liberdade e se aventuram no submundo de Roma, cheio de festas, drogas, sexo e dinheiro.
Baby não tem um começo envolvente
Aqui encontramos jovens estudantes de uma escola de prestígio de Roma, cada um com seus próprios problemas. Chiara (Benedetta Porcaroli) conhece um novo aluno que desperta sua atenção e acaba fazendo amizade com uma aluna rebelde que tem má fama na escola, após um vídeo íntimo vazar. Chiara tem todo conforto e prestígio que o dinheiro pode comprar, mas a dinâmica do casamento dos pais é problemática e reflete em suas ações.
Já Damiano (Riccardo Mandolini) é filho de um diplomata e carrega o peso de ser de uma família tradicional e perfeita, mas a realidade é bem diferente. E Ludovica (Alice Pagani) está inserida em uma família arruinada e busca apoio em qualquer coisa ou pessoa disponível.
Entretanto, tudo soa muito superficial. A sensação que fica é que a série não tem o objetivo de promover ou denunciar a prostituição, mas, sim, apenas retratar jovens tomando decisões erradas, enquanto tentam se descobrir. O pano de fundo não poderia ser outro, crises familiares, traições, problemas amorosos, drogas e sexo. Quem espera ver cenas tórridas de sexo vai se frustrar. Até mesmo a temática central (a série foi vendida como uma história de prostituição) é rasa. Pelo menos a primeira temporada mostra apenas a entrada de Chiara e Ludovica nesse mundo. Como resultado, temos um tratamento leviano sobre um tema tão importante.
Vidas secretas?
Cada uma entra nessa situação por seus motivos. Enquanto Ludovica enfrenta problemas financeiros com sua mãe, Chiara busca uma fuga de todo drama da sua vida, ou algo que a faça se sentir viva. A verdade é que ambas querem escapar da triste realidade que vivem. Experimentando os prazeres da vida noturna, festas, bebidas, drogas e homens. Elas ganham a falsa sensação de poder e controle. Mas o glamour desse estilo de vida logo se transforma em perigo e deixa as jovens cientes das consequências que podem surgir.
A construção narrativa se assemelha com tudo que já foi produzido para o público adolescente, com exceção da abordagem superficial sobre prostituição de menores. Ainda que o trio protagonista se destaque um pouco não é uma tarefa fácil criar um vínculo com eles.
Até mesmo os personagens secundários não acrescentam muito a trama. Atuações fracas, elenco com pouco carisma e discursos genéricos estão presentes nos seis episódios da primeira temporada. O recurso da narração é introduzido no primeiro episódio e logo depois é esquecido. No último episódio, como forma de fechar um capítulo dessa história, Chiara volta a narrar sua trajetória, porém, com o mesmo discurso inicial. Não há muito aprendizado vou amadurecimento.
Trama não convence
Mesmo com seis episódios, Baby consegue ser arrastada e cansativa. Se posso destacar algo positivo seria a trilha sonora. Com uma coletânea eclética, as músicas ajudam a compor os cenários e expressar as emoções do personagens (já que os atores não conseguem expressar em suas interpretações). As musicas italianas são ótimas!
O final é claro, deixa algumas pontas soltas para uma futura continuação. Basicamente os jovens se envolvem em um problema e continuam sendo forçados a tomar decisões. Já sabemos que escolherão caminhos duvidosos e tomarão decisões erradas. Porém, talvez não seja interessante acompanhar a continuação da jornada dos jovens problemáticos de Roma.