Crítica: Biônicos, filme da Netflix, patina entre erros e acertos
Afinal, o filme Biônicos, um sci-fi brasileiro que a Netflix acabou de lançar, vale a pena? Longa tem erros e acertos.
“Biônicos” é o novo filme da Netflix que acabou de redefinir o gênero sci-fi em produções no Brasil. O filme destaca uma narrativa repleta de ação e dilemas éticos, explorando o mundo da bioengenharia.
A direção de Afonso Poyart, além disso, questiona os limites do potencial humano e as implicações morais das próteses robóticas avançadas.
A história do filme Biônicos na Netflix?
A trama gira em torno da relação complexa entre duas irmãs, Gabi (Kagga Jayson) e Maria (Jéssica Córes). Com o avanço das próteses robóticas no esporte, a rivalidade entre as irmãs se intensifica, levando-as a confrontar o verdadeiro significado de ser uma campeã. O filme não se limita apenas ao entretenimento, mas também incita uma reflexão profunda sobre o futuro da humanidade e a interseção entre tecnologia e valores humanos.
A execução visual de “Biônicos” é digna de aplausos. Poyart constrói um mundo futurista envolvente, onde os Jogos Paralímpicos ganham destaque graças às melhorias biônicas. As sequências de ação, especialmente as competições de salto em distância, são eletrizantes e bem coreografadas, capturando a atenção do espectador. No entanto, o ritmo do filme apresenta oscilações que podem quebrar a imersão.
Onde Biônicos acerta e onde erra
O ponto alto de “Biônicos” é, sem dúvida, a performance de Jéssica Córes. Sua interpretação de Maria é carregada de emoção e profundidade, transmitindo a ambição e a vulnerabilidade da personagem com maestria. A trajetória de Maria, de uma competidora feroz a uma figura que lida com as pressões e os perigos da tecnologia avançada, é cativante e bem delineada.
Apesar das atuações fortes, o desenvolvimento dos personagens secundários deixa a desejar. Personagens como o mentor Heitor e o amigo Gustavo são pouco explorados, o que resulta em uma narrativa que por vezes parece superficial. A relação entre as irmãs, que deveria ser o coração do filme, por vezes perde força devido à falta de aprofundamento nos conflitos e emoções secundárias.
A proposta de “Biônicos” é ambiciosa, tentando mesclar sequências de ação intensas com uma discussão ética sobre o futuro das melhorias biônicas. A premissa é promissora, mas a execução se mostra um tanto confusa. Poyart levanta questões intrigantes sobre os possíveis lados sombrios das próteses avançadas, mas essas reflexões nem sempre são desenvolvidas de forma satisfatória.
Vale a pena?
O filme toca em temas relevantes como acessibilidade e o potencial envolvimento criminoso na tecnologia biônica, sugerindo um universo rico e complexo. No entanto, esses elementos são apenas tangenciados, deixando a sensação de que o filme poderia ter explorado mais esses aspectos. Mesmo assim, “Biônicos” consegue ser uma experiência instigante, especialmente para os fãs de ficção científica.
O equilíbrio entre ação, drama e comentário social é um desafio constante ao longo do filme. Poyart apresenta uma visão intrigante de um futuro onde a tecnologia redefine os limites do corpo humano, mas a narrativa às vezes se perde ao tentar conciliar esses diferentes elementos. Para os fãs do gênero ou para quem aprecia uma boa história de rivalidade entre irmãs, “Biônicos” oferece uma experiência divertida, mesmo que não seja um grande sucesso.
No fim das contas, “Biônicos” é um filme que vale a pena conferir. A performance de Jéssica Córes e a abordagem visual inovadora são suficientes para manter o interesse do público, apesar dos problemas de ritmo e desenvolvimento de personagens. É uma adição interessante ao catálogo da Netflix e um sinal promissor do potencial do cinema de ficção científica brasileiro.