Crítica: Black Summer, série de zumbis da Netflix, é um grande acerto e empolga

Crítica da primeira temporada de Black Summer, série da Netflix.

Black Summer traz vigor para o gênero

Black Summer veio para provar que é possível fazer “mais uma série de Zumbi”, sem se repetir. Pois, se você se propõe a fazer uma série de zumbis, é melhor que traga algo de diferente. Esse talvez seja o lema da nova série da Netflix, que empolga do início ao fim com uma trama ágil e envolvente.

Supostamente, Black Summer deveria ser um prequel de Z Nation, a série bizarra de zumbis da Syfy. Entretanto, é difícil identificar alguma genética entre eles. Talvez, isso tenha sido definido para que mais fãs do gênero sejam atraídos. Mas o novo drama está bem longe daquela atração que teve uma cena que, literalmente, uma stripper zumbi fez um poli dance. Além disso, a série da Netflix está definida no começo do apocalipse zumbi, enquanto a da Syfy três anos depois.

Trama bem desenvolvida

A série começa alguns meses depois que um apocalipse zumbi invadiu a Terra. Entretanto, tudo ainda é completamente desconhecido. Não se sabe como a transformação acontece, apenas o fato de que quando um ser humano morre, ele quase que instantaneamente vira um zumbi.

Por conta disso, um caos absoluto toma conta. E esse caos é transportado para o público de forma esplêndida, a partir do momento que a série é filmada por uma câmera que segue os atores durante os seus passos. É quase uma guerrilha em primeira pessoa. Assim, é como você estivesse jogando um videogame, e que qualquer passo em falso pode lhe custar a sua vida. Desse modo, por estarmos perto da visão dos personagens, o medo e a agonia se transferem para os espectadores de forma quase que total.

Além disso, não só o posicionamento das câmeras é algo certeiro. As longas tomadas, às vezes quase sem cortes, bem como as cenas de ação – que são muitas – estão entre as qualidades da atração, que com oito episódios faz The Walking Dead parecer extremamente cansativa e parada com suas nove temporadas. E é essa comparação que torna a maratona de Black Summer bem mais interessante.

Uma série de guerrilha

Os personagens de Black Summer não possuem um passado aprofundado em sua trama. Mas em certo ponto, nem nos importamos muito. Isso porque a forma como a série transporta o apocalipse para a tela é tão eficaz que, de modo geral, nos simpatizamos com a causa de quem quer que esteja na cena. Não desmerecendo os atores, que são sim eficientes em seus propósitos. Mas a série tem uma “vida própria”, que todo modo não importa muito quem está a conduzindo naquele momento. Claro que, os personagens de The Walking Dead são explorados de forma melhor. Mas é como se aquela série quase dependesse disso, o que não acontece com Black Summer.

O pouco da história que é explorado é algo bem simples: existe um Ponto A, um subúrbio que foi evacuado, e as pessoas precisam chegar a um Ponto B, um estádio de esportes, onde os sobreviventes estão sendo levados, para então partir para as partes mais seguras do país.

De todos os personagens que participam das tramas, a personagem de Jaime King é uma das mais interessantes. Mãe, que perde sua filha depois deles se separarem na evacuação, está em muitas das cenas intrigantes da atração. E os que estão ao seu redor, acabam entrando e saindo cada um com seus propósitos. No final, ou eles se separam ou são mortos. Boa sorte para guardar os nomes deles.

Jaime King é um dos rostos “memoráveis” de Black Summer. Imagem: Netflix

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Mas como dito, isso realmente não importa. Os personagens se tornam extremamente secundários ao se depararem com adrenalina e emoção. A trama não dá tempo para os personagens discutirem moralidade ou ficarem presos em plots monótonos e sem graça. É quase como se eles saíssem de uma situação ruim para sempre caírem em uma pior. E isso é muito interessante em uma série de zumbis. Porque aquele papo de que num apocalipse zumbi o grande problema são os humanos fica completamente implícito. Dessa forma, não é preciso perder tempo discutindo sobre isso. Não precisamos desse tipo de monólogo.

Cenas que empolgam

Eu nunca peguei para assistir qualquer coisa do gênero para tirar uma “lição do dia” no final do episódio, estilo Conselhos do He-Man. Não, uma série de zumbi não serve para isso. Logo, eu quero ficar aflito, gritar, me empolgar com as cenas. E é isso que a série entrega. Logo, ela alcança o objetivo para quem aperta o play no título de Black Summer.

Dentre os melhores momentos, uma cena em que um zumbi faz uma perseguição ao carro em que três personagens – que se tornariam protagonistas – estão. Ou a cena da escola, em que os personagens cismam de ir atrás de um garotinho, ignorando o óbvio que você certamente ficará gritando na frente da televisão.

Aliás, essas cenas empolgam pela agilidade. Seja da direção, que define muito bem para onde os personagens e a trama vão; ou o corte das tomadas; ou até mesmo a agilidade dos zumbis. Porque olha, esses zumbis correm. E assim você conclui que somente os que tem bom preparo físico é que vão sobreviver a isso. Logo, se você exagerou no X-bacon, não terá muita vez por aqui.

Para completar, há alguns “cards” dentro dos episódios, que funcionam como capítulos. São títulos, colocados na tela que nem seriam necessários, mas que servem para quebrar uma monotonia, e talvez colocar um paralelo com o que estava sendo mostrado antes. E no final, pulando de capítulo em capítulo, os destinos destes personagens se cruzam de formas interessantes, fazendo com que a trajetória seja satisfatória. Em todo caso, continuar assistindo para descobrir o que vai acontecer é algo que vale a pena.

Um formato original Netflix

A Netflix permitiu que séries sejam feitas de diferente formatos. Temporadas, partes, capítulos… No final das contas, todos servem para contar de forma única uma história. E Black Summer se beneficia disso. Há episódios de 45 minutos, enquanto outros possuem 20. Dessa forma, os produtores criam a série que desejam criar. E independente do saldo ser positivo ou negativo (e até que é positivo), é algo único não são para quem desenvolveu mas para quem está assistindo também.

Ao final da maratona, Black Summer lhe dá a sensação de que é exatamente isso que The Walking Dead deveria fazer. Menos papo, mais ação. Sem vilões mirabolantes, sem lição de moral. Black Summer é mais do que uma série sobre zumbis, e sim uma experiência de sensações. Certamente, uma excelente opção para passar um dia assistindo. E uma fórmula que deverá render algumas boas temporadas para essa trama. É, sem dúvidas, um dos grandes títulos do mês na Netflix e uma série para que os fãs não deixem de conferir.

Ps: A série passa sim uma lição de moral. Comece a treinar suas corridas. Você nunca sabe quando precisará delas…

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Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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