Crítica: Bojack desconstrói seus vícios em temporada final

Bojack Horseman: Desconstruindo vícios em sua reta final! Crítica da sexta e última temporada de Bojack Horseman, da Netflix.

Sucesso improvável da Netflix lança última temporada

Alguns anos atrás, se me falassem que uma série animada sobre um cavalo seria a série mais reflexiva e impactante da Netflix, eu diria que é mentira. Com ajuda das redes sociais e de uma preocupante identificação do público jovem, Bojack Horseman se tornou um hit com um papel social de grande importância: seus debates se provam cada vez mais relevantes a cada ano. Para sua última temporada, uma pergunta ecoa entre os fãs do problemático cavalo: teria ele salvação?

O texto da animação segue sua linha erroneamente não premiada: um retrato fiel e alegórico de um homem que, mesmo quando empossado de boas intenções, só faz errar consigo e com seus chegados. No momento em que Bojack busca sua redenção, vemos uma jornada despida de egocentrismo, como outras aventuras do cavalo.

Na procura por sua “cura”, o ex-famoso toca em momentos chave do seu passado, na tentativa de construir uma resposta. Seus traumas, frustrações e decepções se misturam ao vicio e criam o que hoje conhecemos como Bojack. É forte, claro, e ainda assim, tratado de uma forma leve. O clima ainda tranquilo dos novos episódios mostra o atual espírito de seu protagonista: não importa o peso que carrega, sua visão está condicionada a tentar ver o lado positivo.

Uma busca por felicidade

Além disso, os personagens de Bojack Horseman, desde o começo da série, vivem uma tristeza generalizada. Seja a forma mais clara da tristeza, apontada no protagonista, ou na figura de uma pessoa que se afoga em trabalho para evitar sua vida real, como a Princesa Carolyn.

Com um senso de conclusão, a nova temporada aborda uma grande procura por felicidade. Todos se encontram realizando as coisas que sempre quiseram fazer, mas algo os impedia – eles mesmos, talvez. A vantagem dessa nova direção narrativa são os episódios focados em algum dos coadjuvantes, algo difícil de se fazer, principalmente quando o público está tão envolto e dedicado ao plot principal, o do protagonista. O que se observa é que a construção do personagem, fruto de anos de bons roteiros e temporadas bem construídas, deram frutos de altíssima qualidade.

Ademais, essa série tem como tradição terminar seus episódios deixando o público com alguma reflexão nos seus colos. Nessa primeira parte da sua despedida, Bojack nos pergunta se estamos fazendo o que nos faz bem. Estamos nos perdoando pelos erros do passado? Estamos passando tempo com as pessoas que realmente precisamos? Não é fácil. Com a metáfora presente na clinica de reabilitação, o cavalo nos lembra que lá fora é diferente. Podemos olhar, assistir, criticar. Na vida real, é mais difícil. Mas cabe somente a nós dar aquele primeiro passo, algo que fica claro ao longo dos rápidos oito primeiros-episódios.

Com um forte começo, a última temporada da maior série animada da Netflix promete emoções e resoluções. Um bom futuro espera o famoso cavalo das sitcons noventistas. Mas não sem antes enfrentar seu passado e se perdoar – e ser perdoado – por seus equívocos e falhas. Diferente do usual tom melancólico, Bojack agora nos convida a ter esperança. Será que ela durará?

Sobre o autor
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Guilherme Bezerra

Pernambucano estudante de jornalismo. Apaixonado por séries desde sempre, aprendeu inglês maratonando How I Met Your Mother. Viajou por mundos e pelo tempo com o Doutor e nunca consegue dispensar uma maratona de Friends. Não vale esquecer a primeira maratona de séries com A Grande Família!

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