Crítica: Com mais maturidade, 2ª Temporada de Anne With an E mostra a que veio

Crítica da segunda temporada de ANNE WITH AN E, criada por Moira Walley-Beckett, da Netflix.

Imagem: Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Já peço desculpas agora, se eu estiver falando demais…

Com uma série em que a protagonista tem uma mente extremamente fértil e, sempre que possível, abre espaço para sua imaginação, não é tarefa fácil poupar as palavras para descrever a 2ª Temporada de Anne With an E.

E acredito que a própria Anne me falaria para não privar as palavras de serem utilizadas. Então, vamos lá, pois temos muito o que falar sobre essa série linda, em todos os sentidos!

AMADURECIMENTO é a palavra da temporada!

Se temos mudanças da temporada 1 (2017) para a 2ª, que estreou dia 6 de julho na Netflix, a mais marcante na minha opinião é o crescimento e amadurecimento do projeto como um todo.

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A começar pela protagonista. Podemos ver uma Anne saindo da infância e adentrando sua adolescência, suas fantasias e amor pelas coisas da vida continuam lá, sem dúvidas. Mas agora essas características são exploradas e apresentadas a novas situações que exigem uma nova postura de Anne. Sejam vilões na cidade, problemas financeiros, doenças e até mesmo reflexões sobre o amor (e suas várias formas)… São desafios que contribuem para a construção da personalidade e do caráter da nossa amada sonhadora ruiva. Anne começa a perceber, por bem ou por mal, que não pode simplesmente continuar agindo por impulsos, como fez muito na primeira temporada.

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Podemos notar essa evolução quando temos um episódio em que Matthew se entristece com Anne por descobrir que ela agia pelas suas costas, e em outro vemos Marilla agradecendo a menina por ter contado a verdade logo de cara.

Ver Gilbert Blythe procurando um sentido para sua vida, após a morte de seu pai, é um capítulo à parte na série. Acompanhar o amigo de Anne trabalhando em um navio e tomando controle das suas atitudes e responsabilidade pelas suas escolhas é gostoso e lindo. Admito que me senti encantado em ver Marilla e Gilbert conversando como “iguais”, como dois adultos. Mais reflexos do amadurecimento da série como um todo!

Marilla e Matthew cresceram também.

Aliás, os irmãos Cuthbert são personagens que ganham muito mais destaque nesse segundo ano de série. Além de ficar explícito como Anne é capaz de mudar as vidas de Matthew e Marilla, descobrimos um pouco mais sobre o passado dos dois em flashbacks lindos, diga-se de passagem. Além disso, podemos perceber que as prioridades dos Cuthberts mudam em relação ao futuro, deles e de Anne. Como se não bastasse isso tudo, ainda conseguimos ficar encantados ao perceber que Marilla e Anne não são tão diferentes assim. Aliás, as semelhanças das duas chegam a ser gritantes, por sinal.

Imagem: Netflix/Divulgação

Assuntos polêmicos contemporâneos.

As questões abordadas na primeira temporada, como preconceito e padrões sociais retornam, agora acompanhadas de críticas ao preconceito e ao racismo e também uma visão bem formulada sobre o feminismo. Percebemos que os negros, mesmo sendo livres, ainda são estigmatizados como escravos ou como “inferiores”. Notamos que mulheres e homens que desenvolvem sentimentos de amor à pessoas do mesmo sexo ainda são excluídos da sociedade, que os considera praticamente “aberrações”.

E o lugar da mulher? Bem, para a maioria da sociedade, ele está bem definido: ser esposa, dedicar-se ao seu marido e manter sua postura de respeito (o que pode significar não gargalhar, por ser vulgar). Porém, conseguimos perceber que algumas ideias mais modernas se tornam cada dia mais evidentes e inevitáveis. Como a professora que traz novos métodos de ensino para a cidade e a mãe que se entristece porque a filha abriu mão da faculdade por causa do noivo.

Série de época, reflexões atuais.

No contexto geral, a série consegue se renovar na 2ª Temporada, mantendo a fórmula mágica e lúdica que nos encantou no primeiro ano. Anne With an E se mostra um show de época que traz questões polêmicas e que até hoje geram muitas discussões. Consegue nos embalar pelos seus 10 episódios de forma fluída e nos deixa com gosto de quero mais.

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Até o momento não foi confirmada uma 3ª Temporada. Se não houver, a sensação de dever cumprido e história contada é real. Se a Netflix nos der mais uma temporada de presente, temos certeza que muitas aventuras ainda poderão ser vividas pela nossa órfã de cabelos vermelhos e sardas no rosto.

Leia mais: 5 Razões para você assistir – e amar – Anne With an E na Netflix

Sobre o autor

Bernardo Vieira

Redação

Bernardo Vieira é um jornalista que reside em São José, Santa Catarina. Bacharel em direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina, jornalista e empreendedor digital, é redator no Mix de Séries desde janeiro de 2016. Responsável por cobrir matérias de audiência e spoilers, ele também cuida da editoria de premiações e participa da pauta de notícias diariamente, onde atualiza os leitores do portal com as mais recentes informações sobre o mundo das séries. Ao longo dos anos, se especializou em cobertura de televisão, cinema, celebridades e influenciadores digitais. Destaques para o trabalho na cobertura da temporada de prêmios, apresentação de Upfronts, notícias do momento, assim como na produção de análises sobre bilheteria e audiência, seja dos Estados Unidos ou no Brasil. No Mix de Séries, além disso, é crítico dos mais recentes lançamentos de diversos streamings. Além de redator no Mix de Séries, é fundador de agência de comunicação digital, a Vieira Comunicação, cuido da carreira de diversos criadores de conteúdo e influenciadores digitais. Trabalha com assessoria de imprensa, geração de lead, gerenciamento de crise, gestão de carreira e gestão de redes sociais.