Crítica: Com toques tragicômicos, 2×03 de The Good Fight faz Christine Baranski brilhar
Review do quarto episódio da segunda temporada de The Good Fight, da CBS All Access, intitulado "Day 422".
Tennessee Williams nunca foi tão atual.
Começar uma review de The Good Fight afirmando que tivemos mais um episódio excelente é uma repetição que eu acredito que deixa o leitor cansado. Até porque, é inacreditável pensar que por melhor que Day 422 tenha sido, o roteiro não cometeu alguns tropeços ou o diretor não deixou aquela cena em particular escapar. E há razão nesse ponto porque alguns personagens simplesmente sumiram em detrimento de outros. É uma lástima que isso aconteça, mas quando vejo um personagem citar Tennessee Williams como antídoto para sobreviver aos nossos tempos confusos, não posso ficar nada menos do que apaixonado.
Para quem assistiu ao promo e ficou empolgado com a proposta de um possível atentado no escritório, pôde ficar ainda mais empolgado porque os roteiristas bolaram narrativas impecáveis para desenvolver nos seus quase sessenta minutos. Começamos com uma moça que está interpelando uma emissora de televisão judicialmente. Não é à toa. Ela alega que foi estuprada por um dos seus colegas de reality show com o incentivo da produção do programa. Qualquer semelhança com o que ocorreu em Bachelor In Paradise em 2017 não deve ser considerado uma coincidência.
O que me surpreendeu não foi meramente a metalinguagem, uma vez que vimos a mesma situação na temporada passada com a NBC, mas sim a maturidade em tratar do assunto. Ao invés de se contentar com argumentos frágeis que dominam as rodas de conversa desde a queda de Harvey Weinstein, fomos colocados numa situação desconfortável: acreditar ou não na moça? Até porque durante todo o processo probatório o telespectador foi confrontado com cenas que sugeriam que o sexo foi consensual e não forçado. O objetivo aqui não é pôr dúvida na palavra das mulheres. Longe disso. Mas de analisar cada situação sem emoções.
Sim, alguns probleminhas
Quanto aos problemas, confesso que realmente não entendi a resolução da proposta do veneno. Porque um funcionário de nível abaixo armaria um circo daqueles simplesmente pela necessidade de “mais prazo”? Compreendo que o roteiro precisava dessa ideia para ter a oportunidade de desenvolver Diane para um novo patamar, mas a amarração poderia receber uma injeção de novidade. Confesso que não reclamaria.
Com exceção da cena final, ainda não consigo compreender o porquê da personagem de Audra McDonald. Faltam-se adjetivos para descrever o quão boa atriz ela é, mas toda intérprete de qualidade precisa de um propósito. O mesmo pode ser dito de Luca. Ela apareceu para salvar o dia com alguns guardanapos e desapareceu. Ainda temos dez episódios pela frente, tempo suficiente para encontrar algo promissor e interessante.
Por fim, uma palavra de sabedoria:
O segredo para felicidade é a insensibilidade – (o mestre) Tennessee Williams