Crítica: Estreia da 2ª temporada de Pose destaca importância e qualidade da série

Crítica da estreia da segunda temporada de Pose.

Pose retornou para mais um ano

Strike a Pose! Uma das melhores séries de 2018 está de volta para sua segunda temporada, melhor do que nunca. Pose, de Ryan Murphy, retornou com mensagens importantes, reafirmando seu posto de uma das séries mais importantes da TV atual. Sua relevância, antes de qualquer coisa, se torna um prato cheio para boas histórias de uma época em que a luta pelos direitos iguais estava só começando.

Além disso, com apenas um episódio exibido, a série destaca como que as vezes não é preciso de muito para se tornar uma série extremamente necessária para o mundo de hoje. E, ironicamente, retratando uma história de três décadas atrás. Será mesmo que mudamos tanto?

Esperança é a palavra de ordem

A segunda temporada de Pose começou já escancarando tudo. Viramos a década de 1980, e retomamos a trajetória destes personagens em 1990. Um ano que, definitivamente, anseia uma mudança para toda essa comunidade com o lançamento da música “Vogue”, de Madonna. A música é claramente inspirada nos passos de dança que fizeram sucesso nos bailes de gays e transexuais na década de 1980, e agora virava hit na boca de todos através da voz inconfundível da Rainha do Pop. A esperança por aceitação passa a predominar, mas alguns problemas pessoais ainda se destacam como um grande muro que impede alguns avanços.

A protagonista Blanca, interpretada brilhantemente por MJ Rodriguez, está com a saúde deteriorando. Agora, ela foi diagnosticada com AIDS, deixando o status de apenas “HIV Positivo”. Isso bate como um soco na personagem, uma vez que ela vem se cuidando cada vez mais. Mas sua maior preocupação nem é dar de cara com a morte, mas sim largar seus filhos sem encaminhamento no mundo.

Na primeira temporada, Blanca se mostrou uma das melhores personagens da série. Trans, excluída da sociedade, monta uma casa para acolher jovens que foram abandonados ou excluídos por conta de sua orientação sexual. Mesmo pobre, isso a faz uma verdadeira guerreira. E essa força se torna um espelho para que esses jovens achem seu lugar no mundo. Assim, ela ainda precisa fazer muito por essas pessoas que moram com ela. E tudo o que ela quer é tempo.

Lute como um ser humano

Blanca, assim como seus amigos, só querem um lugar na sociedade. E isso se torna cada vez mais difícil com a associação da proliferação da AIDS por este grupo. Assim, ser gay se torna um sinônimo de morte no final da década de 1980 e começo dos anos 1990.

Na estreia da segunda temporada, a série trabalha muito essa trajetória, em que veículos e instituições começaram a fazer campanhas contra o sexo. Ou, em outros momentos, espalhando que o preservativo não era uma forma eficaz de combate a propagação da doença. Assim, as personagens mostram a união desta comunidade, em uma belíssima cena de protesto dentro de uma igreja em que elas clamam por menos mortes.

“Chega de mortes!”, desejam eles e elas. Em 1990, a expectativa de vida dos soro positivos chegou apenas em 39 anos. Assim, todos eles desejavam não morrer mais como indigente, mas sim viverem como um ser humano sem ser desprezado. Com tal trama, a série se mostra relevante para a televisão, abordando um assunto importante de discriminação, de como se conscientizar e, acima de tudo, respeitar.

A figura de um anjo…

Nem só de lutas, Pose recheia o começo de sua segunda temporada. A trama de Angel, sem dúvidas, se torna ainda mais interessante. Se na primeira temporada ela chamou atenção por sua trama com um homem casado, que se apaixona por uma trans, agora ela sai da sombra de um personagem masculino e vive o seu sonho. Ela quer ser uma modelo e vai lutar por isso.

Entretanto, o caminho não é fácil. Já deveríamos imaginar que muitos problemas apareceriam, mas ela não contava com um fotógrafo que acaba abusando dela e fotografando-a nua, em troca de um ensaio. Ao se sentir violada, Angel retrata uma situação que certamente muitas mulheres, transexuais, entre outros já podem ter passado neste meio. Ainda mais em uma época tão desigual como o início da década de 1990. A atriz Indya Moore simplesmente arrasou em cada cena que protagonizou, merecendo aplausos e reconhecimento do público. Isso, aparentemente, ela já tem. Seria incrível agora brindarmos este incrível elenco com um Emmy, não acham?

Angel rouba a cena cada vez que aparece em Pose. Imagem: FX/Divulgação

Ambiente familiar

E foi justamente dando foco ao clima familiar, dizendo que é preciso ficarmos do lado de quem consideramos irmãos e irmãs, que Pose mostrou que voltou com tudo. Repetindo uma ambientação incrível – mostrada na primeira temporada – acrescida de um trabalho técnico impecável envolvendo figurino, fotografia, trilha sonora e direção, a série se destaca em meio a tramas fracas que predominam na televisão e streaming. Pose é uma série necessária para a sociedade que, mesmo com alguma evolução, ainda não aprendeu que o respeito é a maior virtude que se pode ter.

Bem-vinda de volta, Pose. Estávamos com saudades!

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Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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