Crítica: Euphoria traz lição e aprendizado com especial, parte 1

Crítica da primeira parte do especial de Euphoria, intitulado Trouble Don't Last Always, exibido mundialmente pela HBO e pelo HBO Go.

Crítica Euphoria especial

Um presente para os fãs de Euphoria

Euphoria voltou em 2020 para um especial. Infelizmente, os fãs ficaram sem uma temporada diante deste cenário caótico. Mas, ao menos, os produtores – e elenco – se importaram em produzir algo para que a saudade não apertasse tanto.

O resultado foi um especial em duas partes, com a primeira exibida em dezembro e a segunda em janeiro. O balanço, pelo menos deste primeiro episódio, sem dúvidas foi positivo. Um presente para os fãs!

Um especial simples, mas poderoso

O episódio todo – de quase uma hora – se passa em um único cenário, uma lanchonete. Nele, temos Rue e Ali, na que seja talvez a cena mais intimista da série. Um diálogo simples, mas que entrega tanto das personagens, mostrando o poder da série.

A conversa, basicamente, explora a hipocrisia de Rue, que teve uma recaída, após ser largada por Jules. Até certo ponto, ela tenta convencer Ali de que está sóbria, embora, em suas atitudes, é perceptível sua alteração. Aliás, são nestes pequenos momentos que vemos o quão merecida foi a vitória de Zendaya no Emmy deste ano.

Em um dos pontos altos do episódio, Rue questiona a necessidade de ficar sóbria. Quase como que se o mundo, caótico do jeito que é, soe hipócrita por pedir sobriedade. “Tem pessoas no mundo que bebem e usam drogas e suas vidas são boas”, argumenta. E mesmo que Rue ache a sobriedade uma fraqueza, Ali está ali para mostrar ao contrário, demostrando que é a única força que ela precisa se agarrar.

O vício como doença

A conversa segue destacando o vício como doença. Como algo que vai além do que Rue controla. A conversa serve para que o público, além da personagem, entendam que, mesmo que Rue acredite estar no controle, ela não está mais. A doença é que a controla neste ponto e que, embora tratável, ela não acontece da forma como a protagonista está conduzindo sua vida.

Crítica Euphoria
Imagem: Divulgação.

Momentos que exploraram o mais íntimo da protagonista

Acredito que este episódio tenha sido o momento mais vulnerável de Rue até aqui. Ela se abre para o público, de uma forma nunca vista. Quando Ali destaca que Deus a quer viva, ela o indaga sobre a morte do pai. Deus então não queria a mesma coisa para ele? Esse é um dos momentos em que Rue consegue desarmar seu padrinho, a ponto dele mesmo precisar parar e refletir sua vida.

Ao continuar a conversa, Rue chega a conclusão de que não morreu ainda por pura sorte.

Mas esta conversa vale pela forma como Ali explica a Rue a necessidade de se agarrar em algo para sobreviver. Quando a garota diz não acreditar em Deus, Ali rebate falando que ninguém é capaz de entender toda a escala da vida.

O ponto também serve para vermos a vulnerabilidade do próprio Ali, que se mostra inseguro, ao ligar para família, na véspera de natal.

Preparando território para o que vem

A complexidade do texto de Euphoria está nas pequenas coisas. E o fato dele explicar ao público, neste especial, sobre como funciona a percepção de Rue é um ponto alto.

Rue deixa claro que detesta estar decepcionada. O que faz link com as atitudes das pessoas próximas a ela, incluindo Jules. A sensação de abandono fica explícita, quando ela se vê constantemente neste cenário desde a morte de seu pai. A culpa, além disso, ganha destaque quando ela mesmo afirma que não merece perdão por ter ameaçado a mãe. Então, Ali exerce sua função de padrinho ao mostrar que talvez Rue esteja sendo muito dura consigo mesmo.

Em certo momento, Ali também explica como que a relação dela com Jules pode ter afetado negativamente ela. Igualmente, destaca como que um viciado em recuperação precisa primeiro encontrar equilíbrio e amor próprio, antes de tentar doar e querer receber amor do próximo. Existe uma linha ténue entre a recaída e a sobriedade, e o relacionamento amoroso definitivamente é uma ameaça para a sobriedade.

Ou seja: quando a segunda temporada acontecer, é possível que vejamos Rue fugindo de Jules. Ou será que a veremos violando estas regras internas e arriscando seu bem estar pela garota que ela ama?

O episódio fecha com uma fala extremamente dolorosa: que ela gostaria de ser lembrada pela mãe e irmã que ela tentou muito ser alguém que não podia. Rue não tem mais forças para viver. E essa fragilidade dói. Dói nas pessoas ao seu redor, dói principalmente nela, e dói no público.

Acredito que este tenha sido um dos melhores roteiros de 2020. Obrigado, Euphoria, por este presente de Natal! Estávamos mesmo precisando.

A parte 2 do especial de Euphoria irá ao ar no dia 24 de janeiro e será totalmente focado em Jules.

E você, o que achou do especial? Deixe nos comentários.

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Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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