Um presente para os fãs de Euphoria
Euphoria voltou em 2020 para um especial. Infelizmente, os fãs ficaram sem uma temporada diante deste cenário caótico. Mas, ao menos, os produtores – e elenco – se importaram em produzir algo para que a saudade não apertasse tanto.
O resultado foi um especial em duas partes, com a primeira exibida em dezembro e a segunda em janeiro. O balanço, pelo menos deste primeiro episódio, sem dúvidas foi positivo. Um presente para os fãs!
Um especial simples, mas poderoso
O episódio todo – de quase uma hora – se passa em um único cenário, uma lanchonete. Nele, temos Rue e Ali, na que seja talvez a cena mais intimista da série. Um diálogo simples, mas que entrega tanto das personagens, mostrando o poder da série.
A conversa, basicamente, explora a hipocrisia de Rue, que teve uma recaída, após ser largada por Jules. Até certo ponto, ela tenta convencer Ali de que está sóbria, embora, em suas atitudes, é perceptível sua alteração. Aliás, são nestes pequenos momentos que vemos o quão merecida foi a vitória de Zendaya no Emmy deste ano.
Em um dos pontos altos do episódio, Rue questiona a necessidade de ficar sóbria. Quase como que se o mundo, caótico do jeito que é, soe hipócrita por pedir sobriedade. “Tem pessoas no mundo que bebem e usam drogas e suas vidas são boas”, argumenta. E mesmo que Rue ache a sobriedade uma fraqueza, Ali está ali para mostrar ao contrário, demostrando que é a única força que ela precisa se agarrar.
O vício como doença
A conversa segue destacando o vício como doença. Como algo que vai além do que Rue controla. A conversa serve para que o público, além da personagem, entendam que, mesmo que Rue acredite estar no controle, ela não está mais. A doença é que a controla neste ponto e que, embora tratável, ela não acontece da forma como a protagonista está conduzindo sua vida.
Momentos que exploraram o mais íntimo da protagonista
Acredito que este episódio tenha sido o momento mais vulnerável de Rue até aqui. Ela se abre para o público, de uma forma nunca vista. Quando Ali destaca que Deus a quer viva, ela o indaga sobre a morte do pai. Deus então não queria a mesma coisa para ele? Esse é um dos momentos em que Rue consegue desarmar seu padrinho, a ponto dele mesmo precisar parar e refletir sua vida.
Ao continuar a conversa, Rue chega a conclusão de que não morreu ainda por pura sorte.
Mas esta conversa vale pela forma como Ali explica a Rue a necessidade de se agarrar em algo para sobreviver. Quando a garota diz não acreditar em Deus, Ali rebate falando que ninguém é capaz de entender toda a escala da vida.
O ponto também serve para vermos a vulnerabilidade do próprio Ali, que se mostra inseguro, ao ligar para família, na véspera de natal.
Preparando território para o que vem
A complexidade do texto de Euphoria está nas pequenas coisas. E o fato dele explicar ao público, neste especial, sobre como funciona a percepção de Rue é um ponto alto.
Rue deixa claro que detesta estar decepcionada. O que faz link com as atitudes das pessoas próximas a ela, incluindo Jules. A sensação de abandono fica explícita, quando ela se vê constantemente neste cenário desde a morte de seu pai. A culpa, além disso, ganha destaque quando ela mesmo afirma que não merece perdão por ter ameaçado a mãe. Então, Ali exerce sua função de padrinho ao mostrar que talvez Rue esteja sendo muito dura consigo mesmo.
Em certo momento, Ali também explica como que a relação dela com Jules pode ter afetado negativamente ela. Igualmente, destaca como que um viciado em recuperação precisa primeiro encontrar equilíbrio e amor próprio, antes de tentar doar e querer receber amor do próximo. Existe uma linha ténue entre a recaída e a sobriedade, e o relacionamento amoroso definitivamente é uma ameaça para a sobriedade.
Ou seja: quando a segunda temporada acontecer, é possível que vejamos Rue fugindo de Jules. Ou será que a veremos violando estas regras internas e arriscando seu bem estar pela garota que ela ama?
O episódio fecha com uma fala extremamente dolorosa: que ela gostaria de ser lembrada pela mãe e irmã que ela tentou muito ser alguém que não podia. Rue não tem mais forças para viver. E essa fragilidade dói. Dói nas pessoas ao seu redor, dói principalmente nela, e dói no público.
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Acredito que este tenha sido um dos melhores roteiros de 2020. Obrigado, Euphoria, por este presente de Natal! Estávamos mesmo precisando.
A parte 2 do especial de Euphoria irá ao ar no dia 24 de janeiro e será totalmente focado em Jules.
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