Crítica: Feel Good, nova comedia da Netflix, é naturalmente divertida

Crítica da primeira temporada da série Feel Good, nova comédia produzida pela Netflix e lançada na plataforma na sexta feira, 20.

Feel Good é uma história sobre vícios e relacionamentos

Para os fãs de series curtas, a Netflix acaba de apresentar mais uma opção: Feel Good, uma nova série de humor que faz refletir sobre a capacidade de autoconhecimento e de controle dos impulsos destrutivos. A série é criada e estrelada pela comediante Mae Martin, e se trata de uma semi autobiografia que explora as complicações de um relacionamento a dois, a aceitação da sexualidade e alguns vícios.

A trama apresenta Mae Martin, interpretando uma versão de si mesma, Mae, uma comediante canadense buscando seu espaço no cenário do stand-up comedy em Londres. Mae é uma viciada em recuperação, mas seus problemas vão além das drogas. Ela é uma personagem muito intensa, seja em seus relacionamentos amorosos, seja na forma que tenta controlar sua dependência. Apesar de Mae encontrar dificuldades de se conectar com seu publico, uma pessoa na plateia chama sua atenção e muda sua vida.

Em uma de suas apresentações, Mae se conecta com George (Charlotte Ritchie), uma mulher que se identifica como heterossexual. Porém, a atração entre as duas é forte o suficiente para decidir arriscar um relacionamento. Em uma breve montagem descobrimos que as duas iniciam uma relação até o momento que decidem morar juntas. Mas elas mal se conhecem e é a partir dai que os problemas surgem. O roteiro desenvolve como esse relacionamento reflete na vida de cada uma delas e quais as consequências.

Equilíbrio entre o humor e a introspecção de Mae tornam a personagem muito humana

No desenrolar da história, Mae encontra um novo amor enquanto tenta controlar e vencer seu vício em drogas. No entanto, ela é o tipo de pessoa que troca um vício pelo outro e leva certo tempo para perceber que o resultado é sempre o mesmo.

Depois de toda excitação e entusiasmo inicial, chega um ponto que a relação esfria, as falhas começam a surgir e a relação acaba. George é uma professora de inglês, que sempre se relacionou com homens e encontra dificuldades (leia-se medo) de falar com seus amigos e sua família sobre seu novo relacionamento. Prova disso é esconder Mae dentro de um armário, literalmente!

Mae traz uma compreensão frágil de sobriedade, sendo esse o inicio de seus problemas. Ela se vê em um novo relacionamento e desperta para muitas questões, como a fluidez da sexualidade, sua identidade de gênero e o fantasma do seu vicio. Elas são de realidades diferentes e parece não se encaixar em seus grupos. O relacionamento delas proporciona um lugar onde elas podem ser elas mesmas. No entanto, química e amor nem sempre são suficientes. A relação se complica com problemas universais e em certos momentos chega perto de ser tóxico. Se elas ficam juntas no final, bem, só assistindo pra saber.

Outro relacionamento que recebe destaque é de Mae com seus pais, sobretudo com sua controladora mãe, vivida pela incrível Lisa Kudrow (nossa eterna Phoebe). É um deleite assistir a atriz e sua química com Mae em cena é ótima.

Considerações finais

Feel Good desenvolve as tramas e seus personagens com tanta naturalidade que deixa a sensação que são pessoas reais vivendo conflitos reais. O roteiro e a direção trazem uma agilidade impressionante para contar a história do casal. Mae Martin e Charlotte Ritchie são ótimas e quando estão juntas são incríveis. Ainda que Mae não faça a narração dos episódios ao quebrar a quarta parede, é possível notar certa semelhança com a estrutura de Fleabag. As duas compartilham do mesmo tipo de humor dolorosamente sincero e introspectivo.

A honestidade que a série lida com os eventos da vida da comediante é resultado da abordagem pessoal que Mae entrega no roteiro. Feel Good refaz algumas partes da vida de Mae Martin, sendo descrita como uma história hilária e profundamente pessoal. Claro que nem tudo pode ter acontecido daquela forma, algumas situações e/ou personagens podem ter recebido uma versão exagerada, mas é possível notar verdade na trama como um todo.

A série traz uma boa trama, com personagens tão humanos, que tornam simples a identificação e a empatia. Em uma temporada de seis episódios com média de 25 minutos, Feel Good dá voz e espaço para as produções de conteúdo LGBTQ+ com uma comédia reflexiva tão ágil, que vai te fazer querer uma segunda temporada pra já.

Confira um vídeo promocional abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=4z_8P4nUx-A

Sobre o autor
Yuri Moraes

Yuri Moraes

Bacharel em Direito, estudante de Marketing Digital. É fascinado pelo universo dos heróis e apaixonado por séries e filmes. Livros de suspense policial são seus favoritos. Boa música e reality shows nao podem faltar. A série favorita, The OC. No Mix, colabora com algumas críticas de séries como, Blindspot, Ozark, La Casa de Papel entre outras.

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