Crítica: Gêmeas Mórbida Semelhança traz atuação incrível de Rachel Weisz
Mórbida Semelhança, nova minissérie da Amazon Prime Video, traz Rachel Weisz em excelente atuação. Estranheza, entretanto, pode afastar.
Embora muitos não percebam – ou não se importem -, há um constante diálogo acontecendo entre o público e os filmes/séries. É por isso que muitas vezes um título “não funciona” com alguém. Neste caso não há diálogo, não há conexão entre o espectador e o que é mostrado na tela.
Gêmeas: Mórbida Semelhança, nova minissérie da Prime Video, constrói a sua conversa com dificuldade, arriscando perder o público graças a uma trama estranha e truncada, bem como personagens pouco carismáticos.
É verdade, por exemplo, que Mórbida Semelhança não funciona logo de largada. É no segundo episódio, entretanto, que a narrativa começa a andar de forma mais acessível. De todo modo, ainda há muito estranheza acontecendo entre uma cena e outra, ou mesmo nos diálogos misteriosos.
Essa incerteza que permeia a minissérie, dando-nos a sensação de que não sabemos sobre o que é a narrativa ao certo, é algo impresso no filmes de David Cronenberg.
Rachel Weisz está impecável em Mórbida Semelhança
Dead Ringers, que inspira o programa, assim como diversos outros projetos do cineasta, prefere não se limitar com classificações ou explicações. Não deixa de ser irônico, por exemplo, que a minissérie seja inspirada no filme de Cronenberg, que por sua vez era baseado em um livro que, por fim, bebia nas fontes de uma história real.
É difícil encontrar a raiz da ideia, fazendo de Mórbida Semelhança uma curiosa releitura de uma inquietante trama.
Leia também: Gêmeas: Mórbida Semelhança (Dead Ringers), tudo sobre a série
Na linha de frente, Rachel Weisz vive as irmãs gêmeas Mantle. E a atriz faz um trabalho estupendo ao estabelecer as mulheres com notáveis diferenças físicas e comportamentais. Não é só o cabelo solto ou preto que difere a dupla. A atriz ainda modula sua voz e sotaque para cada irmã.
Além disso, o temperamento e atitudes de Beverly e Elliot são completamente distintos, tornando fácil e interessante para o público identificar cada personagem.
Minissérie não é para todos, mas pode encontrar seu público
É na estranheza do mundo real, na sempre inatingível riqueza ou na medicina, que Mórbida Semelhança crava suas garras. Nas digressões das pesquisas ou de jantares chiques que o roteiro cria suas características de horror.
É interessante, portanto, que as irmãs busquem transformações positivas na medicina, mesmo que, para isso, se rendam à parcerias, verbas e decisões repreensíveis. Nestes conflitos ideológicos, por exemplo, que Weisz brilha ainda mais.
Com uma bela fotografia, que ressalta o clima estranho e claustrofóbico da narrativa, Mórbida Semelhança pode conquistar por seu visual e por sua personalidade única. Mas também pode afastar por sua falta de foco único. Ora parece suspense, ora horror.
Vez por outro bebe do drama, em outras parece um thriller erótico. Ao tentar abraçar muitas coisas, a minissérie pode falhar no diálogo entre seus elementos. E pior: entre o público e o que está na tela.
Nota: 3,5/5