Crítica: Griselda ressalta drama, ação e poder feminino na Netflix
Crítica sem spoilers de Griselda destaca a série da Netflix que tem Sofia Vergara no papel da narcotraficante colombiana.
A nova minissérie da Netflix, “Griselda“, mergulha de cabeça na vida da temida narcotraficante Griselda Blanco, conhecida como a Madrinha da Cocaína. Com uma citação de Pablo Escobar abrindo a narrativa — “O único homem que eu temia era uma mulher chamada Griselda Blanco” —, a série promete contar uma história que, por sua natureza, já captura a atenção.
A equipe por trás de “Narcos“, incluindo o escritor Doug Miro, o produtor Eric Newman e o diretor Andrés Baiz, reuniu-se novamente para explorar esse universo do tráfico. Só que desta vez sob a perspectiva feminina com Sofía Vergara no papel principal.
“Griselda“, contudo, não se prende estritamente aos fatos históricos. Desde o primeiro episódio, ambientado em 1978, a série se permite liberdades narrativas ao retratar a fuga de Blanco de seu marido traficante em Medellín, Colômbia, para Miami, Flórida. Esta abordagem, embora torne a história mais acessível, dilui a realidade complexa e multifacetada de Blanco. Afinal, ali, ela já comandava um império do tráfico em Nova York antes de se mudar para Miami.
Protagonista se impõe e coloca todos em seu devido lugar
A produção se distingue de “Narcos” por seu estilo: ao invés do tom quase documental da história de Escobar, “Griselda” opta por uma abordagem estilizada e pulp. Trazendo uma energia diferente à narrativa. A direção de Baiz, sem cair no excesso, encontra o equilíbrio certo entre a ostentação e a sutileza, tornando a série uma experiência visualmente atraente e, apesar das terríveis consequências das ações de Blanco, surpreendentemente divertida.
Nos primeiros episódios, “Griselda” parece se encaminhar para algo mais do que mero entretenimento. A série destaca os desafios enfrentados por Blanco, uma mulher em um mundo dominado por homens, delineando tanto os preconceitos que ela enfrenta quanto a solidariedade encontrada entre as mulheres que traz de Medellín. Sofía Vergara entrega uma atuação impactante, que não apenas comprova seu talento dramático, mas também ilustra como as experiências brutais de Blanco moldaram sua natureza implacável.
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No entanto, à medida que a série avança, ela parece perder a oportunidade de se aprofundar em temas que poderiam distingui-la de outras produções sobre o narcotráfico. “Griselda” acaba se entregando demais às cenas de ação e à representação das atrocidades cometidas por Blanco. O que deixa de lado a chance de explorar aspectos mais profundos de sua história e personalidade.
Apesar dessas ressalvas, “Griselda” se mantém como uma obra cativante, com um ritmo bem ajustado e um visual impecável. Não há uma única atuação fraca, e a série serve como uma vitrine merecida para o amplo leque de habilidades de Vergara.
“Griselda” lembra aos espectadores e diretores de elenco que é possível subverter expectativas e estereótipos. Mesmo que isso signifique destruir muitos sutiãs e testemunhar mortes sangrentas no processo.
Disponível na Netflix, “Griselda” é uma adição intrigante ao gênero de drama criminal, mesmo que não atinja todo o seu potencial promissor.
Nota: 4.0/5