Crítica: Halo, da Paramount+, é uma decepção retumbante
Halo estreia na TV depois de muitos anos em produção. Resultado, entretanto, decepciona e coloca mais uma adaptação nas listas negativas.
É possível preencher folhas e mais folhas com os títulos de adaptações de games que não deram certo. Mas quase não usamos todos os dedos de uma mão para apontar as boas adaptações. No cinema, pouquíssimos exemplares se destacam. Resident Evil, por exemplo, apesar de divertido, não é o que chamamos de obra-prima. Terror em Silent Hill, por outro lado, abraçou o terror e acabou sendo um inesperado título positivo.
Na TV, os games já tiveram sua chance e chegam novamente às manchete com Halo, na Paramount+. Mas, infelizmente, o projeto deve ser mais um a ornar as inúmeras páginas de adaptações ruins.
Quando o piloto de Halo começa, a primeira sensação é de estranheza. Na verdade há um “vale da estranheza” considerável. O termo, vale apontar, diz respeito à repulsa/confusão que sentimos quando vemos algo que é quase real, mas por algum motivo e detalhe inexplicável sabemos não ser. Logo de cara, portanto, Halo parece uma animação feita por captura de movimentos. Neste sentido, é quase como um game.
Sob um ponto de vista, esse visual poderia agradar aos mais devotos, mas ninguém sintonizou na série Halo para ver um gameplay do jogo. Se fosse para isso, há diversas edições do game para serem assistidas por aí.
Halo, da Paramount+, tem um fiapo de história
Aos poucos, nossos olhos e mentes se acostumam à fotografia lavada e digital, além dos cenários claramente criados por computação gráfica. É tudo tão falso que até os atores reais soam artificiais. Desta forma, surge o maior problema da série: há potencial narrativo e visual, caso o projeto seguisse por uma estrada de objetividade e simplicidade. Os produtores, entretanto, resolvem investir na escala e tentam criar uma série épica, enorme, que jamais sobreviverá às expectativas.
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Em suma, Halo tem um fiapo de história. E, caso seguisse apenas a este fiapo (o soldado que resgata uma sobrevivente de guerra), poderia ser um produto bem melhor do que é. Na tentativa de usar o máximo de personagens e informações dos jogos, entretanto, Halo se torna verborrágica em excesso e confusa sem necessidade.
Para piorar, os efeitos visuais que deveriam sustentar a parte técnica acabam não convencendo. Isso porque há excesso de cenários digitais e personagens animados. No final, peca-se pelo excesso, mesmo que há acertos no visual aqui e ali.
Saldo é negativo e decepcionante
Halo, então, tenta surfar na onda de The Mandalorian, mas erra ao não investir em acertos da série da Disney. Para começar, a adaptação do game poderia apostar em efeitos práticos ou em uma história direta, que vai do ponto A ao ponto B. Há uma tola preocupação, porém, em estabelecer uma mitologia vasta, complexa e, por vezes, desinteressante. Tudo isso fica ainda mais frustrante ao notarmos que, no limiar, não há nada muito complexo por trás de tudo.
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E é por isso que a série deveria investir mais na relação entre o protagonista e sua cativa. Paul Schreiber está ótimo, mesmo quando não mostra o rosto, e sua química com a jovem resgatada é boa, podendo carregar o roteiro. O texto, porém, tenta lançar intrigas e reviravoltas em uma linha cujo próprio universo ainda não se solidificou. Sobra, então, passarmos por uma falatório sem fim envolvendo pessoas que não conhecemos, onde metade veste um capacete e não mostra o rosto.
Depois de tantos anos em produção, o mínimo que se esperava era uma adaptação respeitosa e divertida. Como isso não aconteceu, nossa mãos seguem vazias, com poucas adaptações boas para enumerar.
Nota: 2/5