Crítica: Halston é uma série vazia e sem apelo na Netflix

Crítica da minissérie Halston, produção original da Netflix feita por Ryan Murphy, de The Politician e Pose.

Critica Halston

Nem Ewan McGregor salva produção

Halston estreou há alguns dias na Netflix, trazendo uma figura real que eu confesso não ter me familiarizado ou sequer lembrado de quem se tratava. Embora a marca seja conhecida, o homem por trás do significado do nome não era tão familiar quanto Ralph Lauren ou Pierre Cardin – ao menos aqui no Brasil. Ou ao menos, para a classe média e pobre.

Dessa forma, assistir a uma série que conta a história de um famoso não tão lembrado, é algo que definitivamente não me atraiu de cara. Mas a maratona é algo válido se você é um fã das produções assinadas por Ryan Murphy.

Só tem um problema: assim como o protagonista desta série, Halston é mais um trabalho da passagem inconstante de Murphy pela Netflix, ora produzindo conteúdos bons, ora produzindo conteúdos duvidosos.

Como protagonista, temos Ewan McGregor, que tem a função de dar vida à figura emblemática. E ele trabalha bem. Dá tudo de si, com um material bem interessante. O personagem Halston é extravagante, tem complexos e surtos com sua equipe a cada 5 minutos e, ainda, um sério problema com drogas. 

O único problema é que Halston, a série, conta uma trama de forma vazia, e que em certo ponto – mesmo com apenas cinco episódios – mostra que não tem muito para onde ir.

Representação gay repetida

Passando pelos anos 1970, 1980 e terminando exatamente em 1990, a série se propõe a contar como que Halston construiu um império vendendo absolutamente tudo. Começando por chapéus, passando por vestidos deslumbrantes, colares e até seu mais famoso perfume. Aliás, este último, rende uma história ótima sobre como ele conseguiu convencer sua equipe a produzir um frasco exótico que custou 50 mil dólares. 

Halston Crítica
Imagem: Divulgação.

A história promete. Mas ela promete desde o início, e quando chega ao fim, ela ainda está prometendo. Com isso, acaba não cumprindo nada.

Sem começo, meio e fim

Ryan Murphy pode ter se esquecido que a Netflix é um serviço que atinge globalmente os espectadores, e talvez seja presunçoso de sua parte achar que todos conhecem a história de Halston. 

Uma vez que a série se propõe a contar sua trajetória, é completamente incoerente a sensação de que a série não tem começo, meio e fim. Ela se inicia “do nada”, e no primeiro episódio não se dá o trabalho de aprofundar as raízes artísticas de Halston… No meio, já demonstra cansaço, e o final parece que fica faltando algo.

Existe pinceladas de que Halston teve problemas em crescer como um adolescente gay. E isso poderia ser explorado de muitas maneiras interessantes. Mas Ryan Murphy opta pelo caminho mais óbvio, trazendo tudo isso em flashbacks deslocados e que em nada acrescentam, no fim da contas.

Representação gay repetida

Seja em produções como “The Boys in the Band”, a peça de 1968 que é o uivo teatral definitivo de isolamento e dor; ou, Ben Platt em “The Politician” e Darren Criss em “The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story”, Ryan Murphy insiste em escrever personagens gays que são movidos por ambição a partir de uma raiva direcionada, bem como a Variety classificou.

Pode parecer revolucionário, se feito uma vez. Mas toda vez, fica algo maçante e, definitivamente, caricato. 

Crítica Halston
Imagem: Divulgação.

Pontos altos

Nem tudo é uma catástrofe em Halston. Por exemplo, o ator Gian Franco Rodriguez entrega uma excelente atuação como o amante do protagonista. Embora o texto, em muitos momentos, insista em colocá-los entre um gelo que, em momento algum, derrete. Ou Krysta Rodriguez, que vive muito bem Liza Minnelli. A real personagem talvez seja o ápice de muitos episódios, e salva todas as cenas em que protagoniza.

No somatório, Halston é uma série que fica no meio termo. Nem acrescenta, nem diminui. Mas para uma trama que quer se ater a fatos históricos, ela parece não ser muito precisa, e é mais um documentário ficcional, com pinceladas de comentários sobre a faceta obscura e ignorante de um estilista gay, que passou por cima de muita gente para conseguir tudo o que sempre quis.

Se Murphy já criou uma obra prima da televisão que é Pose, aqui ele fez algo bem pobre e vazio, restando apenas para McGregor o posto de único motivo que vale para assistir.

Todos os episódios de Halston, que estreou em 14 de maio, estão na Netflix.

https://www.youtube.com/watch?v=ObaYtkq3DVo

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Sobre o autor
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Anderson Narciso

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014.Autor na internet desde 2011, passou pelos portais TeleSéries e Box de Séries.Fã de carteirinha de Friends, ER e One Tree Hill, é aficionado pelo mundo dos seriados. Também é fã de procedurais, sabendo tudo sobre o universo das séries Chicago, Grey's Anatomy, entre outras.

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