Crítica: How I Met Your Father surpreende positivamente

Crítica da primeira temporada de How I Met Your Father, que no Brasil teve episódios disponibilizados pelo Star +.

How I Met Your Father critica

Quando uma série de sucesso tem anunciada outra no mesmo universo, a curiosidade e o medo tocam o coração dos fãs. Principalmente quando o histórico de produções bem-sucedidas nestas situações é baixo. É neste cenário que How I Met Your Father se encontra.

Com a liberação dos dois primeiros episódios de uma vez, a crítica especializada caiu em cima sobre o humor, enredo e tudo que vocês podem imaginar.

Podemos dizer que é normal isso, afinal a série vem com o peso de suceder uma das grandes comédias de todos os tempos. Sem rivalidades aqui, por favor.

Mas agora a temporada acabou e podemos ter impressões completas sobre a série. Lembrando que aqui vai uma análise pessoal, de um dos maiores fãs de How I Met Your Mother. E que, talvez, possa ser um pouco conflitante.

How I Met Your Father é uma comédia ruim?

A pergunta acima vem com base na esmagadora crítica dos dois primeiros episódios. Para responder, temos que lembrar que a série foi criada Isaac Aptaker e Elizabeth Berger (criadores de This Is Us) e produzida pelos criadores da série mãe, Carte Bays e Craig Thomas.

Por que é importante saber disso? Simplesmente pelo fato de que How I Met Your Father se esbanja no desenvolvimento e melhorias criativas que os envolvidos tiveram em suas carreiras. Quem conhece This Is Us e acompanhou as últimas temporadas de HIMYM sabe o quanto de carga dramática estes conseguem transpor para as telas.

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E essa evolução e expertise recai fortemente sobre How I Met Your Father. Apesar de se apresentar como uma sitcom, aqui os personagens já nascem com backstory dramático desde o começo e com sinais latentes de que evoluirão. Infelizmente, a série é uma comédia ruim, pois ela utiliza de momentos cômicos para dar evolução aos personagens, quase uma transgressão no mundo das sitcoms.

How I Met Your Father
Imagem: Divulgação.

Então é boa?

How I Met Your Father não é uma série ruim, muito pelo contrário. Analisando os primeiros anos de sua precursora, a qualidade de textos e diálogos, junto com os personagens que se enquadram na nossa realidade, a série está até que a frente.

A construção da temporada é voltada para nos apegarmos aos personagens. E nesse momento que talvez vejamos um erro na série. Na maioria das séries de sitcom, o núcleo de personagens fica entre cinco, ou exagerando, seis personagens, que dividem os holofotes.

Obviamente a personagem principal é Sophie (no presente interpretada por Hillary Duff e no futuro por Kim Cattrall) e seu cansaço de amores rasos na época de aplicativos de relacionamento. Esse é o start de onde a Sophie do futuro começa a contar para o filho como conheceu o pai dele.

No primeiro episódio, já conhecemos a melhor amiga de Sophie, Valentina (Francia Raisa), com quem ela divide apartamento. E que, do nada, traz o FICANTE britânico e fofo Charlie (Tom Ainsley) para morar junto, mostrando a impulsividade da amiga.

Além disso, conhecemos o taxista desacreditado do amor, Jesse (Christopher Lowell), seu melhor amigo que está abrindo um bar, Sid (Suraj Charma), e sua irmã lésbica que veio morar com ele depois de vinte anos de distância, Ellen (Tien Tran).

Todas essas apresentações são feitas, enquanto Sophie tenta convencer seu date Ian (Daniel Augustin) de que mesmo ele indo trabalhar em um barco na Australia por meses, eles podem ter um relacionamento à distância.

How I Met Your Father
Imagem: Divulgação.

Carisma que atraí

Ufa! Quanta gente, né? Assumo que, de começo, ficou difícil se apegar a tanta coisa acontecendo no primeiro episódio de How I Met Your Father. Exceto o fato de saber que um dos quatro homens que apareceram, era o pai do filho da Sophie.

Por anos em HIMYM, nós sabíamos que não conhecíamos a mãe. Mas aqui é diferente, aqui sabemos que um deles é o pai e isso por si só já é uma boa mudança.

Além disso, após o susto com tanta gente em tela, é inegável que cada um tem seu carisma.

Ellen e Charlie roubam a atenção nos primeiros episódios. Socialmente desajeitados, não foi surpresa que esta dupla viessem a se tornar roommates e tenham apresentado o início de uma linda amizade. O britânico se mostra dono de um coração maravilhosamente bondoso, quebrando cada barreira da aventureira Valentina. Com o passar da temporada, Ellen perdeu um pouco do seu brilho, pois pareceu repetitivo seus problemas em ser sociável.

Valentina e Sid são, até o momento, personagens alicerces para a dupla de protagonista como melhores amigos, mas nem por isso deixam de encantar. Com eles, as coisas já começam a ser mais profundas, com Sid vivendo um noivado à distância e Valentina sendo um espírito livre que está se apaixonando por Charlie.

Na minha humilde opinião, Sid ainda não mostrou a que veio, pois seu foco foi só no investimento do bar e em como fazer o relacionamento à distância dar certo. Já Valentina entregou tudo e mais um pouco, sendo com certeza a melhor personagem da série até agora.

Ela começa como alguém desapegada, mas vai mostrando sua fidelidade às amizades e em como enxerga o amor de modos não convencionais, terminando a temporada como alguém totalmente diferente de como começou.

Temos sim um casal protagonista… por enquanto

Por último e não menos importante, Sophie e Jesse. A fotógrafa e o músico, ambos sem sucesso na carreira. Ela acredita no amor e ele teve uma proposta de casamento recusada em público por sua ex Meredith (Leighton Meester).

Durante a temporada, Sophie se envolveu com o fofo Drew (Josh Peck) que é chefe de Jesse, enquanto o rapaz desenvolveu uma paixão pela amiga.

A tensão sexual e amorosa de ambos era clara em How I Met Your Father. Jesse foi o modelo da primeira grande foto que Sophie colocou em uma exposição, foto que no ano de 2040 está na parede da casa dela. E, nos três últimos episódios, tudo acontece!

Sophie sente que Drew não é para ela. Jesse toma atitude e diz que ele é o certo, eles se beijam. Sophie termina com Drew e ambos acabam juntos na cama! Sim, resumo de dois episódios em duas linhas. Este claramente era o sinal de que Jesse é o pai…

Maaaaaas anos de experiência com a série precursora me fez ansiar pela queda na season finale. E ela veio com tudo!

Um final de temporada sem defeitos!

Para não dizer que não falei dos outros e que eles não são importantes. Charlie não quer ter filhos e Valentina quer. Isso os leva a um término precoce e de partir o coração, depois da moça ter se entregado tanto. Sid e a noiva Hannah (Ashley Reyes) ficam em dúvidas com a distância e sobre o casamento ser muito caro. Porém, em uma impulsividade, se casam no cartório. Já Ellen ficou totalmente apagada, iniciando um relacionamento com uma vizinha.

Agora vamos a essência de tudo, Sophie e Jesse. O rapaz diz “eu te amo” dormindo e isso assusta Sophie. Isso por si só já é um aceno à série mãe. Mas nada melhor que a única, inesquecível e poderosa que passou pelo mesma situação, Robin Scherbatsky (Colbie Smulders), surgir no último episódio para dar conselhos para Sophie e relembrar o que ela havia perdido por surtar com alguém que disse o mesmo no primeiro encontro.

O diálogo todo é pesado e de tirar o fôlego, pois todos sabemos que ela poderia ter sido a mãe da série se tivesse se entregado. Sophie ouviu o conselho e correu para se desculpar pelo surto com o Jesse, mas já era tarde demais e ele estava beijando a ex Meredith.

No fim, Sophie está sozinha e de coração partido na sua primeira exposição, com a foto de Jesse lá. Mas, nos últimos segundos, temos o retorno de Ian, aquele que foi embora no primeiro episódio e nos deixa com aquela pulga atrás da orelha de “será que ele é o pai?”.

Imagem: Divulgação.

Voltamos na próxima temporada!

Eu agradeço por a série já ter sido renovada para uma segunda temporada. E mais agradecido ainda por chegar à conclusão de que How I Met Your Father tem qualidade o suficiente para sair da sombra de sua antecessora e ser tão grande quanto.

Além de ser muito mais próxima da realidade que a maioria das comédias românticas, nos traz também uma diversidade que se aproxima da verdadeira inclusão, sem forçar temas ou tratar como especiais. É uma série com humor delicado e pessoal, só para quem está aberto a se apegar de verdade e rir como se fosse amigo dos seis envolvidos.

E, se você der essa chance, encontrará uma série que pode ocupar um espaço esquecido no seu coração. Conte para nós do Mix de Séries o que você achou de verdade.

Nota: 4.5/5

Sobre o autor
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Arthur Gonçalves

Publicitário e roteirista amador que é praticamente uma wikipédia de séries.

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