Crítica: Killing Eve é deslumbrante e mostra o melhor de Sandra Oh em tela
Crítica da primeira temporada de Killling Eve, série da BBC America estrelada por Sandra Oh.
TEXTO COM SPOILERS DA PRIMEIRA TEMPORADA DE KILLING EVE!
Quando escrevi a crítica do primeiro episódio de Killing Eve no começo de abril, atribuí à série os adjetivos “apaixonante” e “viciante”. É difícil avaliar uma série com apenas um episódio, mas minha aposta não poderia estar errada. Oito episódios depois, estou aqui reafirmando que Killing Eve é mesmo viciante, apaixonante, além de acrescentar: é sim, uma das melhores séries do ano.
Na trama, baseada na série de livros Codinome Vilanelle, vimos um jogo de gato e rato sofisticado, com sutis características que já nos foram apresentadas nas melhores tramas britânicas sobre espionagem. Isso porque, no arco central, temos uma ex-funcionária da MI5 trabalhando de “freelancer” para pegar uma assassina russa implacável. Claro, essa poderia ser muito bem a história de qualquer filminho bluckbuster, mas Killing Eve tem um charme à parte que poucas produções têm.
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O poder é delas!
Nem preciso rasgar seda para a interpretação de Sandra Oh, que será eternamente lembrada por Grey’s Anatomy. Aqui, ela deu vida à Eve do título da série. Mas sabe, eu poderia muito bem riscar essa frase anterior uma vez que, durante os oito episódios desta temporada de estreia, você mal se lembra que Oh já passou pela série médica de sucesso.
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A atriz encarnou a personagem com maestria, e trouxe ao longo desta rápida jornada alguns momentos icônicos. Quando ela se depara, pela primeira vez, com uma das vítimas da assassina no hospital, ou quando ela tenta se convencer de que não está obcecada por sua antagonista… Momentos icônicos que, certamente, poderiam render um Emmy para Sandra Oh sem pestanejar.
O mesmo digo de Jodie Comer, que abrilhantou a trama com suas caras psicóticas. Dar vida à Villanelle, sem dúvidas, é um desafio. E Comer fez parecer fácil. Ela simplesmente encarnou uma assassina fria, engraçada, e que às vezes nos engana ao parecer inocente. É como se o roteiro, somado à atuação de Comer, nos quisesse convencer de que é não é difícil se tornar obcecado pela vilã da história.
Uma trama que disse a que veio…
Acho que o mais interessante de maratonar Killing Eve é a forma como a história te conduz, entre os episódios, ao inevitável encontro das protagonistas. E quando você acha que isso poderia ficar para o final, a série nos proporcionou isso logo no início.
Na história, Vilanelle é uma assassina profissional, contratada por um grupo chamado “Os Doze”, que é perseguido pela Inteligência Russa e pela divisão da MI5 britânica. Ambas juntam forças para rastrear a assassina, até que Eve se vê no seu caminho, e passa a ficar obcecada pela forma como a assassina age.
O fascínio de Eve por Villanelle é extremamente importante, a ponto de colocar nossa mocinha em situações extremamente perigosas. Mesmo que ela não se dê conta disso. Um exemplo, é a cena em que Eve para o carro – durante uma fuga de Vilanelle – para confrontá-la. Neste momento, a assassina viu que estava lidando com alguém diferente. Alguém que mexesse com ela em todos os sentidos. E é mais ou menos isso que acontece também com Eve. Logo em seguida, na cena onde as duas jantam juntas, elas demonstram – de maneiras que só um bom espectador vai notar – que elas queriam mesmo era se conhecerem. Se desvendarem juntas. E isso é um dos grandes baratos da série. Mas preciso lembrar que nada disso seria possível, sem os empenhos de Oh e Comer, que parecem se completar a cada cena.
Humor e reviravoltas completam os ingredientes!
Killing Eve também teve momentos surpreendentes, como por exemplo a cena em que o parceiro de Eve é morto no meio de uma boate, ou a partir do momento que descobrimos que a “chefe” de Eve estava um passo a frente e escondendo detalhes significantes da protagonista. Em meio a isso, tivemos doses de humor homeopáticas, que fizeram as características de Eve serem um charme à parte.
Na reta final, a partir do episódio 06, você já está totalmente imerso à busca de Eve pela assassina. Além disso, abraçado por um elenco de apoio caloroso – a equipe de Eve, que merece mais destaque na segunda temporada – as pistas são jogadas ao espectador através dos mocinhos, mas fazendo nos sentir sempre um passo na frente, uma vez que temos total dimensão da história de Villanelle junto ao seu rastro de sangue.
Já no último episódio, quando o final nos leva ao inevitável, temos Villanelle e Eve, deitadas juntas em uma cama, apenas descansando e desfrutando do prazer de que foi estarem em um mesmo quarto, após tudo o que viveram. Eve, obcecada em pegar Villanelle, enquanto essa adquiriu um fascínio em ser perseguida por Eve.
Em uma reviravolta surpreendente, quando achávamos que a assassina mataria a sangue frio sua rival (e amor platônico), temos Eve esfaqueando Villanelle, em uma grande cena que mostra como a espiã se rendeu ao charme da assassina, a ponto de fazer o que ela mais abominava – matar. Por sua sorte (ou não), Villanelle é dura na queda e consegue escapar, em um final que nos deixa curioso e ansiando novos episódios, que virão em uma segunda temporada que promete fortes emoções.
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Killing Eve é uma série perfeita para maratonar. Curta, direta e espetacular. Um prato cheio para quem gosta de produções de espionagem, suspense e bom drama. É como se entrássemos no ímã de atração que conduz a trama da série.
Afinal, quem não quer ficar contemplando o poder de Sandra Oh?