Como de costume, Law & Order Organized Crime não começou bem. Narrativa morna e pouca criativa para bancar um já exausto gênero explorado pela TV aberta. Ficaria, portanto, sob responsabilidade dos episódios seguintes mostrar que há sim muita coisa boa vindo aÃ. A boa notÃcia é que o especial de dois episódios exibidos na última semana nos Estados Unidos fez exatamente isso. É um alÃvio para quem, assim como eu, pensou que vinha aà mais uma leva de episódios difÃcil de engolir.
Em New World Order e The Outlaw Eddie Wagner, temos continuidade da missão de Stabler (Chris Meloni) de infiltrar e coletar informações de uma notória famÃlia do crime albanesa. A boa notÃcia é que tudo fica ainda mais intenso ao mesmo tempo que o detetive ganha a confiança de membros chave da dinastia. Há uma conexão instantânea (e um tanto perigosa) com Flutura (Lolita Davidovich), matriarca do clã. Assim como a descoberta de um segredo delicioso de Albi Briscu (Vinnie Jones), o chefe do grupo.
Law & Order Organized Crime aposta no que funciona
A série possui uma arma infalÃvel: seu protagonista, Elliot Stabler. Pode parecer óbvio fazer tal afirmação, mas quem assistiu a primeira temporada, sabe que existiu um tentativa do roteiro em transformar personagens desinteressantes em protagonistas. O foco que o personagem ganhou nesses dois episódios foi um grande acerto. O ator, por sua vez, dá conta das cenas de ação (o que é a quela forma fÃsica, produção?), assim como dos momentos mais dramáticos.
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Outro pilar importante que Law & Order Organized Crime também explora com inteligência é Ayanna Bell. O papel é outro que foi um tanto negligenciado no primeiro ano, mas que até aqui é uma força particular. Confesso que não conhecia a sua intérprete, Danielle Moné Truitt, que foi uma das melhores e maiores revelações da morna temporada 2020-2021 da TV americana. É particularmente ver uma atriz negra ganhando espaço e relevância numa série policial. Além disso, ter a personagem se afirmar e reafirmar como uma mulher negra e lésbica é de um vanguardismo importantÃssimo nesses tempos.
Arestas desajustadas
Se os protagonistas são as principais armas para fazer com que Law & Order Organized Crime funcione, suas ideias estrambólicas, à s vezes são fatores negativos. Foco, portanto, na tal carta que voltou a pauta entre Stabler e Olivia (Mariska Hargitay). O Mix de Séries publicou há algumas semanas a promessa de Christopher Meloni de revelar ‘logo no inÃcio da temporada’ o conteúdo da carta. Como esperava, foi uma história extremamente frustrante. Primeiramente porque Stabler estava drogado e segundo porque não apresentou nada de novo.
Eles ficaram mais perto de um beijão. Ficaram. Mas teve o beijão? Não. Por isso, exatamente por isso, que não faz sentido ficar alimentando essa fantasia na cabeça dos fãs e não fazer nada para realiza-la. A arte da conquista é deliciosa, mas numa série cujo foco é esse. Não estamos em Bridgerton ou em Casamento às Cegas. Todos queremos que Stabler e Olivia ficam juntos. Então é muito simples: ou faz acontecer ou deixa isso de lado.
E mais…
Outro problema que Law & Order Organized Crime precisa focar são as tramas paralelas. Foi incrÃvel ver a participação especial de Ellen Burstyn. Acredito até que pode vir a render uma indicação ao Emmy para a atriz. Contudo, é preciso de atenção e dedicação. Vinte minutos numa sequência de dois episódios não será suficiente. Tampouco para explorar como é a vida de uma famÃlia com um idoso com Alzheimer. A série não é focada nisso, nós sabemos disso. Mesmo assim, é preciso ter respeito e visão ao tratar de um tópico tão importante.
Em suma, temos um bom episódio. Ou melhor, dois bons episódios. Law & Order Organized Crime se mostra num bom caminho e determinada a acertar. Esperamos que seja uma tônica deste segundo ano.