22ª temporada de Law & Order: SVU foi mediana… mas existe razão

Na sua 22ª temporada, Law & Order: SVU entrega um ano bastante mediano impactado pela pandemia. Mas essa é uma boa desculpa?

Law & Order - SVU, Guardians and Gladiators
Imagem: NBC / Divulgação

Quando olho para a 22ª temporada de Law & Order: SVU deveria reconsiderar. “Ah, foi um ano meia-boca por causa da c 0 v i d“. Realmente, toda a indústria foi afetada pela pandemia. Contudo, não acredito que isso deva ser uma desculpa para justificar a entrega de um material não tão bom ou pouco refinado. Guardadas as devidas ressalvas, Grey’s Anatomy se superou com um ano bastante diferente, a qual absorveu a peste. Assim como Blue Bloods e, principalmente, The Conners.

Há potencial, portanto, e desde já peço desculpas pelo meu clichê, de “fazer limões bem azedos numa limonada deliciosa”. Vejamos o primeiro exemplo: máscaras. Pode parecer algo pequeno, mas me incomodou profundamente ver os personagens usando o EPI de forma equivocada. Sem contar com as diversas vezes que eles simplesmente ignoraram apesar de sequências na rua ou com aglomeração. É sempre importante lembrar que a série está situada na cidade de Nova York, devastada pela primeira onda do vírus.

Imagem: NBC / Divulgação

Quente e frio

Além da péssima mensagem e mau exemplo em tempos pandêmicos, a temporada se mostrou um antônimo de regularidade. Ora entregava episódios incríveis, como a Season Premiere, ora péssimos e sem o menor sentido, como “The Only Way Out Is Through“. Seria preciso, talvez, mais tempo para organizar as ideias. Colocar os pés no chão e esquematizar a mensagem. “O que queremos / vamos explorar nesses tempos difíceis?”.

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Nada disso. Seguiu-se uma ideia de ir trabalhando com o tempo. Se vai fazer sentido? Resolve-se depois. Mas vai se encaixar lá no futuro? Vê-se mais para frente.

Os roteiristas estavam trabalhando quando a pandemia devastava a população de Nova York, tal qual sua economia. Da mesma forma que esses profissionais acompanharam as marchas de justiça pelo assassinato de George Floyd. Contudo, não acredito que a temporada foi capaz de incorporar esse momento singular nas suas narrativas. Muito pelo contrário. Ressalvados certos momentos, a impressão é que Law & Order: SVU estava vivendo num mundo pós-pandemia.

Imagem: NBC / Divulgação

Como melhorar?

O primeiro passo para uma 23ª temporada diferente e melhor é entender o mundo ao redor. Como é essa cidade que está em reconstrução? É realmente melhor e mais compreensiva como alguns profetizaram no ano passado? E essa sociedade que “voltará ao normal”, como ela está de saúde mental? Está plenamente recuperada, financeiramente e emocionalmente? Com certeza não. Espero, portanto, que a série aborde essa perspectiva quando voltar com episódios inéditos.

Além disso, lembro que certamente há um represamento no número de abusos de idosos, crianças e mulheres em razão da pandemia. Não seria incrível, dramaticamente falando, explorar que tipo de cidade e sociedade os agentes da Unidade de Vítimas Especiais vão lidar? Lembro, por fim, que Nova York está à beira de eleger seu primeiro ex-policial como prefeito em meio a escalada espantosa de homicídios, roubos e crimes similares. Espero, realmente, que Law & Order: SVU incorpore esse novo momento no futuro.

Imagem: NBC / Divulgação

Episódios notáveis

Apesar dos problemas, eu gostaria de lembrar ao leitor que nem tudo foram problemas. Destaco, portanto, quatro episódios que me conquistaram nessa 22ª temporada. Começo com o Season Premiere, “Guardians and Gladiators“, que trouxe uma mea culpa incrível de uma série que marcou época e ainda dita tendências do que uma boa produção policial precisa fazer. É verdade que essa mágica foi logo se esfarelando, mas é um episódio digno de ver e rever.

Outro momento notável foi “Turn Me On, Take Me Private“, onde o roteiro incorporou as novidades da pandemia num episódio angustiante e eletrizante. Seguido de “Welcome To The Pedo Motel“, cujo título já indica tudo o que você precisa saber.

Por fim, recomendo “In The Year We All Fell Down“, que é surpreendente, emocionante e inesquecível em todos os sentidos. Não quero dar spoilers, confesso, mas permita-me lembrar que meu apreço vem pelo fato, novamente, do drama ter incorporado os efeitos da pandemia na sociedade. Principalmente na cidade de Nova York.

E então, qual a sua opinião sobre a temporada? Deixe nos comentários e continue acompanhando as novidades aqui no Mix de Séries.

Sobre o autor

Bernardo Vieira

Redação

Bernardo Vieira é um jornalista que reside em São José, Santa Catarina. Bacharel em direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina, jornalista e empreendedor digital, é redator no Mix de Séries desde janeiro de 2016. Responsável por cobrir matérias de audiência e spoilers, ele também cuida da editoria de premiações e participa da pauta de notícias diariamente, onde atualiza os leitores do portal com as mais recentes informações sobre o mundo das séries. Ao longo dos anos, se especializou em cobertura de televisão, cinema, celebridades e influenciadores digitais. Destaques para o trabalho na cobertura da temporada de prêmios, apresentação de Upfronts, notícias do momento, assim como na produção de análises sobre bilheteria e audiência, seja dos Estados Unidos ou no Brasil. No Mix de Séries, além disso, é crítico dos mais recentes lançamentos de diversos streamings. Além de redator no Mix de Séries, é fundador de agência de comunicação digital, a Vieira Comunicação, cuido da carreira de diversos criadores de conteúdo e influenciadores digitais. Trabalha com assessoria de imprensa, geração de lead, gerenciamento de crise, gestão de carreira e gestão de redes sociais.